Lixo eletrônico: pedras artificiais no meio do ambiente
No meio do caminho tinha uma pilha
tinha uma bateria no meio do caminho
tinha smartphones, computadores, televisores, rádios e
outros aparelhos eletrônicos no meio do caminho.
Você pode pensar que algo está errado com esse
poema de Carlos Drummond de Andrade. No entanto, ele foi
simplesmente atualizado. As pedras drummondianas foram
substituídas por aparelhos eletrônicos descartados de
maneira inadequada no meio ambiente.
Se o poeta estivesse vivo, se depararia com uma
produção anual global de 53,6 milhões de toneladas de lixo
eletrônico e elétrico, uma média de 7,3kg por pessoa,
conforme relatório da Organização das Nações Unidas (ONU)
em 2020.
O e-lixo, termo atribuído a todo componente
eletrônico descartado na natureza sem tratamento, não
polui apenas o meio ambiente, mas também acarreta
problemas de saúde pública, expondo as pessoas a
substâncias perigosas e cancerígenas, como mercúrio,
chumbo e cádmio. A presença de lixo eletrônico em aterros
contamina o solo e os lençóis freáticos, ameaçando os
sistemas de fornecimento de alimentos e recursos hídricos.
A reciclagem e a implementação de sistemas de
logística reversa surgem como as melhores soluções para
minimizar os efeitos pós-consumo. A coleta seletiva e a
reutilização de materiais eletrônicos têm o potencial de
gerar renda e proporcionar uma melhor qualidade de vida
para todos.
Contudo, a melhor forma de mudar essa situação é
por meio da educação ambiental, que deve começar bem
cedo. Seja dentro de casa ou nas escolas, crianças e jovens
precisam aprender a separar os recicláveis e rever a própria
maneira como consumem, produzem e depois descartam
seus resíduos.
(Fernando Uliana Barboza – Eco Debate. Adaptado).