Questões de Concurso Público IFB 2016 para Técnico em Laboratório - Biologia
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Leia o texto a seguir, a fim de resolver a questão:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!)
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Leia o texto a seguir, a fim de resolver a questão:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!)
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Leia o texto a seguir, a fim de resolver a questão:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!)
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Uma crônica pode ser, também, um texto de opinião: expressar a posição do autor/cronista diante dos fatos do cotidiano. Para essa construção, usa-se o argumento e/ou o contra-argumento. Em alguns dos trechos seguintes, há marcas argumentativas. Observe-as:
I) “O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. ”
II) “Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...”
III) “Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!). ”
IV) “Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? ”
V) “Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. (...)
Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. ”
Agora, escolha a opção que apresenta a indicação CORRETA sobre essas marcas argumentativas:
Leia o texto a seguir, a fim de resolver a questão:
DIGA NÃO AOS LIVROS
Tenho saudades do tempo em que ainda não havia aprendido a ler. A vida era tão mais leve, entre brincadeiras à sombra dos laranjais. Não precisava ficar debruçado sobre cartilhas e cadernos, horas sem conta, espremendo o cérebro (é verdade que ainda bem pequeno) para descobrir o que aquela professora meio megera, meio bruxa, queria que eu fizesse com letras e números.
Mal sabia eu o quanto ainda era um paraíso aquele conjunto de palavras meio desordenado e sem sentido! O Ivo que via a uva, o macaco matuto comendo mamão e o papai que passava pomada na panela eram companheiros numa amizade sem conflitos nas páginas coloridas da cartilha, com uma graça forçada, igual ao sorriso amarelo que damos após uma gafe monumental. Mas o Ivo, o macaco e o papai se davam muito bem, porque não precisavam ter coesão nem coerência, palavrinhas infernais que aprendi a pronunciar mais tarde nas aulas de redação. E que nunca soube muito bem para que serviam...
Hoje, após muita reflexão e experiência, concluo que as atividades de ler e escrever deveriam ser banidas do currículo das escolas. Afinal, se as estatísticas sobre o assunto e todas as provas de leitura e língua a que se submetem os alunos brasileiros sempre acabam em números mínimos e vergonhosos, por que insistir nisso? Veja bem: os governantes não ignoram as pesquisas sobre os problemas da cidade ou sobre o valor do salário mínimo quando elas dão resultados irrisórios? Então... Vamos fazer o mesmo com a leitura e a escrita. Ah, e também com a matemática (por sinal, dispensável depois que inventaram a calculadora!)
Acho que os estudantes ficariam muito mais contentes se não precisassem ler. Principalmente se fosse para adquirir o tal de conhecimento sobre o mundo. Acho desnecessário saber sobre o mundo. Acho que nunca vou sair da minha cidade: para que me serviria o mundo? Se for para saber sobre a história, também dispenso a leitura. Nada tenho a ver com gente antiga e com acontecimentos já terminados. A vida começa hoje, e toda a história começa e termina comigo.
Se for para aprender sobre mim mesmo, como os professores insistem em dizer quando falam da leitura da literatura, continua dispensando. Já me conheço o suficiente: todos os meus gostos e preferências eu já conheço. Se tenho alguma dúvida, ela é resolvida no meu grupo. Porque o que meus amigos e eu decidimos, todos adotamos. Não tenho nada a esconder. Afinal, querer um carrão, uma casa bonita, férias na praia e um carrinho cheio no supermercado todos querem. E não precisam de estudo para isso. Podem conseguir com um pouco de sorte na loteria. Claro que fica mais fácil se o sujeito dá a sorte de virar cantor, ou se aprender a jogar futebol com alguma qualidade. Aí, então, analfabetismo vira charme, diferencial, pitoresco.
Dizem que devo ler para, ao menos, saber do que se passa na cidade, pertinho de mim. Para que me serve saber das notícias? Elas acontecem sem minha participação. E vão continuar acontecendo. Só me interessa o resultado do futebol. O resto é preocupação que não preciso ter.
