Questões de Concurso Público Prefeitura de Além Paraíba - MG 2024 para Secretário de Escola

Foram encontradas 40 questões

Q3023569 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Ainda que encharcado dessa herança dos contos de fadas da tradição, o texto de Marina Colasanti é contemporâneo. Através da linguagem metafórica e de um tratamento simbólico, afloram, na narrativa, os conflitos existenciais da atualidade e o mundo complexo dos sentimentos e das relações humanas. A crônica tem como matéria-prima a realidade. Os fatos são apresentados, segundo a interpretação que a autora faz deles, havendo predomínio de um caráter: 
Alternativas
Q3023570 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
O texto não significa exclusivamente por si mesmo. Seu sentido é construído não só pelo produtor como também pelo recebedor, que precisa deter os conhecimentos necessários à sua interpretação.
(VAL, Maria da Graça C. Redação e Textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)

Assinale, a seguir, a alternativa em que a palavra destacada tem seu significado INDEVIDAMENTE indicado. 
Alternativas
Q3023571 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
O feminino emerge das páginas escritas por Marina Colasanti, ora subjugado, ora em plenitude, ora transitando de um polo a outro. De acordo com o texto, é IMPOSSÍVEL inferir que a crônica “Quem tem olhos”: 
Alternativas
Q3023572 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
O emprego de recursos próprios da linguagem subjetiva caracteriza o texto literário. Considere os trechos a seguir selecionados e assinale o que eviencia linguagem subjetiva, ou seja, que expressa a visão pessoal da autora a respeito de determinado assunto. 
Alternativas
Q3023573 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
A respeito da acentuação das palavras, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A mesma regra de acentuação que vale para “próprio” vale também para a palavra “única”.
( ) As palavras “renúncia” e “céu” recebem acento porque são paroxítonas terminadas em ditongo.
( ) A palavra “ninguém” é uma palavra oxítona terminada em ditongo nasal.

A sequência está correta em 
Alternativas
Q3023574 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Analise as transcrições textuais a seguir e o tipo de circunstância que elas expressam no texto. A indicação NÃO está correta em: 
Alternativas
Q3023575 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Assinale a alternativa em que a expressão grifada NÃO pertence à classe gramatical das demais. 
Alternativas
Q3023576 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente.” (2º§) As expressões destacadas podem ser substituídas, sem alterar o sentido do texto, respectivamente, por: 
Alternativas
Q3023577 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
O fragmento de texto a seguir relacionado que denota ideia de intensificação é: 
Alternativas
Q3023578 Português
Quem tem olhos

      Eu vinha andando na rua e vi a mulher na janela. Uma mulher como as de antigamente. De cabeça branca e braços pálidos apoiados no peitoril. Sentada, olhava para fora. Uma mulher como as de antigamente, posta à janela, espiando o mundo.
      Mas a janela não era ao nível da rua, como as de antigamente. Nem era de uma casa. Era acima da entrada do prédio, acima da garagem, acima do playground. Era lá no alto. E diante daquela janela a única coisa que havia para se ver era, do lado oposto da rua, a parede cega de um edifício.
      Não havia árvores. Ou outras janelas. Somente a parede lisa e cinzenta, manchada de umidade. Alta, muito alta.
      De onde estava, assim sentada, a mulher não podia ver a rua, o movimento da rua, as pessoas passando. Teria tido que debruçar-se, para vê-los. E não se debruçava.
      Também não via o céu. Teria tido que esticar o pescoço e torcer a cabeça para vê-lo lá no alto, acima da parede cinzenta e do seu próprio edifício, faixa de céu estreita como uma passadeira. E a mulher mantinha-se composta, o olhar lançado para a frente. Serena, a mulher olhava a parede cinzenta.
      Não era como nas pequenas cidades onde ficar à janela é estar numa frisa ou camarote para ver e ser vista, é maneira astuciosa de estar na rua sem perder o recato da casa, de meter-se na vida alheia sem expor a própria. Não era uma forma barricada de participação. Ali ninguém falava com ela, ninguém a cumprimentava ou via – a não ser eu que parada na calçada a observava – e não havia nada para ela ver.
      A mulher olhava para a parede cinzenta. E parecia estar bem.
      E por um instante o bem-estar dela me doeu, porque acreditei que sorrisse em plena renúncia à vitalidade, que se mantivesse serena debaixo da canga de solidão e cimento que a cidade lhe impunha, tendo aberto mão de qualquer protesto. Desejei tirá-la dali ou dar-lhe outra vista. Depois, entendi.
      A mulher olhava a parede cinzenta, mas diante dela não havia uma parede cinzenta. Havia um telão. Um telão imenso, imperturbável, onde histórias se passavam. Que ela própria projetava, mas das quais era devotada espectadora e eventual personagem. Suas fantasias, suas lembranças, seus desejos moviam-se sobre a parede que já não era cinzenta, que era o suporte do mundo, ao vivo e a cores. Só ela os via. Mas com que nitidez! (...)
      Quem tem ouvidos ouça, disse o profeta. E, Ele não disse, mas digo eu, quem tem olhos veja.

