Como manejar o estresse no dia a dia
(Texto adaptado com fins didáticos.)
Outro dia, um membro da minha equipe apareceu para
uma reunião online com uma bolsa de gelo no rosto.
Assustado, perguntei a ele o que havia ocorrido. O rapaz
me respondeu que passara a noite pensando em um
projeto que deveria entregar para uma organização que
o havia contratado. Que, ao se levantar, no dia seguinte,
ainda estava tenso, com aquilo na cabeça, e que havia
"travado" a musculatura da face, o que o levara a sentir a
famosa dor dos nervos trigêmeos. Quando inflamam,
podem incapacitar uma pessoa.
Conto essa historinha (real) para ilustrar o quanto o
estresse joga contra a nossa saúde física, corporal e
mental. O exemplo desse profissional é o do que
chamamos de estresse agudo: aquele que nos acomete
quando algo fora do normal acontece; por exemplo,
quando o empregador anuncia que você deve entregar
uma tarefa para dali umas horas ou dias.
Já estresse crônico aquele que persiste por longo
período é ainda mais tóxico para a saúde. Vários
estudos têm mostrado que ele pode enfraquecer o nosso
sistema imunológico − tornando mais difícil nos
recuperarmos de alguma doença -, aumentar o risco de
doenças cardiovasculares, de problemas digestivos, de
pressão alta e até de depressão. Isso sem contar dores
de cabeça, fadiga, dores no corpo por tendermos a
contrair a musculatura, problemas com o sono e até
comprometimento da memória e da concentração. Ou
seja, o estresse pode ser altamente debilitante.
A questão que talvez nem todos saibam é que não é
possível nos livrarmos dele, porque estresse nada mais é
do que uma reação natural do corpo a uma situação de
perigo ou ameaça. Isso quer dizer que desde que os
humanos surgiram, em algum momento eles se viram
estressados.
Em pequenas doses, o estresse é até produtivo, pois nos
ajuda a estar preparados para o "leão" que temos de
matar todos os dias. Entretanto, vivemos em uma era de
grandes incertezas econômicas, sociais e ambientais.
Ninguém sabe mais se acordaremos com uma catástrofe
ambiental perto de nós ou se uma nova pandemia ou
recessão nos atingirão.
Nesses tempos que nos exigem grande capacidade de
responder rapidamente aos desafios que aparecem da
noite para o dia, só poderíamos ter como resultado
índices altíssimos de estresse crônico e agudo. Nos
EUA, segundo uma pesquisa da American Psychological
Association, 1 em cada 3 adultos diz sentir que o
estresse é opressor para eles na maioria dos dias.
Se não é possível tirá-lo para sempre da nossa vida, é
possível colocar rédeas nele, aprendendo a manejá-lo de
modo a que ele não nos domine.
Aproveito para apresentar aqui as minhas dicas.
1. Invista em uma atividade esportiva − Fazer um esporte
aeróbio reduz os níveis dos hormônios do estresse, ao
mesmo tempo em que libera substâncias químicas
capazes de melhorar o nosso bem-estar e humor.
2. Faça meditação − Pesquisas têm revelado que a
prática milenar alivia de forma significativa o estresse e a
ansiedade.
3. Faça uso da sua rede de apoio − Se o estresse tem
deixado você mal, procure fazer uso da sua rede de
apoio: amigos, família ou parentes com quem você têm
liberdade de se abrir. É possível que um conhecido seu
tenha passado por algo semelhante e possa dar a você
uma perspectiva útil.
4. Busque uma terapia − A terapia é uma ferramenta das
mais importantes (pode ser da linha que você quiser),
pois vai ajudá-lo a identificar o que, na sua vida, o tem
deixado mais estressado. É essencial decifrar o que o
faz dispará-lo, porque é bem possível que consigamos,
com a ajuda da terapia, mudar a nossa relação com essa
coisa que nos estressa ou mesmo abrir mão dela. Muito
melhor do que chegar no seu médico buscando um
calmante, não?
https://forbes.com.br/forbessaude/2024/09/arthur-guerra-como-manejar
-o-estresse-no-dia-a-dia/