O poder dos estereótipos
Os estereótipos são outro exemplo de uma
profecia autorrealizável. São especialmente poderosos
para moldar a realidade de um indivíduo, em particular
quando um grande número de pessoas tem as mesmas
expectativas. As pessoas se adaptam ao estereótipo do
grupo porque a sociedade interage com um indivíduo
de uma maneira coerente com a previsão baseada no
estereótipo. Vejamos Tom e Rob, por exemplo. Ambos
são alunos de uma escola primária em Washington, têm
aproximadamente a mesma altura e o mesmo peso, são
alunos médios e estimados pelos colegas e
professores. Tom é negro, Rob é branco. Inicialmente,
Tom e Rob tinham habilidades físicas semelhantes.
Rob corria na mesma velocidade que Tom, saltava na
mesma altura e era igualmente propenso a acertar a
bola na cesta. Todos, porém, tinham a expectativa de que Tom fosse um jogador de basquete melhor do que
Rob simplesmente pela cor de sua pele. Por essa razão,
Tom tinha mais chance do que Rob de ser escolhido
pelos colegas para integrar o time de basquete. Seu
treinador lhe dedicava atenção especial e fazia questão
de corrigir seu jogo. Os pais de Tom o estimulavam a
treinar na quadra da escola após a aula. Resultado:
Tom se tornou melhor jogador de basquete do que Rob.
Embora, para início de conversa, fosse falsa a crença
de que Tom era melhor jogador do que Rob, o
estereótipo se autorrealizou. Consequentemente, Tom
é outro exemplo do estereótipo de que os negros são
melhores no basquete, o que fortalece um preconceito
que basicamente se autoalimenta.
Os estereótipos nutrem a si mesmos não só
porque afetam o modo no qual as pessoas agem em
relação ao indivíduo estereotipado, mas também
porque os indivíduos têm forte tendência a se adaptar
rapidamente ao que se espera deles.
Tali Sharot, in: O viés otimista, 2016, editora Rocco.