Leia o excerto a seguir.
“Passou-se uma hora. O Sol chegou ao poente. Veio
o lusco-fusco, e com ele aumentaram as tristezas, os
medos e as agonias das mulheres recolhidas na casa-grande.
Rosalina, tendo posto todos os cães da banda de
fora, e fechado todas as portas da casa, abriu o seu tosco
oratório e convidou as outras ao terço tradicional, agora
mais do que nunca necessário para fortalecer os
espíritos abatidos.
Florinda estava expirando. Ao lado dela achava-se
Luísa desfeita em lágrimas, e Aninha que ajudava a
enferma a morrer. A porta do aposento inteiramente
aberta deixava ver as outras mulheres de joelhos na
sala, aos pés do oratório, cantando as rezas que
constituem o terço, essa parte do culto externo que,
depois de longamente usada em quase todo o norte,
desapareceu das capitais, e já não tem no próprio
interior das províncias a prática geral a que em grande
parte se deve referir o adoçamento dos costumes dessas
povoações antes de haverem sido dotadas com as
escolas e com os institutos de educação que atualmente
as disputam à ignorância com mais vigor e proveito.”
TÁVORA, Franklin. O cabeleira. Disponível em:
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/o_cabeleira.pdf.
Acesso em: 04 jun. 2023.