Questões de Concurso Público UFRJ 2017 para Assistente em Administração
Foram encontradas 50 questões
O trecho adiante é um fragmento do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto (1881-1922). Leia-o e responda às questões propostas a seguir:
“(...) De manhã, pus-me a recapitular todos esses
episódios; e sobre todos pairava a figura inflada,
mescla de suíno e de símio, do célebre jornalista
Raul Gusmão. O próprio Oliveira, tão parvo e tão
besta, tinha alguma coisa dele, do seu fingimento
de superioridade, dos seus gestos fabricados, da
sua procura de frases de efeito, de seu galope para
o espanto e para a surpresa. Era já o genial, com
quem viria travar conhecimento mais tarde, que me
assombrava com o seu maquinismo de pose e me
colhia nos alçapões de apanhar os simples. E senti
também que o espantoso Gusmão e o bobo Oliveira
me tinham desviado da observação meticulosa a que
vinha submetendo o padeiro de Itaporanga. Achava
extraordinário que um varejista de um vilarejo longínquo
cultivasse e mantivesse amizades tão fora do
seu círculo; não se explicava bem aquele seu norteio
para os jornalistas, a especial admiração com que os
cercava, o carinho com que tratava todos. (...)”
O trecho adiante é um fragmento do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto (1881-1922). Leia-o e responda às questões propostas a seguir:
“(...) De manhã, pus-me a recapitular todos esses
episódios; e sobre todos pairava a figura inflada,
mescla de suíno e de símio, do célebre jornalista
Raul Gusmão. O próprio Oliveira, tão parvo e tão
besta, tinha alguma coisa dele, do seu fingimento
de superioridade, dos seus gestos fabricados, da
sua procura de frases de efeito, de seu galope para
o espanto e para a surpresa. Era já o genial, com
quem viria travar conhecimento mais tarde, que me
assombrava com o seu maquinismo de pose e me
colhia nos alçapões de apanhar os simples. E senti
também que o espantoso Gusmão e o bobo Oliveira
me tinham desviado da observação meticulosa a que
vinha submetendo o padeiro de Itaporanga. Achava
extraordinário que um varejista de um vilarejo longínquo
cultivasse e mantivesse amizades tão fora do
seu círculo; não se explicava bem aquele seu norteio
para os jornalistas, a especial admiração com que os
cercava, o carinho com que tratava todos. (...)”
Considere o que informa o trecho adiante no conjunto do fragmento dado. Assinale a alternativa com os termos que expressam, respectivamente, os sentidos dados pelo narrador às expressões em destaque.
“(...) Achava extraordinário que um varejista
de um vilarejo longínquo cultivasse e mantivesse
amizades tão fora do seu círculo; não se explicava bem aquele seu norteio para os jornalistas,
a especial admiração com que os cercava, o carinho
com que tratava todos. (...)”
O trecho adiante é um fragmento do romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto (1881-1922). Leia-o e responda às questões propostas a seguir:
“(...) De manhã, pus-me a recapitular todos esses
episódios; e sobre todos pairava a figura inflada,
mescla de suíno e de símio, do célebre jornalista
Raul Gusmão. O próprio Oliveira, tão parvo e tão
besta, tinha alguma coisa dele, do seu fingimento
de superioridade, dos seus gestos fabricados, da
sua procura de frases de efeito, de seu galope para
o espanto e para a surpresa. Era já o genial, com
quem viria travar conhecimento mais tarde, que me
assombrava com o seu maquinismo de pose e me
colhia nos alçapões de apanhar os simples. E senti
também que o espantoso Gusmão e o bobo Oliveira
me tinham desviado da observação meticulosa a que
vinha submetendo o padeiro de Itaporanga. Achava
extraordinário que um varejista de um vilarejo longínquo
cultivasse e mantivesse amizades tão fora do
seu círculo; não se explicava bem aquele seu norteio
para os jornalistas, a especial admiração com que os
cercava, o carinho com que tratava todos. (...)”
