Texto 11
Concepções de Linguagem no Ensino de Língua
A primeira tendência se refere ao subjetivismo individualista;
para essa concepção, a função da linguagem seria a de
representação do pensamento humano e do conhecimento
adquirido ao longo da vida. A expressão do pensamento seria
construída na mente e exteriorizada como uma espécie de
tradução. Nessa perspectiva, língua e linguagem seriam a
mesma coisa. Dois elementos centrais regem o subjetivismo
individualista. O primeiro elemento é o sistema linguístico visto
como estático, isto é, sem qualquer possibilidade de mudança.
O segundo elemento envolve a capacidade psicológica do
sujeito de dominar esse sistema linguístico para ser capaz de
organizar os pensamentos e se comunicar. Assim, cria-se uma
ilusão da existência de uma só língua, e qualquer transgressão
a esse sistema linguístico é visto como errado. Não há qualquer
interferência social, histórica ou cultural para com a língua.
Como seria, então, o ensino de Português no Brasil a partir
dessa concepção?
Antes de 1950, as escolas brasileiras asseguravam o acesso à
escolarização apenas para as camadas privilegiadas da
população. Os alunos dessas camadas dominavam
razoavelmente a norma culta, o que, em tese, poderia
favorecer, naquela época, um ensino-aprendizagem de
português que buscasse (re)conhecer normas e regras de
funcionamento do dialeto de que faziam uso. O estudo das
regras das estruturas linguísticas imbrica no que é considerado
falar e escrever bem, reforçando o que os estudos linguísticos
tradicionais chamam de gramática normativa ou tradicional.
Desse modo, a língua é vista como um elemento de expressão
do pensamento, subordinando a expressão linguística à
organização do pensamento. Para essa concepção, se o
indivíduo não se expressa bem, ele não organizou o
pensamento de maneira lógica.
PRADO, Arthur Angelo de Oliveira. Concepções de língua(gem) e de
ensino de língua portuguesa na perspectiva do aluno, 2019, 149 f.
Dissertação (Mestrado em Linguística Apliaca) – Universidade Federal de
Minas Gerais, Faculdade de Letras, Belo Horizonte, 2019. Bibliografia: f.
97-99. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1843/LETR-BB5Q8A>. Acesso
em: 26 mai. 2024. [Adaptado].