Igualdade de gênero é pilar de um mundo mais
justo
Desde o início do século passado, o Dia Internacional
da Mulher é associado à luta por melhores condições
de vida e de trabalho, por salários mais justos e,
principalmente, por equidade de gênero. Há conquistas
a celebrar, isso é indiscutível, mas prefiro destacar o
longo caminho que ainda precisamos percorrer para
que as demandas mobilizadas pelos movimentos de
nossas pioneiras em várias partes do mundo sejam
atendidas.
Assim, o 8 de março reveste-se de singular importância
– não pelo tom celebratório que alguns insistem em
imprimir à data, mas pela oportunidade de reflexão.
A data ainda faz sentido porque chama a atenção para
a situação díspar das mulheres no mercado de trabalho,
para a violência e opressão que sofrem em casa e nos
ambientes que frequentam, para a necessidade de se
formular políticas públicas que as contemplem e para
as desiguais jornadas que ainda são obrigadas a
cumprir nos âmbitos profissional e doméstico.
Representa, ainda, uma possibilidade de refletir sobre
as distâncias entre as muitas mulheres que foram, e têm
sido, silenciadas ao longo dos tempos.
Como a Universidade não é um ente deslocado das
estruturas sociais, grande parte dessa situação vivida
pelas mulheres também é reproduzida dentro dos
muros da academia. As mulheres representam mais da
metade do corpo discente da UFMG (graduação e pósgraduação), mas essa proporção está longe de se
refletir, por exemplo, no corpo docente de algumas
áreas do conhecimento, na gestão da Universidade ou
entre os pesquisadores que recebem bolsas do CNPq.
Das 69 universidades federais, apenas 14 são
comandadas por reitoras. As mulheres continuam subrepresentadas nos principais espaços decisórios da
academia e sofrem com a discriminação e os
estereótipos de gênero, perpetuados por uma
sociedade desigual e preconceituosa.
É justamente no mês da mulher que recebemos uma
nova leva de estudantes embalada pelo lema da nossa
UFMG: Incipit vita nova, “uma vida nova se inicia”. Com
a chegada dessa juventude – “página de um livro bom”,
como diria a música –, somos levadas, a cada período
letivo, a renovar nosso compromisso com a formação –
tanto no campo do conhecimento formal quanto nas
dimensões relacionadas ao exercício da cidadania e aos direitos humanos. E uma dessas dimensões é a
igualdade de gênero. Temos que mostrar às novas
gerações que as mulheres travam um bom combate
permanente, que todas têm direitos que precisam ser
assegurados – e, principalmente, que a igualdade de
gênero não é boa só para as mulheres. Ela também é
benéfica para os homens, para a sociedade e para o
desenvolvimento econômico, pois é um dos pilares de
um mundo mais justo e diverso.
(Sandra Regina Goulart Almeida | Reitora da UFMG.
Disponível em: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/opiniaoigualdade-de-genero-e-pilar-de-um-mundo-mais-justo.
Acesso em 03 de agosto de 2024.)