Nem sei por que continuo indo à escola. Meus pais dizem que é para que eu tenha uma vida melhor que a deles. De que adianta? Eles estudaram mais que eu e, no entanto, dão um duro danado para sustentar a família. Se estudar é tão importante, por quê é que os outros desvalorizam o trabalho dos que passaram vários anos estudando e lendo um monte de textos?
Outro dia fiquei sabendo que um ex-colega de escola conseguiu emprego numa livraria. É esquisito como tem gente que põe dinheiro nesse tipo de comércio. Passei lá nessa loja por acaso e entrei para falar com o cara. É verdade que tinha uns livros bonitos nas prateleiras... Parecia coisa de muito luxo e importância. Abri um deles e li um pedaço de uma página. Não entendi nada: algumas palavras eu conhecia, mas as frases não faziam sentido para mim. Achei um desperdício de papel e tinta: de que serve um livro se as pessoas não conseguem entender o que lêem? O colega falou que isso era porque eu não sabia ler. “Como não?”, respondi. “Tenho até diploma que diz que fui alfabetizado!” Aí ele me disse uma coisa que me deixou muito impressionado. “Pior analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê!” Me senti ofendido. Mas, dentro de mim, reconheci que ele estava certo. Mas eu não estava ali para dar a ele o gostinho do acerto. Saí da livraria de cabeça erguida, dizendo que livro que não se entende é coisa mais que inútil. E livraria é lugar de gente que não tem, ou que não sabe, o que fazer na vida. Melhor que livro são os games. Melhor que os games, só o rock. Melhor que eles é a azaração. Ler para quê?
A experiência acumulada sobre os malefícios da leitura em meus anos de vida me deram a idéia de criar um movimento de alerta para meus amigos, e até para os inimigos. Eles estão indo na conversa dos mais velhos. Ficam na dúvida e começam a pensar que a leitura e o estudo podem lhes trazer benefícios futuros. Vou criar uma associação dos inimigos da leitura que terá como palavra de ordem “Abaixo os livros!” Tenho certeza de que muitos virão se unir a mim. Penso que só assim acabaremos com essa farsa de civilização, história e cultura.
O que vale mesmo é a azaração. O resto é silêncio. Palha.
(COSTA, Marta Morais da. Mapa do mundo: crônicas sobre leitura. Belo Horizonte: Leitura, 2006.)
Escolha, agora, a opção adequada de cima para baixo:
Os dois poemas seguintes, de Manuel Bandeira e de Carlos Drummond de Andrade, são as referências para a questão:
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no
[morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)
SOCIEDADE
O homem disse para o amigo:
— Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebe e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
— Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
— Ora essa, era o que faltava:
E a mulher ajunta: — Que idiota.
— A casa é um ninho de pulgas.
— Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.)
Os dois poemas seguintes, de Manuel Bandeira e de Carlos Drummond de Andrade, são as referências para a questão:
POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no
[morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)
SOCIEDADE
O homem disse para o amigo:
— Breve irei a tua casa
e levarei minha mulher.
O amigo enfeitou a casa
e quando o homem chegou com a mulher,
soltou uma dúzia de foguetes.
O homem comeu e bebeu.
A mulher bebe e cantou.
Os dois dançaram.
O amigo estava muito satisfeito.
Quando foi hora de sair,
o amigo disse para o homem:
— Breve irei a tua casa.
E apertou a mão dos dois.
No caminho o homem resmunga:
— Ora essa, era o que faltava:
E a mulher ajunta: — Que idiota.
— A casa é um ninho de pulgas.
— Reparaste o bife queimado?
O piano ruim e a comida pouca.
E todas as quintas-feiras
eles voltam à casa do amigo
que ainda não pôde retribuir a visita.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.)
As três afirmações seguintes, dizem respeito ao segundo poema, em comparação com o primeiro:
I) Há mais orações subordinadas no poema de Drummond.
II) Somente no poema de Drummond há o discurso direto.
