O romance conta a história de Eugênio, filho de um alfaiate pobre, que quer subir na vida. Formado em
Medicina, sente a sua condição de ter vindo de uma classe social humilde. É inseguro, conhece Olívia, são
dois médicos que sofrem as angústias do mundo moderno. Olívia lhe dá uma filha e, quando ela morre, a
filha perpetua a presença da mulher amada, para Eugênio. A história tem duas partes: na primeira,
acontece o cruzamento de dois níveis temporais, o presente (Eugênio dentro do carro em direção ao
hospital) e o passado (sua infância, seus traumas, o conhecimento de Olívia, o casamento com Eunice, a
frustração, o sentimento de se ter vendido para vencer); a segunda parte desenvolve-se de maneira mais
linear, embora o passado se misture ao presente, através das cartas de Olívia e pela presença da filha.
Nessa narrativa de vários planos temporais, é evidente uma crítica à sociedade fútil e vazia, ao acúmulo de
riquezas e à consequente hipocrisia das relações sociais. Nesse mundo em crise, a voz de Olívia
representaria a mensagem do próprio autor, simbolizada na metáfora do título. Uma mensagem de
otimismo, de confiança, que Eugênio só compreenderá no final.
É significativo que o herói do romance, Eugênio, seja um médico. O médico tornou-se na sociedade atual,
o intermediário entre a ciência, a técnica e o sentimento humanitário. Pensando primeiro em si mesmo,
egoisticamente, Eugênio evolui para a solidariedade, através das colocações de Olívia, que mesmo depois
de morta é uma personagem presente no romance, fazendo contraponto com Eugênio.
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