Questões de Concurso Público Prefeitura de Pitangueiras - SP 2019 para Agente de Combate de Endemias

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Q1794697 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
De acordo com as ideias e reflexões evidenciadas no texto, podemos inferir que o autor:
Alternativas
Q1794698 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
O título do texto “Todo filho é pai da morte de seu pai” pode ser fundamentado e legitimado pela seguinte afirmativa retratada no texto:
Alternativas
Q1794699 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Considerando a significação das palavras dispostas no texto, assinale a relação INCORRETA.
Alternativas
Q1794700 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Em “Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.” (14º§), o termo destacado denota ideia de:
Alternativas
Q1794701 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
No trecho “Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez.” (7º§), a palavra “curiosamente” exprime circunstância de:
Alternativas
Q1794702 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Em “Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.” (1º§), os dois-pontos têm como propósito:
Alternativas
Q1794703 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Em “É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.” (4º§), é correto afirmar que a ação verbal evidencia uma:
Alternativas
Q1794704 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Considerando que sujeito é o termo da oração que funciona como suporte de uma afirmação feita pelo predicado, assinale a afirmativa transcrita do texto que evidencia sujeito elíptico.
Alternativas
Q1794705 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
No trecho “Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.” (24º§), a ocorrência da crase é facultativa. Assinale a afirmativa em que tal fato NÃO ocorre.
Alternativas
Q1794706 Português
Todo filho é pai da morte de seu pai

    Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.
    É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso. É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho.
    É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar. É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
    É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
    E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
    Todo filho é pai da morte de seu pai.
    Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
    E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.
    Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
    Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro. 
    A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas. 
    Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.
    A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.
    Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.
    Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente? 
    Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete.
    E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
    Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos. 
    No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:
    — Deixa que eu ajudo. 
    Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
    Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
    Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo. 
    Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
     Embalou o pai de um lado para o outro. 
    Aninhou o pai.
    Acalmou o pai.
    E apenas dizia, sussurrado:
    — Estou aqui, estou aqui, pai!
    O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali. 

(Autor desconhecido. Disponível em:
http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/.
Dezembro de 2016.)
Considerando a adequação linguística, assinale a afirmativa grafada INDEVIDAMENTE.
Alternativas
Respostas
1: C
2: D
3: C
4: D
5: A
6: D
7: D
8: C
9: B
10: A