A pessoa que não sabe o que quer, quando entra
em uma livraria, entra também em um estado de
desespero. Se vai a um restaurante self-service,
fica desesperada. Quando vai a um rodízio, essa
coisa bem brasileira (espeto corrido, como se diz
no Sul), só pode ser um local de fruição e
aproveitamento se tiver critério de seleção. Do
contrário, se for aceitando tudo o que vier, no máximo vai ficar empanturrada em 15 minutos. O
indivíduo se depara hoje com um excesso de
oferta, sua única possibilidade para criar um
anteparo, uma capacidade de aproveitamento
menos alienado e robótico, é através de critérios de
seleção. Talvez a advertência mais séria seja aquela
feita pelo gato para Alice, a do País das Maravilhas:
ela pergunta para onde vai a estrada, ao que o
bicho questiona para onde a moça quer ir. Ela
responde que não sabe para onde vai — então
qualquer caminho serve.
FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/08/mario-sergio-cortellanao-basta-ter-informacao-e-preciso-saber-o-que-fazer-com-ela.html