ESTÁCIO, HOLLY ESTÁCIO
Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
Bem no compasso,
Bem junto ao passo
Do passista da escola de samba
Do Largo do Estácio
O Estácio acalma o sentido dos erros que eu faço
Trago não traço,
Faço não caço
O amor da morena maldita
Domingo no espaço
Fico manso, amanso a dor
Holliday é um dia de paz
Solto o ódio, mato o amor
Holliday eu já não penso mais
Luiz Melodia
ESTÁCIO, HOLLY ESTÁCIO
Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
Bem no compasso,
Bem junto ao passo
Do passista da escola de samba
Do Largo do Estácio
O Estácio acalma o sentido dos erros que eu faço
Trago não traço,
Faço não caço
O amor da morena maldita
Domingo no espaço
Fico manso, amanso a dor
Holliday é um dia de paz
Solto o ódio, mato o amor
Holliday eu já não penso mais
Luiz Melodia
O texto adiante é um fragmento do artigo Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Sua autora, Sueli Carneiro, é filósofa, escritora, ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, fundadora e coordenadora executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra São Paulo SP.
Leia-o, atentamente, e responda à questão.
“Insisto em contar a forma pela qual foi assegurada, no registro de nascimento de minha filha Luanda, a sua identidade negra. O pai, branco, vai ao cartório, o escrivão preenche o registro e, no campo destinado à cor, escreve: branca. O pai diz ao escrivão que a cor está errada, porque a mãe da criança é negra. O escrivão, resistente, corrige o erro e planta a nova cor: parda. O pai novamente reage e diz que sua filha não é parda. O escrivão irritado pergunta, ‘Então qual a cor de sua filha?’. O pai responde, ‘Negra’. O escrivão retruca, ‘Mas ela não puxou nem um pouquinho ao senhor?’ É assim que se vão clareando as pessoas no Brasil e o Brasil.
Esse pai, brasileiro naturalizado e de fenótipo
ariano, não tem, como branco que de fato é, as dúvidas metafísicas que assombram a racialidade no
Brasil, um país percebido por ele e pela maioria de
estrangeiros brancos como de maioria negra. Não
fosse a providência e insistência paternas, minha filha
pagaria eternamente o mico de, com sua vasta
carapinha, ter o registro de branca, como ocorre com
filhos de um famoso jogador de futebol negro.”
O texto adiante é um fragmento do artigo Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Sua autora, Sueli Carneiro, é filósofa, escritora, ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, fundadora e coordenadora executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra São Paulo SP.
Leia-o, atentamente, e responda à questão.
“Insisto em contar a forma pela qual foi assegurada, no registro de nascimento de minha filha Luanda, a sua identidade negra. O pai, branco, vai ao cartório, o escrivão preenche o registro e, no campo destinado à cor, escreve: branca. O pai diz ao escrivão que a cor está errada, porque a mãe da criança é negra. O escrivão, resistente, corrige o erro e planta a nova cor: parda. O pai novamente reage e diz que sua filha não é parda. O escrivão irritado pergunta, ‘Então qual a cor de sua filha?’. O pai responde, ‘Negra’. O escrivão retruca, ‘Mas ela não puxou nem um pouquinho ao senhor?’ É assim que se vão clareando as pessoas no Brasil e o Brasil.
Esse pai, brasileiro naturalizado e de fenótipo
ariano, não tem, como branco que de fato é, as dúvidas metafísicas que assombram a racialidade no
Brasil, um país percebido por ele e pela maioria de
estrangeiros brancos como de maioria negra. Não
fosse a providência e insistência paternas, minha filha
pagaria eternamente o mico de, com sua vasta
carapinha, ter o registro de branca, como ocorre com
filhos de um famoso jogador de futebol negro.”
TEXTO 4
Leia atentamente o texto abaixo e responda a questão.
Maria Firmina dos Reis (1825-1917), escritora e educadora, autodidata, nasceu na ilha de São Luís do Maranhão. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna, acolhimento esse crucial para a sua formação. Foi incentivada pelo escritor e gramático Sotero dos Reis, seu primo por parte de mãe, a dedicar-se na busca pelo conhecimento. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução primária no município de Viamão e foi aprovada. Nessa região, até 1881, exerceu a profissão de professora de primeiras letras. Em 1859, publicou o que é considerada sua principal obra e um dos primeiros romances abolicionistas da literatura brasileira – Úrsula. A obra foi classificada como um dos primeiros escritos de uma mulher negra brasileira, com forte imersão em elementos da tradição africana, que trata a tragédia da escravidão a partir da perspectiva dos negros escravizados.
