Questões de Concurso Público Prefeitura de Teresina - PI 2019 para Professor de Educação Básica - Língua Portuguesa
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TEXTO 1
Os detalhes no dia a dia
EUGENIO MUSSAK
DATA: 15/11/2018
O Olhar humano é capaz de varrer rapidamente uma cena com relativa complexidade e ver todos os
elementos, mas isso não significa que eles serão percebidos ou registrados. Antes, o cérebro tem que
processar os componentes daquele espaço e, para isso, precisa de ajuda. E quem vem em socorro são dois
facilitadores da percepção: o significado ou o detalhe. Imagine que você entra em um escritório à procura das
chaves do carro. Mesmo em meio à profusão de coisas de uma mesa de trabalho, você vê o que procurava.
É que você já havia feito uma imagem mental do objeto desejado e, ao vê-lo, imediatamente fez a conexão e
o fato se realizou. Valeu o significado. Mas, se olhar para a mesma mesa sem procurar algo específico, você
só vai perceber aquilo que, de alguma forma, fuja do trivial. Uma flor vermelha em um vaso de cristal, por
exemplo. Aqui, você foi alertado pelo detalhe.
Perceba o poder do detalhe na análise que fazemos do mundo, incluindo o comportamento das pessoas com quem convivemos. Em geral, elas são lembradas pelos pequenos atos – e não pelos grandes –, pelo simples fato de que realizamos muitos pequenos atos em nosso cotidiano. Claro, algo como um feito heróico ou um trabalho excepcional irão marcar e criar memória. Mas, no dia a dia das relações, nossa imagem será construída a partir de nossos pequenos comportamentos. Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam.
[...]
O detalhe seduz, surpreende, alegra, faz sorrir. É o quadro colorido na parede branca, a rosa branca no buquê vermelho, a frase alegre no discurso sério. [...]. Aliás, é na boa literatura que nos fartamos de detalhes encantadores. Machado de Assis, por exemplo, assim relata um personagem na orla do Rio: “Ao passar pela Glória, Camilo vê o mar e estende os olhos até onde a água e o céu se dão um abraço infinito”. Vamos concordar. Olhar o horizonte no mar é uma coisa. Perceber o ponto onde o céu e o mar se dão um abraço infinito é outra coisa. Dá vontade de estar lá. [...]. Preocupar-se com essas miudezas é ver o que é invisível aos olhos e às almas menos sensíveis. Quando Roberto (Carlos) cantou que detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer, ele não estava apenas fazendo a apologia a um romance, mas chamando atenção para o singular, para o fato que faz a diferença. Um namoro que não cultiva isso é só uma amizade. A Lu, minha esposa e especialista em detalhes, alimenta nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá para viver, talvez sua ausência não seja notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho [...], ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o detalhe.
Adaptação do texto disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/os-detalhes-no-dia-a-dia/ Acesso em: 10.04.19.
TEXTO 1
Os detalhes no dia a dia
EUGENIO MUSSAK
DATA: 15/11/2018
O Olhar humano é capaz de varrer rapidamente uma cena com relativa complexidade e ver todos os
elementos, mas isso não significa que eles serão percebidos ou registrados. Antes, o cérebro tem que
processar os componentes daquele espaço e, para isso, precisa de ajuda. E quem vem em socorro são dois
facilitadores da percepção: o significado ou o detalhe. Imagine que você entra em um escritório à procura das
chaves do carro. Mesmo em meio à profusão de coisas de uma mesa de trabalho, você vê o que procurava.
É que você já havia feito uma imagem mental do objeto desejado e, ao vê-lo, imediatamente fez a conexão e
o fato se realizou. Valeu o significado. Mas, se olhar para a mesma mesa sem procurar algo específico, você
só vai perceber aquilo que, de alguma forma, fuja do trivial. Uma flor vermelha em um vaso de cristal, por
exemplo. Aqui, você foi alertado pelo detalhe.
Perceba o poder do detalhe na análise que fazemos do mundo, incluindo o comportamento das pessoas com quem convivemos. Em geral, elas são lembradas pelos pequenos atos – e não pelos grandes –, pelo simples fato de que realizamos muitos pequenos atos em nosso cotidiano. Claro, algo como um feito heróico ou um trabalho excepcional irão marcar e criar memória. Mas, no dia a dia das relações, nossa imagem será construída a partir de nossos pequenos comportamentos. Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam.
[...]
