Questões de Concurso Público Prefeitura de Pastos Bons - MA 2019 para Terapeuta Ocupacional
Foram encontradas 40 questões
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628000
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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Além do autor demonstrar um certo distanciamento da
temática aluno por parte dos professores e outros
profissionais de educação, o mesmo caracteriza a
seguinte ausência:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628001
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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Diante das ideias discutidas acerca do aluno, qual é o
ponto de vista do autor sobre a classe de educandos?
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
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IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
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IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628002
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões,
curiosos, querendo aprender, alunos como
companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar
e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total”. (3º
parágrafo)
O que essa afirmação dada pelo autor revela?
O que essa afirmação dada pelo autor revela?
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
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IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
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Q1628003
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
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A partir das ideias apontadas no texto, qual é a análise
nas instituições de ensino em relação ao
posicionamento indiferente dos profissionais de
educação diante da classe de estudantes?
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
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Q1628004
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“Fascinam-me esses universos que me tangenciam e
que, no entanto, estão distantes de mim”. (2º
parágrafo)
Segundo o autor, a maneira pela qual se pode ter contato com os universos que o tangenciam é:
Segundo o autor, a maneira pela qual se pode ter contato com os universos que o tangenciam é:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
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IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628005
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
log.pd
“Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de
Campinas para Rio Claro, onde eu era professor na
antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão
viajavam também muitos professores a caminho das
escolas onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e
falantes... Por anos escutei o que falavam”. (2º
parágrafo). Segundo o autor, os professores:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628006
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“Participei da banca que examinou uma tese de
doutorado cujo tema era os livros em que, nas escolas,
são registradas as reuniões de diretores e professores”.
(3º parágrafo)
Diante dessa participação, qual foi a conclusão do autor?
Diante dessa participação, qual foi a conclusão do autor?
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628007
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É
que nas conversas moram mundos diferentes do meu”.
(1º parágrafo)
De acordo com as ideias expostas no texto, as conversas:
De acordo com as ideias expostas no texto, as conversas:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628008
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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Qual outro meio que proporciona para que tal
sentimento de distância entre o universo do professor
e do aluno se intensifica mais ainda?
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628009
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual
o centro és tu e não eu”. (1º Parágrafo)
O termo em destaque pode ser substituído, sem que haja perda de sentido, por:
O termo em destaque pode ser substituído, sem que haja perda de sentido, por:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628010
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
log.pd
“Fascinam-me esses universos que me tangenciam e
que, no entanto, estão distantes de mim” (2º
parágrafo). O termo em destaque trata-se de um:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628011
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
log.pd
“Gosto de ouvir conversas para viajar por outros
mundos” (2º parágrafo).
Assinale a alternativa em que a preposição para possui o mesmo valor semântico da preposição em destaque no exemplo acima dado:
Assinale a alternativa em que a preposição para possui o mesmo valor semântico da preposição em destaque no exemplo acima dado:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628012
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram
criadas, para os quais diretores e professoras existem,
ausentes”. (3º parágrafo)
A palavra em destaque refere-se ao termo:
A palavra em destaque refere-se ao termo:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628013
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
log.pd
“Thomas Mann, no seu livro José do Egito, conta de
um diálogo entre José e o mercador que o comprara
para vendê-lo como escravo, no Egito”. (1º parágrafo)
A acentuação também está correta na seguinte forma verbal em destaque:
A acentuação também está correta na seguinte forma verbal em destaque:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Provas:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Psicólogo
|
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IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico |
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Médico Plantonista |
Q1628014
Português
Texto associado
Não é próprio falar sobre os alunos...
1 Gosto de ouvir conversas. Mania de psicanalista. É que nas conversas moram mundos diferentes do meu. Thomas Mann,
no seu livro José do Egito, conta de um diálogo entre José e o mercador que o comprara para vendê-lo como escravo, no
Egito: “Estamos a um metro de distância um do outro. E, no entanto, ao seu redor gira um universo do qual o centro és tu e
não eu. E ao meu redor gira um universo do qual o centro sou eu, e não tu.”
