O perfil do empreendedor negro no Brasil
Juventude negra está seguindo uma mudança
cultural que vê forma de protagonizar uma
transformação de alto impacto social e econômico
A prática empreendedora vem crescendo no
Brasil, sobretudo quando diz respeito à população
negra. Atualmente a maioria dos empreendedores
são mulheres que abriram seus negócios por
oportunidade, contrariando a crença geral de que as
pessoas das camadas com menor poder aquisitivo
procuram abrir seus negócios mais por necessidade
ou devido ao desemprego.
Praticamente metade dos empreendedores têm
menos de 40 anos e, em relação aos jovens, 75%
deles estão empreendendo pela primeira vez e a
maioria com ensino superior completo/incompleto.
Há uma sinalização de que a juventude negra
está seguindo uma mudança cultural que ocorre
de forma gradativa. Eles estão percebendo que
o empreendedorismo pode ser uma forma de
protagonizar uma transformação de alto impacto
social e econômico.
A maioria dos negócios está na categoria MEI
(Micro Empreendedor Individual), nos setores
de comércio, serviço, moda/vestuário, estética e
alimentação. Esses dados foram obtidos na Pesquisa
Nacional Negro Empreendedor realizada pelo Baobá
– Fundo de Igualdade Racial em parceira com o
Instituto Feira Preta, em 2015.
Segundo a pesquisa, historicamente, o ato de
empreender sempre esteve presente no cotidiano
de negros brasileiros. Muito antes da formação
do conceito de afroempreendedorismo, o negro
empreendia como forma de sobrevivência, por
necessidade.
Hoje, o empreendedor negro ultrapassou as
fronteiras da subsistência e tem buscado aprimorar
as suas habilidades e competências no que diz
respeito à sua atitude empreendedora. Cada vez mais,
apostando na criação, abertura e gerenciamento de
seus próprios negócios.
Mesmo com a mudança do perfil empreendedor,
o empreendedor negro ainda enfrenta muitas
dificuldades, como também sinaliza a pesquisa.
Segundo o documento “são públicos os fatores
que dificultam o crescimento e fortalecimento do
empreendedorismo negro, em larga escala, no país e um dos principais entraves se deve ao racismo
institucionalizado brasileiro”.
“Além deste, outras razões podem estar
relacionadas às dificuldades vivenciadas pelos
negros no momento de empreender. O economista
Marcelo Paixão, em publicação eletrônica de
2013 – Os empreendedores afro-brasileiros: um
estudo exploratório a partir da MPE -, salienta que
existem razões de ordem geral; que seriam a falta
de planejamento e de capacitação administrativa/
gerencial, a informalidade, a aposta em negócios de
pouco retorno, condições ocupacionais anteriores
frágeis dentre outras”.
Em 2013, o Instituto Data Popular divulgou
pesquisa apontando que os consumidores negros,
boa parte localizados na chamada classe C,
movimentaram cerca de R$713 bilhões ao ano. Mas
o estudo também observou que existe demanda
crescente e oferta insuficiente de produtos e serviços
para atender o perfil de um novo consumidor negro.
Um exemplo de sucesso de empreendedorismo
negro é a Feira Preta. Inicialmente realizada na
Praça Benedito Calixto e reunindo cerca de 40
empreendedores, a Feira Preta hoje se transformou
no maior evento de cultura negra da América Latina.
Em treze edições, foram mais de 120 mil visitantes,
que puderam acompanhar aproximadamente 500
artistas e 600 expositores com diferentes linguagens,
expressões e produtos.
Texto adaptado. Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-
-perfil-do-empreendedor-negro-no-brasil