O detalhe seduz, surpreende, alegra, faz sorrir. É o quadro colorido na parede branca, a rosa branca no buquê vermelho, a frase alegre no discurso sério. [...]. Aliás, é na boa literatura que nos fartamos de detalhes encantadores. Machado de Assis, por exemplo, assim relata um personagem na orla do Rio: “Ao passar pela Glória, Camilo vê o mar e estende os olhos até onde a água e o céu se dão um abraço infinito”. Vamos concordar. Olhar o horizonte no mar é uma coisa. Perceber o ponto onde o céu e o mar se dão um abraço infinito é outra coisa. Dá vontade de estar lá. [...]. Preocupar-se com essas miudezas é ver o que é invisível aos olhos e às almas menos sensíveis. Quando Roberto (Carlos) cantou que detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer, ele não estava apenas fazendo a apologia a um romance, mas chamando atenção para o singular, para o fato que faz a diferença. Um namoro que não cultiva isso é só uma amizade. A Lu, minha esposa e especialista em detalhes, alimenta nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá para viver, talvez sua ausência não seja notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho [...], ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o detalhe.
Adaptação do texto disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/os-detalhes-no-dia-a-dia/ Acesso em: 10.04.19.
TEXTO 1
Os detalhes no dia a dia
EUGENIO MUSSAK
DATA: 15/11/2018
O Olhar humano é capaz de varrer rapidamente uma cena com relativa complexidade e ver todos os
elementos, mas isso não significa que eles serão percebidos ou registrados. Antes, o cérebro tem que
processar os componentes daquele espaço e, para isso, precisa de ajuda. E quem vem em socorro são dois
facilitadores da percepção: o significado ou o detalhe. Imagine que você entra em um escritório à procura das
chaves do carro. Mesmo em meio à profusão de coisas de uma mesa de trabalho, você vê o que procurava.
É que você já havia feito uma imagem mental do objeto desejado e, ao vê-lo, imediatamente fez a conexão e
o fato se realizou. Valeu o significado. Mas, se olhar para a mesma mesa sem procurar algo específico, você
só vai perceber aquilo que, de alguma forma, fuja do trivial. Uma flor vermelha em um vaso de cristal, por
exemplo. Aqui, você foi alertado pelo detalhe.
Perceba o poder do detalhe na análise que fazemos do mundo, incluindo o comportamento das pessoas com quem convivemos. Em geral, elas são lembradas pelos pequenos atos – e não pelos grandes –, pelo simples fato de que realizamos muitos pequenos atos em nosso cotidiano. Claro, algo como um feito heróico ou um trabalho excepcional irão marcar e criar memória. Mas, no dia a dia das relações, nossa imagem será construída a partir de nossos pequenos comportamentos. Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam.
[...]
O detalhe seduz, surpreende, alegra, faz sorrir. É o quadro colorido na parede branca, a rosa branca no buquê vermelho, a frase alegre no discurso sério. [...]. Aliás, é na boa literatura que nos fartamos de detalhes encantadores. Machado de Assis, por exemplo, assim relata um personagem na orla do Rio: “Ao passar pela Glória, Camilo vê o mar e estende os olhos até onde a água e o céu se dão um abraço infinito”. Vamos concordar. Olhar o horizonte no mar é uma coisa. Perceber o ponto onde o céu e o mar se dão um abraço infinito é outra coisa. Dá vontade de estar lá. [...]. Preocupar-se com essas miudezas é ver o que é invisível aos olhos e às almas menos sensíveis. Quando Roberto (Carlos) cantou que detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer, ele não estava apenas fazendo a apologia a um romance, mas chamando atenção para o singular, para o fato que faz a diferença. Um namoro que não cultiva isso é só uma amizade. A Lu, minha esposa e especialista em detalhes, alimenta nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá para viver, talvez sua ausência não seja notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho [...], ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o detalhe.
Adaptação do texto disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/os-detalhes-no-dia-a-dia/ Acesso em: 10.04.19.
TEXTO 1
Os detalhes no dia a dia
EUGENIO MUSSAK
DATA: 15/11/2018
O Olhar humano é capaz de varrer rapidamente uma cena com relativa complexidade e ver todos os
elementos, mas isso não significa que eles serão percebidos ou registrados. Antes, o cérebro tem que
processar os componentes daquele espaço e, para isso, precisa de ajuda. E quem vem em socorro são dois
facilitadores da percepção: o significado ou o detalhe. Imagine que você entra em um escritório à procura das
chaves do carro. Mesmo em meio à profusão de coisas de uma mesa de trabalho, você vê o que procurava.
É que você já havia feito uma imagem mental do objeto desejado e, ao vê-lo, imediatamente fez a conexão e
o fato se realizou. Valeu o significado. Mas, se olhar para a mesma mesa sem procurar algo específico, você
só vai perceber aquilo que, de alguma forma, fuja do trivial. Uma flor vermelha em um vaso de cristal, por
exemplo. Aqui, você foi alertado pelo detalhe.
