Texto 1
Juíza de SC nega aborto a menina de 11 anos vítima de estupro; TJ apura
caso
A Justiça de Santa Catarina negou que uma criança, de 11 anos, vítima
de estupro e grávida de 29 semanas, realizasse um aborto autorizado. Em
despacho expedido em 1º de junho, a magistrada Joana Ribeiro Zimmer, da
1ª Vara Cível de Tijucas, a 50 quilômetros de Florianópolis, decidiu pela
permanência da criança em um abrigo com o objetivo de mantê-la afastada
do possível autor da agressão sexual e também para impedir que a mãe da
menina, responsável legal pela filha, levasse a cabo a decisão de
interromper a gravidez.
(...)
Por envolver menores de idade, o caso segue em segredo de Justiça,
mas o jornal O Estado de S. Paulo conseguiu acesso à decisão. As
identidades da vítima e da mãe foram preservadas.
No despacho, Joana Ribeiro Zimmer defendeu a continuidade da
gestação por parte da criança. Ela citou que o aborto deve ser realizado até
22 semanas de gravidez ou o feto atingir 500 gramas.
(...)
Já em um diálogo direto com a mãe, a juíza afirma que existem cerca
de 30 mil casais que “querem o bebê”. “Essa tristeza para a senhora e para a
sua filha é a felicidade de um casal”, disse a magistrada. “É uma felicidade
porque eles não estão passando pelo o que eu estou passando”, respondeu
a mãe da criança.
“Estamos lutando para essa interrupção da gestação. Primeiro, porque
a criança é assistida por lei. Ela está no enquadramento do aborto legal, por
ser vítima de violência e por correr riscos de morte”, afirmou advogada
Daniela Félix, que representa a família da vítima. “A gente tem, no Brasil, três
casos de aborto que independe do tempo de gestação. Nesse caso, estamos
amparados por dois (risco à saúde da gestante e estupro) – o terceiro caso
seria o de anencefalia”, explicou a advogada.
(...)
De acordo com os médicos, os riscos à vida da vítima estão
relacionados com a duração da gestação, e também com os procedimentos
de parto e pós-parto a que uma criança de 11 anos será submetida. O
descolamento de placenta e sangramento provocados pelo trabalho de parto
prematuro e atonia uterina (falta de contrações do útero) após o nascimento
do bebê foram alguns dos problemas citados pelos médicos.
Estadão Conteúdo
Texto 2
Homens também abortam
É estarrecedor ver o julgamento voraz em cima da questão do aborto.
Não que eu me considere favorável a tal questão. Mas o que me intriga é o
seguinte: por que somente as mulheres são julgadas pelas suas decisões?
Já pararam para pensar que HOMENS TAMBÉM ABORTAM?
É importante ressaltar que a fecundação não se faz somente de uma parte.
Ou será que todas essas mulheres que estão aí na batalha para sustentar
seus filhos sozinhas, ou até adolescentes grávidas estereotipadas como
"galinhas" (perdão: gíria da minha época), foram concebidas pelo "Espírito
Santo"?
Essa é apenas mais uma das tantas hipocrisias de uma sociedade ainda
machista e preconceituosa.
Minha reflexão, quero reforçar, que não é para dizer que sou a favor do
aborto. No entanto, só quero que pensemos mais nesta frase: "HOMENS
TAMBÉM ABORTAM! Sim, isso mesmo. Quando negam seus filhos, quando
não ajudam a suprir a necessidade deles, não só no que diz respeito à
pensão, mas também de afeto. Até quando vamos ficar julgando "Paulos
Gustavos" que se demonstram muito mais pais do que os que se dizem
homens, por se basearem só dá cintura pra baixo os seus desejos? Até
quando vamos assistir a modelos de convivência como sendo apenas para
fotos em molduras? Sejamos realmente homens no caráter, no respeito e
deveres para com nossos filhos. Por que mulher "galinha" soa tão pejorativo
e já o homem "galinha" soa "o popular" para não dizer daqueles ou aquelas
que ainda os consideram "os fodões"?
Portanto termino dizendo para vocês, homens e sociedade: "HOMENS
TAMBÉM ABORTAM". Aprendam com outros "Paulos Gustavos", outros
pais, que mesmo separados, honram seus filhos. Pois estes, sim, são
HOMENS de verdade da cabeça aos pés. Em vez de dizerem "honrem suas
calças", "honrem seus cérebros como seres racionais".
(MEDONÇA, T.)