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Texto 2
“Se você não se alimentasse bem em Paris, tinha sempre uma
fome mortal, pois todas as padarias exibiam coisas
maravilhosas em suas vitrinas, e muitas pessoas comiam ao ar
livre, em mesas na calçada, de modo que por toda parte se via
comida ou se sentia o seu cheiro. Se você abandonou o
jornalismo e ninguém nos Estados Unidos se interessa em
publicar o que está escrevendo, se é obrigado a mentir em
casa, explicando que já almoçara com alguém, o melhor que
tem a fazer é passear nos jardins do Luxembourg, onde não se
via nem se cheirava comida [...]
Depois de ter saído do Luxembourg, você poderia andar pela
estreita Rue Férou até a Place Sainte-Sulpice sem ver
restaurante algum, somente a praça silenciosa, com seus
bancos e suas árvores. [...]
Para além da praça é que não poderia prosseguir em direção
ao rio sem passar por lojas que vendiam frutas, legumes, vinhos
ou por padarias e pastelarias. Mas, escolhendo
cuidadosamente o caminho, conseguiria avançar pela direita,
[...] e virar de novo à direita em direção à livraria de Sylvia
Beach, sem encontrar muitos lugares onde se vendessem
coisas de comer. A Rue d l’Odeón era desprovida de
restaurantes até chegar à praça, onde havia três.
[...]
- Você está magro demais, Hemingway – diria Sylvia. – Tem
comido o suficiente?
- Claro que sim!
- O que é que comeu no almoço?
Apesar das cólicas, eu diria: Ainda não almocei. Agora é que
estou indo para casa.
[...]
- Hemingway, não se preocupe com o que [a venda dos contos]
lhe rendem agora. O essencial é você poder escrevê-los.
- Posso escrever. Mas ninguém os comprará. [...] Desculpeme Sylvia. Perdoe-me por falar nos meus problemas. [...]
- Desculpá-lo de quê? [...] Prometa-me que não se preocupará
demais e que comerá o bastante.”
HEMINGWAY, Ernest. Paris é uma festa. 26. ed. Rio de Janeiro: Bertand
Brasil, 2019. [Adaptado].