Trecho adaptado de Antigo – A cor da Cultura
TEXTO 4
Leia atentamente o texto abaixo e responda a questão.
Maria Firmina dos Reis (1825-1917), escritora e educadora, autodidata, nasceu na ilha de São Luís do Maranhão. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna, acolhimento esse crucial para a sua formação. Foi incentivada pelo escritor e gramático Sotero dos Reis, seu primo por parte de mãe, a dedicar-se na busca pelo conhecimento. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução primária no município de Viamão e foi aprovada. Nessa região, até 1881, exerceu a profissão de professora de primeiras letras. Em 1859, publicou o que é considerada sua principal obra e um dos primeiros romances abolicionistas da literatura brasileira – Úrsula. A obra foi classificada como um dos primeiros escritos de uma mulher negra brasileira, com forte imersão em elementos da tradição africana, que trata a tragédia da escravidão a partir da perspectiva dos negros escravizados.
Trecho adaptado de Antigo – A cor da Cultura
TEXTO 5
Há alguns anos circula na internet o “teste do pescoço”, que instiga o leitor a refletir sobre as desigualdades em nossa sociedade a partir de suas experiências cotidianas, particularmente no tocante à presença ou ausência de negros e brancos em diferentes atividades e espaços sociais: qual a cor dos médicos, dos trabalhadores domésticos, dos políticos, de professores, alunos e funcionários em colégios de elite e nas universidades etc. A ideia é que a contemplação desses lugares permite uma resposta intuitiva à questão se há ou não discriminação no Brasil: pretos e pardos são raramente encontrados nas áreas e funções de maior poder aquisitivo e status social, ao passo que brancos nelas dominam. (...)”
Fragmento inicial, adaptado, do Relatório das desigualdades de raça, gênero e classe / ano 2017 / Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa | UERJ
Considere este trecho inicial do texto: “Há alguns
anos circula na internet o ‘teste do pescoço’, que
instiga o leitor a refletir sobre as desigualdades
em nossa sociedade (...)”. Se quisermos
preservar suas coesão e coerência textuais,
podemos substituir os termos em destaque,
respectivamente, por:
VOZ DE SANGUE
- Palpitam-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue
- Ó negro esfarrapado do Harlem...
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South
- Ó negro de África
negros de todo o mundo
eu junto ao vosso canto
a minha pobre voz
os meus humildes ritmos.
- Eu vos acompanho
pelas emaranhadas áfricas
do nosso Rumo
- Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
(António) AGOSTINHO NETO (1922-1979), médico, formado
nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, foi Presidente do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPL, e, em 1975, tornou-se
o primeiro Presidente de Angola, cargo que exerceu até 1979.
VOZ DE SANGUE
- Palpitam-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue
- Ó negro esfarrapado do Harlem...
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South
- Ó negro de África
negros de todo o mundo
eu junto ao vosso canto
a minha pobre voz
os meus humildes ritmos.
- Eu vos acompanho
pelas emaranhadas áfricas
do nosso Rumo
- Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
(António) AGOSTINHO NETO (1922-1979), médico, formado
nas Universidades de Coimbra e de Lisboa, foi Presidente do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPL, e, em 1975, tornou-se
o primeiro Presidente de Angola, cargo que exerceu até 1979.
TEXTO 7
O texto adiante apresenta fragmentos do poema Às mulheres da minha terra, de Alda Espírito Santo, poeta, professora e jornalista de São Tomé e Príncipe. Leia-o e responda à questão proposta a seguir:
ÀS MULHERES DA MINHA TERRA
“Irmãs do meu torrão pequeno
Que passais pela estrada do meu país de África
É para vós, irmãs, a minha alma toda inteira
— Há em mim uma lacuna amarga —
Eu queria falar convosco no nosso crioulo cantante
Queria levar até vós, a mensagem das nossas vidas
Na língua maternal, bebida com o leite dos nossos primeiros dias
Mas, irmãs, vou buscar um idioma emprestado
Para mostrar-vos a nossa terra
O nosso grande continente,
Duma ponta a outra.