Perceba o poder do detalhe na análise que fazemos do mundo, incluindo o comportamento das pessoas com quem convivemos. Em geral, elas são lembradas pelos pequenos atos – e não pelos grandes –, pelo simples fato de que realizamos muitos pequenos atos em nosso cotidiano. Claro, algo como um feito heróico ou um trabalho excepcional irão marcar e criar memória. Mas, no dia a dia das relações, nossa imagem será construída a partir de nossos pequenos comportamentos. Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam.
[...]
O detalhe seduz, surpreende, alegra, faz sorrir. É o quadro colorido na parede branca, a rosa branca no buquê vermelho, a frase alegre no discurso sério. [...]. Aliás, é na boa literatura que nos fartamos de detalhes encantadores. Machado de Assis, por exemplo, assim relata um personagem na orla do Rio: “Ao passar pela Glória, Camilo vê o mar e estende os olhos até onde a água e o céu se dão um abraço infinito”. Vamos concordar. Olhar o horizonte no mar é uma coisa. Perceber o ponto onde o céu e o mar se dão um abraço infinito é outra coisa. Dá vontade de estar lá. [...]. Preocupar-se com essas miudezas é ver o que é invisível aos olhos e às almas menos sensíveis. Quando Roberto (Carlos) cantou que detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer, ele não estava apenas fazendo a apologia a um romance, mas chamando atenção para o singular, para o fato que faz a diferença. Um namoro que não cultiva isso é só uma amizade. A Lu, minha esposa e especialista em detalhes, alimenta nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá para viver, talvez sua ausência não seja notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho [...], ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o detalhe.
Adaptação do texto disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/os-detalhes-no-dia-a-dia/ Acesso em: 10.04.19.
TEXTO 1
Os detalhes no dia a dia
EUGENIO MUSSAK
DATA: 15/11/2018
O Olhar humano é capaz de varrer rapidamente uma cena com relativa complexidade e ver todos os
elementos, mas isso não significa que eles serão percebidos ou registrados. Antes, o cérebro tem que
processar os componentes daquele espaço e, para isso, precisa de ajuda. E quem vem em socorro são dois
facilitadores da percepção: o significado ou o detalhe. Imagine que você entra em um escritório à procura das
chaves do carro. Mesmo em meio à profusão de coisas de uma mesa de trabalho, você vê o que procurava.
É que você já havia feito uma imagem mental do objeto desejado e, ao vê-lo, imediatamente fez a conexão e
o fato se realizou. Valeu o significado. Mas, se olhar para a mesma mesa sem procurar algo específico, você
só vai perceber aquilo que, de alguma forma, fuja do trivial. Uma flor vermelha em um vaso de cristal, por
exemplo. Aqui, você foi alertado pelo detalhe.
Perceba o poder do detalhe na análise que fazemos do mundo, incluindo o comportamento das pessoas com quem convivemos. Em geral, elas são lembradas pelos pequenos atos – e não pelos grandes –, pelo simples fato de que realizamos muitos pequenos atos em nosso cotidiano. Claro, algo como um feito heróico ou um trabalho excepcional irão marcar e criar memória. Mas, no dia a dia das relações, nossa imagem será construída a partir de nossos pequenos comportamentos. Para o bem ou para o mal, os detalhes nos denunciam.
[...]
O detalhe seduz, surpreende, alegra, faz sorrir. É o quadro colorido na parede branca, a rosa branca no buquê vermelho, a frase alegre no discurso sério. [...]. Aliás, é na boa literatura que nos fartamos de detalhes encantadores. Machado de Assis, por exemplo, assim relata um personagem na orla do Rio: “Ao passar pela Glória, Camilo vê o mar e estende os olhos até onde a água e o céu se dão um abraço infinito”. Vamos concordar. Olhar o horizonte no mar é uma coisa. Perceber o ponto onde o céu e o mar se dão um abraço infinito é outra coisa. Dá vontade de estar lá. [...]. Preocupar-se com essas miudezas é ver o que é invisível aos olhos e às almas menos sensíveis. Quando Roberto (Carlos) cantou que detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer, ele não estava apenas fazendo a apologia a um romance, mas chamando atenção para o singular, para o fato que faz a diferença. Um namoro que não cultiva isso é só uma amizade. A Lu, minha esposa e especialista em detalhes, alimenta nossa relação com pequenos mimos. Sem eles até dá para viver, talvez sua ausência não seja notada. Mas sua presença faz a diferença. Quando me traz um copo de leite enquanto trabalho [...], ela está lançando mão do mais poderoso antídoto à monotonia e declamando o mais sublime poema da vida cotidiana: o detalhe.
Adaptação do texto disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/os-detalhes-no-dia-a-dia/ Acesso em: 10.04.19.
