Intolerância política cresce, ameaça democracia e estimula uso
de coletes à prova de bala na corrida eleitoral
Em dois anos, houve aumento de 17,4% no número de casos
de violência contra políticos; Polícia Federal está preocupada
com segurança de presidenciáveis
Por Eduardo Morgado
Em meio à escalada do autoritarismo vivida em algumas
regiões do mundo, a democracia é um dos regimes políticos que
mais perderam força e espaço no cenário global. De maneira
gradual e sem que haja uma ruptura, é possível destacar meios
para que este sistema perca força. Censura, descredibilização
do sistema eleitoral e ataque às instituições são algumas das
formas de colocar em xeque a ideologia que prega a
participação igualitária e soberana da sociedade civil. Entre as
diversas ameaças, destacam-se os crimes de ódio.
O temor é tão grande que a Polícia Federal decidiu
antecipar o programa de segurança dos candidatos à
Presidência. Os partidos não precisarão esperar até 16 de agosto
para pedir proteção policial. Será possível fazê-lo a partir da
convenção partidária. Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), os dois favoritos à corrida presidencial, já usam
coletes à prova de balas em eventos públicos. O atual
presidente, aliás, chega à campanha traumatizado por um
atentado que quase lhe tirou a vida há quatro anos. Em 9 de
setembro de 2018, em Juiz de Fora, o então postulante ao
Palácio do Planalto foi esfaqueado por Adélio Bispo e passou
23 dias internado. Segundo a PF, o autor do ataque agiu
isoladamente. Bolsonaro pede que a investigação seja reaberta.
Quem é responsável pela violência política?
Já no último pleito presidencial, no qual o Partido dos
Trabalhadores (PT) rivalizou a disputa com o então candidato
Jair Bolsonaro — que se sagrou vencedor na disputa —, houve
alguns crimes de ódio que abalaram o sistema democrático. Em
14 de março de 2018, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle
Franco (Psol) foi morta em uma emboscada no centro da capital
fluminense. No período em que ocorreu seu assassinato, o
Estado do Rio vivia sob intervenção federal na segurança
pública. Menos de duas semanas depois, no dia 27, um ônibus
da caravana do então pré-candidato Lula foi atingido por tiros
na cidade de Quedas do Iguaçu, no Paraná. Mesmo sem feridos,
o delegado Hélder Lauria, que capitaneou as investigações,
afirmou que o ataque havia sido planejado. Meses depois,
Bolsonaro foi esfaqueado na região do abdômen enquanto
participava de um evento de campanha na cidade de Juiz de
Fora, em Minas Gerais.
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