III) Nos dois poemas, há frases formadas com verbos intransitivos.
Agora, indique qual opção abaixo é a CORRETA:
Leia o próximo texto para resolver a questão:
LEITURA NAS DIVERSAS DISCIPLINAS
Heloisa Amaral
O ensino, na escola, não existe sem a leitura. Ou é leitura direta pelo aluno, ou explicações do professor sobre textos que ele, o professor, leu. Ou seja, a linguagem falada pelo professor é uma didatização do conhecimento acumulado pela escrita (em letras ou números e sinais) na disciplina que ele leciona. Quando a fala é uma transposição de leituras, ela não é uma fala similar a uma conversa casual, como as que usamos no cotidiano. Ao contrário, está carregada de conceitos e de relações complexas entre os conceitos provenientes de estudos sobre os diferentes conhecimentos, seja qual for a matéria que esteja sendo ensinada. E em geral é preciso acrescentar, para complementar as aulas expositivas ou dialogadas feitas pelos professores, textos (didáticos ou não) relacionados às disciplinas ministradas.
Assim, o que se tem como prática constante em todas as disciplinas escolares é a leitura de textos. Antes ou depois da aula expositiva, leituras. Leitura de textos escritos, de imagens, de gráficos, mas leitura. Isso significa que sem desenvolver capacidades de leitura o aluno não consegue aprender as disciplinas escolares na dimensão proposta pelos conteúdos programáticos. Significa, também, que os professores das diversas disciplinas precisam ensinar o aluno a ler os gêneros próprios de suas matérias, uma vez que eles são gêneros textuais produzidos de forma particular em cada área de conhecimento. Ler literatura, por exemplo, não é o mesmo que ler enunciados de problemas; ler textos de história não é o mesmo que ler gráficos em geografia. O aluno não lê textos de cada uma das disciplinas com facilidade sem ter compreendido os conceitos e as relações entre eles, do modo particular como são abordados nelas. Seja qual for a disciplina, a leitura se dá de forma particular, e exige conhecimentos específicos para ser bem-sucedida.
Então, ler é uma competência indispensável para a aprendizagem em cada uma das áreas, uma competência que precisa ser ensinada pelos professores de cada uma delas. Mas, o que é necessário para que os alunos leiam verdadeiramente em qualquer disciplina, compreendendo o que leem? A compreensão dos textos de diferentes gêneros está relacionada a dois aspectos: primeiramente, à natureza dos próprios textos e, em segundo lugar, às capacidades de leitura desenvolvidas pelo leitor.
Em primeiro lugar, não há como ler textos, gráficos ou imagens, sem ter compreendido bem a natureza dos gêneros textuais das diferentes áreas de conhecimento, ou seja, a situação particular em que textos, gráficos ou imagens foram produzidos. A situação de produção de um texto é sempre histórica, isto é, está ligada ao momento histórico atual e, ao mesmo tempo, faz referências a um conhecimento produzido em um dado momento da história da humanidade. Em matemática, por exemplo, o professor pode ensinar a situação de produção de um gênero textual matemático trabalhando com o nascimento de conceitos a eles relacionados, registrados na história da matemática.
Em segundo lugar, não há leitores que leiam bem sem ter suas capacidades de leitura, necessárias para ler qualquer gênero de texto, bem desenvolvidas. As capacidades de leitura, portanto, podem e devem ser desenvolvidas em qualquer disciplina escolar. (...)
Publicado originalmente no site da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
(Disponível em: https://dialogosassessoria.wordpress.com/2014/09/11/leitura-nas-diversas-disciplinas/)
O texto aborda a importância de uma leitura eficiente. Isso ocorre quando o leitor age ativamente, diante de um texto. Uma forma de conseguir isso é procurar compreender, com detalhes, o que se lê. Isso pode partir do significado de uma palavra e observar, a partir daí, os encadeamentos sintáticos mais completos, a fim de construir um sentido coerente.
