TEXTO I. Para a questão.
A sabedoria de ouvir
(...)
Tudo que se move faz barulho, então todos os
sons são testemunhas de acontecimentos. Se o tato é o
mais pessoal dos sentidos, então a audição – que é
uma espécie de toque a distância – é o mais social
deles.
Ele também é o sentido cão de guarda. Sons nos
avisam dos acontecimentos. Mesmo quando estamos
dormindo, o cérebro é alertado por determinados sons.
Uma mãe acorda com o choramingar de seu bebê. A
pessoa comum é rapidamente despertada pelo som do
próprio nome. Não é de surpreender que o homem
moderno urbano tenha rejeitado e até mutilado o mais
interessante dos sentidos. Mas a audição também pode
acalmar e confortar. O estalar das toras de madeira na
lareira, o sussurro comum de uma vassoura, o chiado
curioso de uma gaveta abrindo – todos esses são sons
reconfortantes.
Em um lar cheio de amor, toda cadeira produz
um ranger diferente e reconhecível, toda janela, um
clique, gemido ou rangido diferente. A própria
cozinha é uma fonte de muitos sons agradáveis – o
som ritmado de massa sendo batida em uma tigela de
louça, o borbulhar de uma sopa fervendo.
Muitas pessoas ficariam surpresas em descobrir
em que escala o sentido da audição pode ser cultivado.
(...)
(Seleções Reader’sDigest. Por John KordLagemann,
janeiro/2019, p. 63-67).