(...)
Amigas, as nossas mãos juntas,
As nossas mãos negras
Prendendo os nossos sonhos estéreis
Varrendo com fúria Com a fúria das nossas “palayês”1
Das nossas feiras,
As coisas más da nossa vida.
(...)”
1 vendedoras
Alda Espírito Santo, poeta, professora e jornalista, também
conhecida por Alda Graça, nasceu em 30 de abril de
1926, na cidade de São Tomé, capital do Arquipélago de
São Tomé e Príncipe. Após a independência do país, ocorrida
em 12 de junho de 1975, Alda Espírito Santo ocupou
vários cargos sucessivos no governo da jovem nação, entre
os quais os de Ministra da Educação e Cultura, Ministra da
Informação e Cultura, Presidente da Assembleia Nacional e
Secretária Geral da União Nacional de Escritores e Artistas
de São Tomé e Príncipe. Nesse ano, em novembro, compõe
a letra do Hino Nacional de São Tomé e Príncipe, intitulado
“Independência Total”. No ano de 1976, publica seu
primeiro livro de poemas, intitulado “O jogral das Ilhas”. Em
1978, publica o livro de poemas “É nosso o solo sagrado da
terra-poesia de protesto e luta”, que reúne uma coletânea
dos poemas produzidos por Alda entre os anos de 1950-
1970. Em 9 de março de 2010, falece a poeta Alda Espírito
Santo, em Luanda (Angola).
TEXTO 7
O texto adiante apresenta fragmentos do poema Às mulheres da minha terra, de Alda Espírito Santo, poeta, professora e jornalista de São Tomé e Príncipe. Leia-o e responda à questão proposta a seguir:
ÀS MULHERES DA MINHA TERRA
“Irmãs do meu torrão pequeno
Que passais pela estrada do meu país de África
É para vós, irmãs, a minha alma toda inteira
— Há em mim uma lacuna amarga —
Eu queria falar convosco no nosso crioulo cantante
Queria levar até vós, a mensagem das nossas vidas
Na língua maternal, bebida com o leite dos nossos primeiros dias
Mas, irmãs, vou buscar um idioma emprestado
Para mostrar-vos a nossa terra
O nosso grande continente,
Duma ponta a outra.
(...)
Amigas, as nossas mãos juntas,
As nossas mãos negras
Prendendo os nossos sonhos estéreis
Varrendo com fúria Com a fúria das nossas “palayês”1
Das nossas feiras,
As coisas más da nossa vida.
(...)”
1 vendedoras
Alda Espírito Santo, poeta, professora e jornalista, também
conhecida por Alda Graça, nasceu em 30 de abril de
1926, na cidade de São Tomé, capital do Arquipélago de
São Tomé e Príncipe. Após a independência do país, ocorrida
em 12 de junho de 1975, Alda Espírito Santo ocupou
vários cargos sucessivos no governo da jovem nação, entre
os quais os de Ministra da Educação e Cultura, Ministra da
Informação e Cultura, Presidente da Assembleia Nacional e
Secretária Geral da União Nacional de Escritores e Artistas
de São Tomé e Príncipe. Nesse ano, em novembro, compõe
a letra do Hino Nacional de São Tomé e Príncipe, intitulado
“Independência Total”. No ano de 1976, publica seu
primeiro livro de poemas, intitulado “O jogral das Ilhas”. Em
1978, publica o livro de poemas “É nosso o solo sagrado da
terra-poesia de protesto e luta”, que reúne uma coletânea
dos poemas produzidos por Alda entre os anos de 1950-
1970. Em 9 de março de 2010, falece a poeta Alda Espírito
Santo, em Luanda (Angola).
TEXTO 8
CANÇÃO NEGREIRA
Amo-te
com as raízes de uma canção negreira
na madrugada dos meus olhos pardos.