Por conta disso, marque a opção INCORRETA quanto à explicação sobre as relações sintáticas do seguinte período: “Quando a fala é uma transposição de leituras, ela não é uma fala similar a uma conversa casual, como as que usamos no cotidiano.”
Leia o próximo texto para resolver a questão:
LEITURA NAS DIVERSAS DISCIPLINAS
Heloisa Amaral
O ensino, na escola, não existe sem a leitura. Ou é leitura direta pelo aluno, ou explicações do professor sobre textos que ele, o professor, leu. Ou seja, a linguagem falada pelo professor é uma didatização do conhecimento acumulado pela escrita (em letras ou números e sinais) na disciplina que ele leciona. Quando a fala é uma transposição de leituras, ela não é uma fala similar a uma conversa casual, como as que usamos no cotidiano. Ao contrário, está carregada de conceitos e de relações complexas entre os conceitos provenientes de estudos sobre os diferentes conhecimentos, seja qual for a matéria que esteja sendo ensinada. E em geral é preciso acrescentar, para complementar as aulas expositivas ou dialogadas feitas pelos professores, textos (didáticos ou não) relacionados às disciplinas ministradas.
Assim, o que se tem como prática constante em todas as disciplinas escolares é a leitura de textos. Antes ou depois da aula expositiva, leituras. Leitura de textos escritos, de imagens, de gráficos, mas leitura. Isso significa que sem desenvolver capacidades de leitura o aluno não consegue aprender as disciplinas escolares na dimensão proposta pelos conteúdos programáticos. Significa, também, que os professores das diversas disciplinas precisam ensinar o aluno a ler os gêneros próprios de suas matérias, uma vez que eles são gêneros textuais produzidos de forma particular em cada área de conhecimento. Ler literatura, por exemplo, não é o mesmo que ler enunciados de problemas; ler textos de história não é o mesmo que ler gráficos em geografia. O aluno não lê textos de cada uma das disciplinas com facilidade sem ter compreendido os conceitos e as relações entre eles, do modo particular como são abordados nelas. Seja qual for a disciplina, a leitura se dá de forma particular, e exige conhecimentos específicos para ser bem-sucedida.
Então, ler é uma competência indispensável para a aprendizagem em cada uma das áreas, uma competência que precisa ser ensinada pelos professores de cada uma delas. Mas, o que é necessário para que os alunos leiam verdadeiramente em qualquer disciplina, compreendendo o que leem? A compreensão dos textos de diferentes gêneros está relacionada a dois aspectos: primeiramente, à natureza dos próprios textos e, em segundo lugar, às capacidades de leitura desenvolvidas pelo leitor.
Em primeiro lugar, não há como ler textos, gráficos ou imagens, sem ter compreendido bem a natureza dos gêneros textuais das diferentes áreas de conhecimento, ou seja, a situação particular em que textos, gráficos ou imagens foram produzidos. A situação de produção de um texto é sempre histórica, isto é, está ligada ao momento histórico atual e, ao mesmo tempo, faz referências a um conhecimento produzido em um dado momento da história da humanidade. Em matemática, por exemplo, o professor pode ensinar a situação de produção de um gênero textual matemático trabalhando com o nascimento de conceitos a eles relacionados, registrados na história da matemática.
Em segundo lugar, não há leitores que leiam bem sem ter suas capacidades de leitura, necessárias para ler qualquer gênero de texto, bem desenvolvidas. As capacidades de leitura, portanto, podem e devem ser desenvolvidas em qualquer disciplina escolar. (...)
Publicado originalmente no site da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
(Disponível em: https://dialogosassessoria.wordpress.com/2014/09/11/leitura-nas-diversas-disciplinas/)
Observe o trecho:
“Ao contrário, (a fala) está carregada de conceitos e de relações complexas entre os conceitos provenientes de estudos sobre os diferentes conhecimentos, seja qual for a matéria que esteja sendo ensinada ”.
