Questões de Concurso Público UFRJ 2015 para Auxiliar de Enfermagem

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Q501240 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
No trecho “Se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição.”, é correto afirmar que:
Alternativas
Q501241 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
O autor lança mão de metáforas, de modo que os elementos presentes no texto podem ser reinterpretados conforme o olhar do leitor. Assinale a alternativa que NÃO constitui uma informação ou possível interpretação do texto.
Alternativas
Q501242 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
“Aqui, ninguém, a não ser tu, podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a ti. Agora, vou-me embora e a fecho.” As frases que encerram a parábola evidenciam que:
Alternativas
Q501243 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
“Esquece-se dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único [...]”. O uso do termo destacado sugere que:
Alternativas
Q501244 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
“Faz diversas diligências para entrar [...]”; “O homem, que se provera bem para a viagem, emprega [...]”; “[...] mover o seu corpo já arrefecido.” As palavras destacadas poderiam ser substituídas, mantendo o mesmo valor semântico, por, respectivamente:
Alternativas
Q501245 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
Os vocábulos acriançado e demover são formados, respectivamente, a partir dos processos de:
Alternativas
Q501246 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
Assinale a alternativa em que a regra de regência verbal é a mesma empregada em: “Esquece-se dos outros porteiros.”
Alternativas
Q501247 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
O emprego da crase está corretamente justificado em:
Alternativas
Q501248 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
Considere o período a seguir:
“O porteiro tem de curvar-se profundamente, visto que a diferença das estaturas se modifcara bastante.”.
A conjunção em destaque pode ser substituída, sem alterar o sentido do período, por:
Alternativas
Q501249 Português
Leia o texto disposto a seguir e responda a questão.

    Diante da Lei está um porteiro. Um homem que  vem do campo acerca-se dele e pede para entrar na  Lei. O porteiro, porém, responde que naquele momento não pode deixá-lo entrar. O homem medita e pergunta se mais tarde terá autorização para entrar. “É possível", responde o porteiro, “mas agora não  pode ser". Como o portão que dá acesso à Lei se encontra, como sempre, aberto, e o porteiro se afasta  um pouco para o lado, o homem inclina-se a fim de  olhar para o interior. Assim que o porteiro percebe isso, desata a rir e diz: “se te sentes tão atraído, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o mais ínfimo  dos porteiros. De sala para sala, há outros sentinelas,  cada um mais forte que o outro. Eu não posso sequer  suportar o olhar do terceiro."
     O camponês não esperava encontrar tais dificuldades, “a Lei devia ser sempre acessível a toda a
gente
", pensa ele. Porém, ao observar melhor o porteiro envolto no seu capote de peles, o seu grande
nariz afilado, a longa barba rala e negra à tártaros,  acha que é melhor esperar até lhe darem autorização  para entrar. O porteiro dá ao jovem um banquinho e o  faz sentar-se a um lado, frente à porta. Durante anos  ele permanece sentado. Faz diversas diligências para  entrar e fatiga o porteiro com os seus pedidos. Às  vezes, o sentinela o submetia a pequenos interrogatórios sobre a sua terra e muitas outras coisas, mas  de uma maneira indiferente, como fazem os grandes  senhores, e no fim, diz-lhe sempre que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se provera bem  para a viagem, emprega tudo, por mais valioso que  fosse, para subornar o porteiro. Este aceita tudo, mas  diz: “só aceito o que me dás para que te convenças  de que nada omitiste."
     Durante todos aqueles longos anos, o homem olha  quase ininterruptamente para o porteiro. Esquece-se  dos outros porteiros; parece-lhe que o porteiro é o único obstáculo que se opõe à sua entrada na Lei. Amaldiçoa em voz alta o infeliz acaso dos primeiros anos;  mais tarde, à medida que envelhece, já não faz outra  coisa senão resmungar. Torna-se acriançado e, como  durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também  por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim,  pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro. Por  fim, a sua vista torna-se tão fraca que já nem sabe se  escurece realmente à sua volta ou se é apenas ilusão  dos seus olhos. Agora, em meio às trevas, percebe  um raio de luz inextinguível através da porta da Lei. Mas ele já não tem muito tempo de vida.
     Antes de morrer, todas as experiências por que  passara durante esse tempo convergem para uma pergunta que, até essa altura, ainda não formulara. Faz  um sinal ao porteiro para que se aproxime, pois não  podia mover o seu corpo já arrefecido. O porteiro tem  de curvar-se profundamente, visto que a diferença das  estaturas se modificara bastante. “Que queres tu ainda  saber?", pergunta o porteiro. “És insaciável." “Se todos  aspiram à Lei", diz o homem, “como é que, durante todos esses anos,  ninguém mais, além de mim, pediu  para entrar?" O porteiro percebe que o homem já está  às portas da morte, de modo que para alcançar o seu  ouvido moribundo, berra: “Aqui, ninguém, a não ser tu,
podia entrar, pois esta entrada era apenas destinada a  ti. Agora, vou-me embora e a fecho
."

                                                                           KAFKA, F. O Processo. Biblioteca Visão. p. 152-153.
                                                                                 Tradução Gervásio Álvaro. (Fragmento adaptado)
“Torna-se acriançado e, como durante anos a fio estudou o porteiro, acaba também por conhecer as pulgas da gola do seu capote; assim, pede-lhes que o ajudem a demover o porteiro.”.
O pronome oblíquo em destaque estabelece a coesão textual, pois substitui o termo:
Alternativas
Respostas
1: E
2: D
3: B
4: C
5: B
6: E
7: D
8: E
9: B
10: A