A Primeira Guerra Mundial enfraqueceu de tal
maneira a Europa que a participação do
continente no total da população global e na
economia caiu consideravelmente. O centro
das finanças mudou-se para os Estados Unidos
– o dínamo da atividade econômica. Pela
primeira vez, os principais países europeus
dependiam parcialmente de Nova York, que,
no papel de centro financeiro, era naturalmente
menos experiente do que Londres no
enfrentamento de crises. Infelizmente, a crise
financeira que estourou em Nova York no ano
de 1929 foi mais séria do que qualquer outra
enfrentada por Londres. Embora os Estados
Unidos apresentassem vulnerabilidades
econômicas na década de 1920, a maior parte
das nações europeias foi assolada por outras
muito mais graves. Era preciso pagar pela
guerra. A dívida nacional da Grã-Bretanha e da
Alemanha aumentou 11 vezes, e a da França e
a da Itália, 6. A Europa foi vítima de outra
doença financeira logo após a guerra. Em um
cenário de incerteza, os preços subiam
descontroladamente. Em 1922, os preços na
Áustria aumentaram 14 mil vezes. Na Polônia,
a alta foi de 2,5 milhões de vezes e na Rússia,
de 4 bilhões de vezes. Um ano mais tarde, a
Alemanha quebrou até mesmo esses recordes
astronômicos. Embora o nome técnico disso
seja inflação, tratava-se, na verdade, de um
caos completo. Outra ruptura da década de
1920 pode ser facilmente compreendida pelos
europeus de hoje, já que são testemunhas da
situação contrária, pois a criação da União
Europeia, ao abrandar as fronteiras nacionais,
permitiu que o comércio e os investimentos
corressem livremente por boa parte da Europa,
proporcionando prosperidade crescente. O
oposto aconteceu após o fim da guerra, em
1918. A Europa tinha, então, um grupo de
novos países cujas fronteiras haviam sido
demarcadas. Na Europa circulavam 27 moedas
diferentes, enquanto às vésperas da guerra o
total era de apenas 14.
(BLAINEY Geoffrey.
Uma Breve História do Século XX. São Paulo:
Fundamento, 2011, p. 119).