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A Coreia é parecida com a Itália, comprida e
estreita, cercada pelo mar em três de seus
quatro lados. Ao norte estão as montanhas,
cobertas de neve no inverno, enquanto a leste
se estende uma cordilheira escarpada, de onde
brotam rios curtos e caudalosos. No oeste, de
frente para o Mar Amarelo e a costa da China,
existem enseadas frequentemente envoltas em
neblina, cuja variação no nível das águas faz os
barcos amarrados nos ancoradouros
encalharem na lama durante a maré baixa. Os
coreanos haviam recebido dos vitoriosos
aliados a promessa de independência durante a
Segunda Guerra Mundial. Não foi fácil
cumprir o prometido. Forças russas invadiram
a Coreia do Norte nos últimos dias da guerra e
a mantiveram sob seu domínio após a rendição
japonesa. A assembleia das Nações Unidas
determinou a realização de eleições livres em
todo o território coreano, a fim de escolher um
governo único, mas os norte-coreanos – com a
benção soviética – se recusaram a obedecer.
Assim, outra cortina de ferro surgiu: uma
democracia ao sul e um estado comunista
fortemente armado ao norte. A Coreia do Norte
planejava aproveitar-se de uma grande fatia
das ricas terras do sul. Ao amanhecer do dia 25
de junho de 1950, seus soldados e um grande
contingente de tanques soviéticos invadiram a
Coreia do Sul, tomando rapidamente a capital
Seul, perto da cortina de ferro. Os invasores
ocuparam uma grande parte do país antes que
o exército norte-americano, então no Japão,
pudesse levar socorro. Seria aquele o prelúdio
de outras invasões comunistas em territórios
vulneráveis que se estendiam da Grécia até
Hong Kong? A invasão da Coreia provocou
uma intensa angústia nas nações ocidentais.
Após três anos, um armistício foi assinado.
Coube uma região aos coreanos do norte e
outra aos coreanos do sul. Uma nova cortina de
ferro separou a península e, até o fim do século,
essa cortina continuava em seu lugar.
(BLAINEY Geoffrey. Uma Breve História do
Século XX. 2 ed. São Paulo: Fundamento,
2011, p. 178).