2 Fascinam-me esses universos que me tangenciam e que, no entanto, estão distantes de mim. Gosto de ouvir conversas
para viajar por outros mundos. Por vários anos eu viajei diariamente de trem, de Campinas para Rio Claro, onde eu era
professor na antiga Faculdade de Filosofia. No mesmo vagão viajavam também muitos professores a caminho das escolas
onde trabalhavam. Iam juntos, alegres e falantes... Por anos escutei o que falavam. Falavam sempre sobre as escolas. Era ao
redor delas que giravam os seus universos. Falavam sobre diretores, colegas, salários, reuniões, relatórios, férias, programas,
provas. Mas nunca, nunca mesmo, eu os ouvi falar sobre os seus alunos. Parece que no universo em que viviam não havia
alunos, embora houvesse escolas. Se não falavam sobre alunos é porque os alunos não tinham importância.
3 Participei da banca que examinou uma tese de doutorado cujo tema eram os livros em que, nas escolas, são registradas as
reuniões de diretores e professores. A candidata se dera ao trabalho de examinar tais reuniões para saber sobre o que falavam
diretores e professores. As coisas registradas eram as coisas importantes que mereciam ser guardadas para a posteridade. Nos
livros estavam registradas discussões sobre leis, portarias, relatórios, assuntos administrativos e burocráticos, eventos, festas.
Mas não havia registros de coisas relativas aos alunos. Os alunos, aqueles para os quais as escolas foram criadas, para os
quais diretores e professoras existem, ausentes. Não, não era bem assim: os alunos estavam presentes quando se constituíam
em perturbações da ordem administrativa. Os alunos, meninos e meninas, alegres, brincalhões, curiosos, querendo aprender,
alunos como companheiros dessa brincadeira que se chama ensinar e aprender –– sobre tais alunos o silêncio era total.
4 Essa ausência do aluno –– não do aluno a quem o discurso administrativo das escolas se refere como “o perfil dos nossos
alunos”, nem esse nem aquele, todos, aluno abstrato –– não esse mas aquele aluno de rosto inconfundível e nome único: esse
aluno de carne e osso que é a razão de ser das escolas. Ah, é importante nunca se esquecer disso: alunos não são unidades
bio-psicológicas móveis sobre os quais devem-se gravar os mesmos saberes, não importando que sejam meninos nas praias
do Nordeste, nas montanhas de Minas, às margens do Amazonas, ou nas favelas do Rio. Os alunos são crianças de carne e
osso que sofrem, riem, gostam de brincar, têm o direito de ter alegrias no presente, e não vão à escola para serem
transformados em unidades produtivas no futuro. E é essa ausência desse aluno de carne e osso que está progressivamente
marcando os universos que giram em torno da escola. Os professores não falam sobre os alunos.
5 Na verdade, não é próprio que os professores falem com entusiasmo e alegria sobre os alunos. Os alunos não são tema de
suas conversas. Acontece nas escolas primárias (ainda escrevo do jeito antigo porque não acredito que a mudança de nomes
mude a realidade...). Mas não só nelas. Lembro-me de uma brincadeira séria que corria entre os professores de uma de nossas
universidades mais respeitadas. Diziam os professores que, para que a dita universidade fosse perfeita, só faltava uma coisa:
acabar com os alunos... Brincadeira? Psicanalista não acredita na inocência das brincadeiras.
6 Com isso concordam os critérios de avaliação dos docentes, impostos pelos órgãos governamentais: o que se computa,
para fins de avaliação de um docente, não são as suas atividades docentes, relação com os alunos, mas a publicação de artigos
em revistas indexadas internacionais. O que esses critérios estão dizendo aos professores é o seguinte: “Vocês valem os
artigos que publicam: publish or perish”!