No que diz respeito aos casos de concordâncias verbal e nominal, está correto afirmar:
Leia o próximo texto para resolver a questão:
LEITURA NAS DIVERSAS DISCIPLINAS
Heloisa Amaral
O ensino, na escola, não existe sem a leitura. Ou é leitura direta pelo aluno, ou explicações do professor sobre textos que ele, o professor, leu. Ou seja, a linguagem falada pelo professor é uma didatização do conhecimento acumulado pela escrita (em letras ou números e sinais) na disciplina que ele leciona. Quando a fala é uma transposição de leituras, ela não é uma fala similar a uma conversa casual, como as que usamos no cotidiano. Ao contrário, está carregada de conceitos e de relações complexas entre os conceitos provenientes de estudos sobre os diferentes conhecimentos, seja qual for a matéria que esteja sendo ensinada. E em geral é preciso acrescentar, para complementar as aulas expositivas ou dialogadas feitas pelos professores, textos (didáticos ou não) relacionados às disciplinas ministradas.
Assim, o que se tem como prática constante em todas as disciplinas escolares é a leitura de textos. Antes ou depois da aula expositiva, leituras. Leitura de textos escritos, de imagens, de gráficos, mas leitura. Isso significa que sem desenvolver capacidades de leitura o aluno não consegue aprender as disciplinas escolares na dimensão proposta pelos conteúdos programáticos. Significa, também, que os professores das diversas disciplinas precisam ensinar o aluno a ler os gêneros próprios de suas matérias, uma vez que eles são gêneros textuais produzidos de forma particular em cada área de conhecimento. Ler literatura, por exemplo, não é o mesmo que ler enunciados de problemas; ler textos de história não é o mesmo que ler gráficos em geografia. O aluno não lê textos de cada uma das disciplinas com facilidade sem ter compreendido os conceitos e as relações entre eles, do modo particular como são abordados nelas. Seja qual for a disciplina, a leitura se dá de forma particular, e exige conhecimentos específicos para ser bem-sucedida.
Então, ler é uma competência indispensável para a aprendizagem em cada uma das áreas, uma competência que precisa ser ensinada pelos professores de cada uma delas. Mas, o que é necessário para que os alunos leiam verdadeiramente em qualquer disciplina, compreendendo o que leem? A compreensão dos textos de diferentes gêneros está relacionada a dois aspectos: primeiramente, à natureza dos próprios textos e, em segundo lugar, às capacidades de leitura desenvolvidas pelo leitor.
Em primeiro lugar, não há como ler textos, gráficos ou imagens, sem ter compreendido bem a natureza dos gêneros textuais das diferentes áreas de conhecimento, ou seja, a situação particular em que textos, gráficos ou imagens foram produzidos. A situação de produção de um texto é sempre histórica, isto é, está ligada ao momento histórico atual e, ao mesmo tempo, faz referências a um conhecimento produzido em um dado momento da história da humanidade. Em matemática, por exemplo, o professor pode ensinar a situação de produção de um gênero textual matemático trabalhando com o nascimento de conceitos a eles relacionados, registrados na história da matemática.
Em segundo lugar, não há leitores que leiam bem sem ter suas capacidades de leitura, necessárias para ler qualquer gênero de texto, bem desenvolvidas. As capacidades de leitura, portanto, podem e devem ser desenvolvidas em qualquer disciplina escolar. (...)
Publicado originalmente no site da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
(Disponível em: https://dialogosassessoria.wordpress.com/2014/09/11/leitura-nas-diversas-disciplinas/)
Quanto ao uso da crase, analise esta citação: “A compreensão dos textos de diferentes gêneros está relacionada a dois aspectos: primeiramente, à natureza dos próprios textos e, em segundo lugar, às capacidades de leitura desenvolvidas pelo leitor. ”
Agora, marque a melhor explicação sobre o tema em questão:
A leitura do próximo texto, de Paulo Leminski, é a base da questão:
O ASSASSINO ERA O ESCRIBA
Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
(LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983.)
Após a leitura e análise de todas as referências gramaticais usadas pelo autor para a
construção da história, é possível concordar com a seguinte afirmação: