A forra do peão
O baiano Renato Pereira dos Santos, 26 anos, é brasileiro desses que se encontra em
qualquer ponto de ônibus. Há quatro anos, viajou a São Paulo com uma mala de couro para
tentar mudar de vida. Não conseguiu emprego fixo nem teto para morar. Trabalhando como
pedreiro, quando tem serviço dorme em galpão de obra. Desempregado, reside de favor na
casa de amigos. Todos os domingos. Renato passava em frente a um bar na Vila Madalena,
um dos pontos mais animados de São Paulo, e admirava a alegria dos fregueses. Na
madrugada de segunda-feira, 10, o pedreiro Renato resolveu ir à forra.
Depois que todos haviam ido embora, arrombou o bar com um pedaço de ferro. Ao
entrar, foi direto para cozinha. Ele já trabalhou como garçom e não teve dificuldades de
preparar o cardápio de sua refeição.
No freezer escolheu dois pedaços de frango. Preparou um molho de pimenta e farofa.
No barril de chope, serviu-se à vontade. De sobremesa, sorvete de morango. Separou 22 CDs,
9 fitas de vídeo, e alguns alto-falantes em uma sacola. Caiu no sono. O pedreiro acordou com
o barulho da porta de ferro se abrindo. As proprietárias chegaram, chamaram a polícia. Renato
foi preso.
( Revista Veja – 1994)