Podemos utilizar um trecho de Adolfo Caminha no livro A Normalista para falar da Fortaleza do início do
século XX. “No Porto havia grande lufa-lufa de gente que embarcava e desembarcava simultaneamente,
bracejando, falando alto. A maré d’enchente, crispada pela ventania de sudoeste, num contínuo vaivém,
alagava o areal seco e faiscante. Muita gente ao embarque do Conselheiro. Curiosos de todas as classes,
trabalhadores aduaneiros de jaqueta azul, guardas d’Alfândega e oficiais de descarga com ar autoritário, de
fardeta e boné, marinheiros da Capitania, confundiam-se numa promiscuidade interessante. Jangadeiros
arregaçados até aos joelhos, chapéu de palha de carnaúba, mostrando o peito robusto e cabeludo, iam
armando a vela das jangadas. A cada fluxo do mar havia gritos e assobios. Maior alvoroço! Jangadas iam e
vinham em direção ao Nacional que tombava como um ébrio, aproado ao vento. Apenas quatro navios
mercantes, pintadinhos de fresco na popa d’uma barca italiana - “Cívica Vecchia”. O vapor apitou pedindo
mala. Era uma maçada ir a bordo com a maré cheia e um vento como aquele. Demais o sol estava de rachar”
(CAMINHA, 2007: 45)
No porto da cidade, no ano de 1903, um movimento social se destacou em Fortaleza. Uma ação que se
tornou página importante para o movimento operário no Estado do Ceará, visto que, foi uma das primeiras
mobilizações de trabalhadores durante os primeiros anos da República. Com isso falamos de(a):