(COLASANTI, Marina. In: PINTO, Manuel da Costa (Org.). Crônica brasileira contemporânea: antologia de crônicas. São Paulo: Moderna, 2005. Fragmento.)
A alegação feita pelo narrador no final da crônica foi retirada do texto bíblico. Jesus teria dito aos apóstolos “Quem tem ouvidos ouça”, quando contava a eles as parábolas e esperava que eles extraíssem delas significados mais sutis, como ensinamentos. Dessa forma, podemos perceber que a autora utiliza um recurso intertextual ao trazer elementos de outras obras para dentro da sua, estabelecendo, assim, uma relação entre elas. Ao fazer a afirmação “Quem tem olhos veja”, depreende-se que: 
Alternativas
Q3023579 Matemática
Questão 11 Jorge possui uma famosa doceria em Além Paraíba. Considerando que sua jornada de trabalho é de 8 horas diárias, a cada três dias e meio de serviço ele consegue produzir uma faixa de 1.575 doces. Em certo dia recebeu uma demanda de 7.200 doces para a festa que acontecerá na cidade. Mantendo o mesmo ritmo de trabalho, em quantos dias Jorge conseguirá atender a demanda sem nenhum atraso? 
Alternativas
Q3023580 Matemática

Thamyris, supervisora de uma escola, está fazendo um levantamento para analisar as notas de matemática dos alunos do terceiro ano. Considerando que a escola tem o total de 125 alunos no terceiro ano, ela separou as notas em 5 grupos, usando uma variável para esconder os valores originais.


12.png (702×52)


Se um aluno for escolhido ao acaso, qual a probabilidade de que sua nota NÃO seja superior a 60 pontos? 

Alternativas
Q3023581 Matemática
Um fazendeiro deseja construir um curral e designou que o formato seja de um octógono regular, conforme ilustrado na figura a seguir:
13.png (207×202)

Qual o valor, respectivamente, do ângulo externo e do ângulo interno da figura? 
Alternativas
Q3023582 Matemática
Determinada professora, com o intuito de avaliar seus alunos, propôs o seguinte teste: “considerem a equação x² + 7x + 6 = 0, encontrem as raízes e, ainda, tendo em vista que x1 é a raiz de maior valor e x2 é a raiz de menor valor, resolvam a seguinte expressão: x1 – x2”. O resultado obtido pelos alunos foi:
Alternativas
Q3023583 Matemática
Marta armazenou em uma caixa todos os seus pratos e copos para transportá-los de uma forma mais segura. Sabe-se que cada copo pesa 140 g, cada prato pesa 437,5 g e, ainda, que foram colocados 20 copos e 16 pratos dentro da caixa. O peso total dos copos contidos na caixa equivale a quantos por cento do peso dos pratos? 
Alternativas
Q3023584 Raciocínio Lógico
Marcelo está planejando viajar de carro de Além Paraíba até o Rio de Janeiro, cuja distância é 185 km. Sabe-se que o carro de Marcelo percorre 74 km a cada hora e que ele sempre faz uma parada de 15 minutos no meio da viagem. Assim, para chegar ao Rio de Janeiro exatamente às 15h, a que horas Marcelo deve iniciar a viagem? 
Alternativas
Q3023585 Matemática
De acordo com certa Lei Municipal, uma escola de ensino fundamental pode receber aumento no número de matrículas em até 18%. Após a referida Lei entrar em vigor, essa escola obteve um aumento de apenas 12% no número de matrículas, passando a contar com um total de 1.512 alunos. De acordo com a situação hipotética, o número de alunos que essa escola ainda pode matricular, conforme o aumento autorizado por essa normativa, pertence a qual dos intervalos a seguir? 
Alternativas
Q3023586 Matemática
O secretário escolar estava revendo as pastas dos alunos de uma escola e constatou que 2 a cada 5 pastas precisam ser refeitas. Se em certo dia ele chegar à escola e selecionar aleatoriamente 4 pastas de alunos, a probabilidade de que apenas 1 pasta precise ser refeita está compreendida entre: 
Alternativas
Q3023587 Matemática
Em uma secretaria escolar trabalham 4 secretários, que são capazes de homologar 30 matrículas em um dia de trabalho com jornada de 5h. No início do ano, o número de matrículas a ser homologadas aumenta consideravelmente e, por isso, mais 1 secretário igualmente eficiente trabalha na secretaria e a jornada diária de toda a equipe passa a ser de 6h. Se essa secretaria escolar receber uma demanda para homologar 1.260 matrículas no início do ano, quantos dias serão necessários para finalizar a demanda? 
Alternativas
Q3023588 Matemática
O secretário escolar será o responsável pela compra de material para a troca do piso da secretaria da escola. A figura a seguir representa as medidas da secretaria:
20.png (253×162)

Considerando que o material escolhido para a troca do piso custa R$ 23,50 por metro quadrado, o valor a ser gasto com esse material está compreendido entre: 
Alternativas
Respostas
1: B
2: C
3: B
4: D
5: B
6: B
7: C
8: D
9: A
10: C
11: B
12: D
13: B
14: C
15: D
16: A
17: D
18: B
19: C
20: D