Leia os trechos abaixo
“Ele examina o que é a verdade: e quanto a mim eu jamais duvidei dela, parecendo-me que é
uma noção tão transcendentalmente clara que é impossível ignorá-la. Com efeito, existem meios
de examinar uma balança antes de usá-la, mas não existiriam meios de aprender o que é verdade
se nós não a conhecêssemos naturalmente. Pois, que razão teríamos para aceitar o que delas
nos fosse ensinado, se nós não conhecêssemos já a verdade? Assim, pode-se explicar àqueles
que não compreendem a língua e lhes dizer que a palavra verdade, na sua significação própria,
denota a conformidade do pensamento com o objeto, mas que quando ela é atribuída às coisas
que existem fora do pensamento isto significa somente que estas coisas podem servir de objetos
a pensamentos verdadeiros, seja aos nossos, seja aos de Deus, mas não se pode dar qualquer
definição lógica que ajude a conhecer a sua natureza”. (DESCARTES, René. Correspondências.
Carta CLXXIV. Descartes comenta o Livro do Barão de Cherbury e escreve ao amigo Mersenne).
“Tenho certeza de que sou uma coisa pensante; mas não saberei também, portanto, o que é
requerido para ter certeza de uma coisa? Nesse primeiro conhecimento encontra-se apenas uma
clara e distinta percepção daquilo que conheço [..,] acredito que já posso determinar como regra
geral que todas as coisas que concebo mui clara e distintamente são verdadeiras”. (DESCARTES,
René. Meditações. Terceira meditação, § 2)