TEXTO 2
Vista cansada
[...]
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
[...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
TEXTO 2
Vista cansada
[...]
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
[...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
TEXTO 2
Vista cansada
[...]
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
[...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
Analise os trechos.
I- Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver.
II- O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
III- Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Quanto às figuras de linguagem presentes nos trechos, assinale a alternativa correta.
TEXTO 2
Vista cansada
[...]
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
[...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
TEXTO 2
Vista cansada
[...]
Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver.
[...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.
Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.
Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
Vista cansada
[...] Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. [...]. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio. Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer. Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos. Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. Adaptação do texto de Otto Lara Resende. “Folha de S. Paulo”, edição de 23/02/1992.
Na crônica “Vista cansada” (Texto 2), o autor afirma que “O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê.” Identifique os versos que confirmam essa afirmação.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO 3
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74.
TEXTO 4
“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano
Renata Moura
Da BBC Brasil em Londres
[...]
As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".
Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.
O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.
"Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.
[...]
Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.
"As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".
Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".
"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.
Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.
[...]
"Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
[...]
"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus
próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas
concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas
tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.
Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19.
TEXTO 4
“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano
Renata Moura
Da BBC Brasil em Londres
[...]
As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".
Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.
O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.
"Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.
[...]
Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.
"As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".
Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".
"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.
Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.
[...]
"Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
[...]
"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus
próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas
concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas
tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.
Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19.
TEXTO 4
“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano
Renata Moura
Da BBC Brasil em Londres
[...]
As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".
Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.
O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.
"Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.
[...]
Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.
"As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".
Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".
"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.
Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.
[...]
"Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
[...]
"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus
próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas
concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas
tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.
Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19.
TEXTO 4
“Redes sociais reduzem noção de vergonha, diálogo e empatia”, diz psicoterapeuta americano
Renata Moura
Da BBC Brasil em Londres
[...]
As redes sociais evocam diferentes aspectos psicológicos do usuário e podem causar o chamado "efeito desinibição online".
Na visão de Balick [psicoterapeuta, palestrante e autor americano], isso significa que, na internet, as pessoas ficam mais encorajadas a agir de forma antissocial, comportamento que muitas vezes evitariam se estivessem cara a cara com o outro.
O freio que impede a adoção de certas posturas "na vida real" muitas vezes não funciona no ambiente virtual justamente por causa desse "efeito", diz ele.
"Esse freio vem da nossa capacidade crítica, ou do que os psicólogos chamam de funcionamento executivo. A função executiva pode ser contornada ou evitada online de diversas formas". A principal que ele cita é o efeito de desinibição online.
[...]
Pela ausência de complexidade nos relacionamentos e de profundidade emocional, segundo Balick, as redes sociais tendem a reduzir a empatia e o diálogo, acentuando a polarização entre os usuários.
"As redes sociais certamente não são desprovidas de empatia, mas em uma escala cultural de massa, elas parecem estar mais inclinadas ao bairrismo e isso acaba reduzindo, em vez de ampliar, o diálogo através de divisões ideológicas".
Essas divisões, observa ele, são cada vez mais aparentes através das redes e ampliadas por elas. Isso ocorre "porque é fácil tomar partido sem se envolver na nuance de um argumento".
"O mundo se divide em bom e mau e a nuance se perde. Em encontros cara a cara isso é mais difícil de manter porque o diálogo atenua o pensamento polarizado simplista ao permitir que vejamos a humanidade no outro", diz.
Isso não significa, porém, que seja impossível encorajar mais pensamentos empáticos nesse meio e os desenvolvedores desses sites teriam papel importante nesse sentido.
[...]
"Eu acho que há a possibilidade de integrar essas mudanças a plataformas que já existem. Tome como exemplo o botão de curtir do Facebook. Por anos ele foi a única opção, mas agora há variações que expressam surpresa, raiva, tristeza etc. É uma pequena mudança, mas ela admite outra camada de complexidade", diz Balick.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
[...]
"Como temos visto, as redes sociais têm sido um pouco boas demais em isolar pessoas em seus
próprios círculos e alimentá-las com notícias (reais e falsas) para reforçar suas posições", diz. "Mas
concessões, compreensão e empatia são cruciais em diversas sociedades e nós precisamos educar nossas
tecnologias rapidamente para lidar com isso", conclui.
Adaptação do texto disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-42197265 Acesso em: 15.05.19.
Outra adaptação possível, exemplifica ele, seria quando "um valor político" fosse consistentemente apresentado no perfil do usuário o Facebook sugerir algo como "você gostaria de ler sobre uma visão diferente?".
De acordo com o processo de formação dos tempos verbais, as formas destacadas, apesar de serem o
mesmo verbo, são flexionadas de modo diferentes porque