TEXTO 1
Esse trânsito que maltrata
Fumaça, fuligem, ruído de motores, tédio,
cansaço, carros e ônibus que andam lentamente:
assim é o trânsito nas cidades grandes.
Principalmente nas primeiras horas da manhã,
quando as pessoas se dirigem ao seu local de
trabalho e, no fim da tarde, quando dele estão
voltando.
Além do tempo perdido, do gasto excessivo
de combustível e do aumento da poluição, esse
trânsito maltrata as pessoas: a ansiedade de
chegar logo acusa acidez no estômago; ficar
sentado muito tempo causa dores nas articulações;
inalar poluentes dá sonolência, dor de cabeça e
problemas respiratórios.
Todos são prejudicados: os que estão
confortáveis em seus automóveis e, mais ainda, os
que estão espremidos nos ônibus. E o principal
responsável por esse sofrimento são os automóveis
que ocupam as ruas e avenidas das cidades.
Para acomodar o crescente número de
automóveis, casas são demolidas, ruas são
alargadas, avenidas e viadutos são construídos, e
os estacionamentos invadem praças e parques, com
a derrubada de árvores centenárias e monumentos
históricos. Vale tudo para dar passagem a esse
deus dos tempos modernos.
Apesar de causarem tantos transtornos, os
automóveis carregam menor número de pessoas
que os transportes coletivos. Cada automóvel
costuma circular com uma ou duas pessoas,
enquanto um ônibus transporta, nas horas de
movimento, até oitenta passageiros em cada
viagem.
Os ônibus são o melhor transporte para as
cidades, e dele depende a maioria da população.
Apesar disso, as linhas são insuficientes, são mal
conservadas e os motoristas, mal pagos. O pior é
que o preço das passagens consome boa parte do
salário dos trabalhadores.
(Rocicler Martins Rodrigues. Cidades brasileiras : o
passado e o presente. São Paulo : Martins Fontes,
1992, p. 64.) (Fragmento adaptado).