7 Num universo assim definido pelo discurso dos burocratas o aluno, esse aluno em particular, cujo pensamento é obrigação
do professor provocar e educar, se constitui num empecilho à atividade que realmente importa. Os raros professores que têm
prazer e se dedicam aos seus alunos estão perdendo o tempo precioso que poderiam dedicar aos seus artigos. “Aquele que é
um verdadeiro professor toma a sério somente as coisas que estão relacionadas com os seus estudantes – inclusive a si mesmo”
(Nietzsche). Eu sonho com o dia em que os professores, em suas conversas, falarão menos sobre os programas e as pesquisas
e terão mais prazer em falar sobre os seus alunos.
Extraído de:
http://www.aedmoodle.ufpa.br/pluginfile.php?file=%2F212282%2Fmod_resource%2Fcontent%2F1%2FDesejodeEnsinarB
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“A candidata se dera ao trabalho de examinar tais
reuniões para saber sobre o que falavam diretores e
professores”. (3º parágrafo)
Assinale a alternativa em que a palavra em destaque abaixo é também um substantivo Biforme:
Assinale a alternativa em que a palavra em destaque abaixo é também um substantivo Biforme:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Prova:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
Q1628015
Noções de Informática
No Microsoft Excel interpreta os operadores de
referência para combinar intervalos de células para
cálculos que contenham estes operadores. Por
exemplo: SOMA(B5:B15,D5:D15)
Sobre estes operadores faça a correta relação entre a Coluna 01 e Coluna 02:
Coluna 01
(1) : (dois-pontos) (2) , (vírgula) (3) (espaço)
Coluna 02
( ) Operador de união, que combina diversas referências em uma referência.
( ) Operador de intervalo, que produz uma referência para todas as células entre duas referências, incluindo as duas referências.
( ) Operador de interseção, que produz uma referência a células comuns a duas referências.
A combinação que preenche corretamente a coluna 02 é:
Sobre estes operadores faça a correta relação entre a Coluna 01 e Coluna 02:
Coluna 01
(1) : (dois-pontos) (2) , (vírgula) (3) (espaço)
Coluna 02
( ) Operador de união, que combina diversas referências em uma referência.
( ) Operador de intervalo, que produz uma referência para todas as células entre duas referências, incluindo as duas referências.
( ) Operador de interseção, que produz uma referência a células comuns a duas referências.
A combinação que preenche corretamente a coluna 02 é:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Prova:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
Q1628016
Noções de Informática
Observando a imagem do Explorador de Arquivos do
Microsoft Windows 10.
Podemos criar uma Nova Pasta no item Vídeos que já se encontra selecionado, fazendo uso da combinação de teclas:
Podemos criar uma Nova Pasta no item Vídeos que já se encontra selecionado, fazendo uso da combinação de teclas:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Prova:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
Q1628017
Noções de Informática
No Microsoft Word, o atalho do teclado que permite
localizar e substituir uma palavra em um documento é
(I), podemos também efetuar uma quebra de páginas
no Word utilizando o comando (II), e para fazer uma
verificação ortográfica no Word, podemos usar o
atalho (III). I, II, III, corresponde respectivamente:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Prova:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
Q1628018
Noções de Informática
O Word 2010 trás componentes próprios de sua janela,
além daqueles comuns a todos os aplicativos do
Windows, tais como barra de título, botões minimizar,
maximizar, fechar, bordas etc. Para facilitar seu
manuseio a Microsoft uma interface que conta com
uma grande área superior, que contém todos os
comandos organizados na forma de ferramentas de
fácil acesso, conhecido como:
Ano: 2019
Banca:
IMA
Órgão:
Prefeitura de Pastos Bons - MA
Prova:
IMA - 2019 - Prefeitura de Pastos Bons - MA - Terapeuta Ocupacional |
Q1628019
Noções de Informática
No Windows 8 ao posicionar o mouse na parte inferior
direita da tela, surge uma faixa com as opções
(configurações, dispositivos, iniciar, compartilhar,
pesquisar). Desejando o usuário acessar o Painel de
controle, em apenas dois movimentos, ele deve
acionar o botão: