Questões de Concurso Público Prefeitura de Taquaral - SP 2016 para Técnico em Enfermagem

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Q1627060 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
Segundo o texto, o casamento se dá, por quê?
Alternativas
Q1627061 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
No trecho “Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no ‘Itaoquense’”, as palavras sublinhadas são acentuadas respectivamente, por quê?
Alternativas
Q1627062 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra”. No trecho, os verbos sublinhados estão respectiva e corretamente classificados quanto a sua flexão de tempo e modo em qual das alternativas?
Alternativas
Q1627063 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
No trecho “Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.”, o pronome oblíquo “LHE” apresenta qual função sintática?
Alternativas
Q1627064 Português
O colocador de pronomes
(fragmento)
(...)
    Havia em Itaoca um pobre moço que definhava de tédio no fundo de um cartório. Escrevente. Vinte e três anos. Magro. Ar um tanto palerma. Ledor de versos lacrimogêneos e pai duns acrósticos dados à luz no “Itaoquense”, com bastante sucesso.
     Vivia em paz com as suas certidões quando o frechou venenosa seta de Cupido. Objeto amado: a filha mais moça do coronel Triburtino, o qual tinha duas, essa Laurinha, do escrevente, então nos dezessete, e a do Carmo, encalhe da família, vesga, madurota, histérica, manca da perna esquerda e um tanto aluada.
    Triburtino não era homem de brincadeira. Esguelara um vereador oposicionista em plena sessão da câmara e desd’aí se transformou no tutú da terra. Toda gente lhe tinha um vago medo; mas o amor, que é mais forte que a morte, não receia sobrecenhos enfarruscados nem tufos de cabelos no nariz.
    Ousou o escrevente namorar-lhe a filha, apesar da distância hierárquica que os separava. Namoro à moda velha, já se vê, pois que nesse tempo não existia a gostorura dos cinemas. Encontros na igreja, à missa, troca de olhares, diálogos de flores - o que havia de inocente e puro. Depois, roupa nova, ponta de lenço de seda a entremostrar-se no bolsinho de cima e medição de passos na rua d’Ela, nos dia de folga. Depois, a serenata fatal à esquina, com o
    Acorda, donzela...
    Sapecado a medo num velho pinho de empréstimo. Depois, bilhetinho perfumado.     Aqui se estrepou...
    Escrevera nesse bilhetinho, entretanto, apenas quatro palavras, afora pontos exclamativos e reticências:
   Anjo adorado!
   Amo-lhe!
   Para abrir o jogo bastava esse movimento de peão. Ora, aconteceu que o pai do anjo apanhou o bilhetinho celestial e, depois de três dias de sobrecenho carregado, mandou chamá-lo à sua presença, com disfarce de pretexto - para umas certidõesinhas, explicou.
    Apesar disso o moço veio um tanto ressabiado, com a pulga atrás da orelha.
    Não lhe erravam os pressentimentos. Mas o pilhou portas aquém, o coronel trancou o escritório, fechou a carranca e disse:
    - A família Triburtino de Mendonça é a mais honrada desta terra, e eu, seu chefe natural, não permitirei nunca - nunca, ouviu? - que contra ela se cometa o menor deslize.
    Parou. Abriu uma gaveta. Tirou de dentro o bilhetinho cor de rosa, desdobrou-o
    - É sua esta peça de flagrante delito?
    O escrevente, a tremer, balbuciou medrosa confirmação.
    - Muito bem! Continuou o coronel em tom mais sereno. Ama, então, minha filha e tem a audácia de o declarar... Pois agora...
    O escrevente, por instinto, ergueu o braço para defender a cabeça e relanceou os olhos para a rua, sondando uma retirada estratégica.
    - ... é casar! Concluiu de improviso o vingativo pai.
    O escrevente ressuscitou. Abriu os olhos e a boca, num pasmo. Depois, tornando a si, comoveu-se e com lágrimas nos olhos disse, gaguejante:
    - Beijo-lhe as mãos, coronel! Nunca imaginei tanta generosidade em peito humano! Agora vejo com que injustiça o julgam aí fora!...
    Velhacamente o velho cortou-lhe o fio das expansões.
    - Nada de frases, moço, vamos ao que serve: declaro-o solenemente noivo de minha filha! E voltando-se para dentro, gritou:
    - Do Carmo! Venha abraçar o teu noivo! O escrevente piscou seis vezes e, enchendo-se de coragem, corrigiu o erro.
    - Laurinha, quer o coronel dizer...
    O velho fechou de novo a carranca.
    - Sei onde trago o nariz, moço. Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-”lhe”. Se amasse a ela deveria dezer amo-”te”.
    Dizendo “amo-lhe” declara que ama a uma terceira pessoa, a qual não pode ser senão a Maria do Carmo. Salvo se declara amor à minha mulher...
    - Oh, coronel...
    - ...ou a preta Luzia, cozinheira. Escolha!
    O escrevente, vencido, derrubou a cabeça com uma lágrima a escorrer rumo à asa do nariz. Silenciaram ambos, em pausa de tragédia. Por fim o coronel, batendo-lhe no ombro paternalmente, repetiu a boa lição da gramática matrimonial.
    - Os pronomes, como sabe, são três: da primeira pessoa - quem fala, e neste caso “vassuncê”; da Segunda pessoa - a quem fala, e neste caso Laurinha; da terceira pessoa - de quem se fala, e neste caso do Carmo, minha mulher ou a preta. Escolha! Não havia fuga possível.
     O escrevente ergueu os olhos e viu do Carmo que entrava, muito lampeira da vida, torcendo acanhada a ponta do avental. Viu também sobre a secretária uma garrucha com espoleta nova ao alcance do maquiavélico pai, submeteu-se e abraçou a urucaca, enquanto o velho, estendendo as mãos, dizia teatralmente:
    - Deus vos abençoe, meus filhos!

                                                                          (Monteiro   Lobato, http://www.passeiweb.com/estudos/livros/o_colocador_de_pronomes_conto)  
“Vassuncê mandou este bilhete à Laurinha dizendo que ama-‘lhe’.” O período apresenta uma ocorrência de CRASE. Assinale a alternativa que contém a mesma regra que permite a crase que fora utilizada na frase do texto.
Alternativas
Q1627065 Matemática
Considere R1 um recipiente em formato de cone circular reto com diâmetro da base medindo 12 cm e altura medindo 50% a mais do que a medida do diâmetro da base, completamente cheio de água. Considere R2 um recipiente em formato cúbico com arestas medindo 9 cm, completamente vazio. Adotando π = 3 e considerando que as medidas apresentadas para R1 e R2 são internas, se despejarmos em R2 toda a água contida em R1, a altura do nível da água em R2 será igual a:
Alternativas
Q1627066 Matemática
Considere f uma função polinomial do 1º grau em que f(–1) = –6 e f(2) = 9. O gráfico de f intercepta o eixo das ordenadas em:
Alternativas
Q1627067 Matemática
Considere que a câmara municipal de determinado município seja composta por 9 vereadores, sendo 7 do sexo masculino. Considere ainda que serão sorteadas aleatoriamente entre os vereadores desse município, 5 vagas para formação de uma comissão que representará o município em um encontro nacional de vereadores. Dessa forma, o número de comissões que poderão ser formadas, contendo vereadores de ambos os sexos, é igual a:
Alternativas
Q1627068 Matemática
Gustavo possui um terreno em formato triangular, cujas medidas dos ângulos internos são x, y e z. Sabe-se que esse terreno foi completamente cercado com 44 m de tela. Considerando sen x/ sen y = 3/5 e sen x/ sen z = 1, é correto afirmar que o maior dos lados desse terreno mede:
Alternativas
Q1627069 Matemática
Uma equipe composta por 8 pedreiros construiu um muro com 60 m de comprimento e 3 m de altura em 12 horas de trabalho. Respeitando-se o mesmo ritmo individual de trabalho, se essa equipe fosse constituída por 10 pedreiros e esse muro tivesse 2,5 m de altura e 80 m de comprimento, teria sido construído em:
Alternativas
Q1627070 Noções de Informática
Em se tratando de hardware de computador, qual tipo de memória armazena temporariamente as informações dos serviços que estão sendo processados no momento (nela os dados ficam disponíveis ao processamento e disponíveis à transferência para os equipamentos de saída)?
Alternativas
Q1627071 Noções de Informática
Em qual barra de ferramentas de acesso rápido do Word 2013 encontra-se o botão Mostrar/Ocultar marcas de parágrafos?
Alternativas
Q1627072 Noções de Informática
Assinale a alternativa incorreta acerca de certificado digital.
Alternativas
Q1627073 Noções de Informática
Quando está ativado, o Firewall do Windows permite aos usuários padrão optarem por compartilhar arquivos ou pastas nos próprios perfis, ou seja, arquivos e pastas. Qual é o caminho desses arquivos e pastas no Windows Explorer?  
Alternativas
Q1627074 Noções de Informática
Em que guia da planilha eletrônica CALC define-se tipos de alinhamento horizontal ou vertical para o texto contido dentro da célula e ainda o grau de orientação, que causa efeitos interessantes?
Alternativas
Q1627075 História e Geografia de Estados e Municípios
Leia os itens a seguir e assinale a alternativa verdadeira. I - O autor da letra do Hino de Taquaral é Manoel Carlos Papel. II - Os autores da música do Hino de Taquaral são João Perri e Diva Papel. III - O autor da letra do Hino de Taquaral é João Perri.  
Alternativas
Q1627076 História e Geografia de Estados e Municípios
O município de Taquaral foi instalado em:
Alternativas
Q1627077 História e Geografia de Estados e Municípios
Qual o nome do Vice-Presidente da Câmara de Vereadores do município de Taquaral/SP?
Alternativas
Q1627078 Atualidades
À luz do chamado novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, aprovado pela presidente Dilma Rousseff através da Lei nº 13.243/2016, atribua verdadeiro (V) ou falso (F) aos itens e marque a alternativa correta. “A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as agências de fomento e as ICTs públicas poderão apoiar o inventor independente que comprovar o depósito de patente de sua criação, entre outras formas, por meio de: I - análise da viabilidade técnica e econômica do objeto de sua invenção; II - assistência para transformação da invenção em produto ou processo com os mecanismos financeiros e creditícios dispostos na legislação; III - assistência para constituição de empresa que produza o bem objeto da invenção; IV - orientação para transferência de tecnologia para empresas já constituídas.”  
Alternativas
Q1627079 Atualidades
Assinale a alternativa que completa corretamente o texto da seguinte notícia:
“O _________________________________, contabilizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), avançou 2,8 pontos na passagem de dezembro para janeiro, atingindo 70,4 pontos. Trata-se da segunda alta consecutiva do indicador. De acordo com a FGV, a confiança do empresário do setor de serviços ampliouse em 11 dos 13 segmentos pesquisados”.
(Fonte: Portal Brasil publicado: 29/01/2016 12h36, acessado em 03/02/2016 - http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/01/indice-de-confianca-de-servicos-cresce-em-janeiro)
Alternativas
Respostas
1: C
2: A
3: B
4: A
5: D
6: A
7: C
8: D
9: C
10: B
11: A
12: B
13: D
14: A
15: C
16: D
17: D
18: B
19: A
20: C