E derrotas de fome
nas minhas mãos de bronze
florescem languidamente na velha
e nervosa cadência marinheira
do cais donde os meus avós negros
embarcaram para hemisférios da escravidão
Mas se as madrugadas
das minhas órbitas violentadas
despertam as raízes do tempo antigo ...
mulher de olhos fadados de amor verde-claro
ventre sedoso de veludo
lábios de mampsincha(*) madura
e soluções de espasmo latejando no quarto
enche de beijos as sirenas do meu sangue
que meninos das mesmas raízes
e das mesmas dolorosas madrugadas
esperam a sua vez.
* fruto comestível de planta rasteira.
José Craveirinha, in Obra Poética.
Maputo: Direcção de Cultura, Universidade Eduardo
Mondlane, 2002.
A forma verbal florescem, na segunda estrofe do
poema dado, concorda com a seguinte expressão:
TEXTO 9
O carioca Joel Rufino dos Santos (1941-2015), além de escritor, foi historiador e professor (da UFRJ e um dos intelectuais de referência sobre o estudo da cultura africana no país.
O texto a seguir é um fragmento adaptado do artigo Joel Rufino e o negro em cena, de Eduardo de Assis Duarte, publicado na revista LITERAFRO.
Joel Rufino dos Santos figura indubitavelmente entre os mais destacados intelectuais negros brasileiros, com dezenas de títulos publicados desde meados do século passado. Em seu livro A história do negro no teatro brasileiro, o autor explicita como o negro aparece inicialmente reduzido a objeto (1) da escrita e da cena concebida pelo branco. E como, após o fim da escravatura, é impedido de atuar e tem que assistir a atores (2) brancos “brochados” de preto falarem por ele nos palcos. O que parece inacreditável para muitos ganha estatuto de verdade histórica: salvo as pouquíssimas (3) exceções que só fazem confirmar a regra (4), somente a partir de meados do século XX, com as atividades pioneiras do TEN – Teatro Experimental do Negro – este começa a se erguer a sujeito de seu discurso e a colocar em cena corpo, voz, fala e dramas por tanto tempo impedidos de chegar as plateias (5).
TEXTO 9
O carioca Joel Rufino dos Santos (1941-2015), além de escritor, foi historiador e professor (da UFRJ e um dos intelectuais de referência sobre o estudo da cultura africana no país.
O texto a seguir é um fragmento adaptado do artigo Joel Rufino e o negro em cena, de Eduardo de Assis Duarte, publicado na revista LITERAFRO.
Joel Rufino dos Santos figura indubitavelmente entre os mais destacados intelectuais negros brasileiros, com dezenas de títulos publicados desde meados do século passado. Em seu livro A história do negro no teatro brasileiro, o autor explicita como o negro aparece inicialmente reduzido a objeto (1) da escrita e da cena concebida pelo branco. E como, após o fim da escravatura, é impedido de atuar e tem que assistir a atores (2) brancos “brochados” de preto falarem por ele nos palcos. O que parece inacreditável para muitos ganha estatuto de verdade histórica: salvo as pouquíssimas (3) exceções que só fazem confirmar a regra (4), somente a partir de meados do século XX, com as atividades pioneiras do TEN – Teatro Experimental do Negro – este começa a se erguer a sujeito de seu discurso e a colocar em cena corpo, voz, fala e dramas por tanto tempo impedidos de chegar as plateias (5).
TEXTO 10
Nascido no dia 24 de novembro de 1861, em Florianópolis, Santa Catarina, Cruz e Sousa era filho de escravos; foi apadrinhado por uma família aristocrática que financiou seus estudos e, com a morte de seu protetor, abandonou os estudos e deu início à carreira de escritor. Colaborou ativamente com a imprensa catarinense, assinando crônicas abolicionistas e participando de campanhas em favor da causa negra. Em 1890 mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde desempenhou várias funções simultaneamente à vida de escritor. Faleceu vítima de tuberculose, aos 36 anos, no dia 19 de março de 1898, na cidade de Antônio Carlos, interior do estado de Minas Gerais.
ALMA SOLITÁRIA
Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!
Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!
que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?
Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!
A partir da análise do vocabulário usado pelo
poeta, marque a alternativa que relaciona, respectivamente,
um substantivo, um adjetivo, uma
interjeição, uma conjunção.
“(...) Entre os fatores constitutivos da globalização, em seu caráter perverso atual, encontram-se a forma como a informação é oferecida à humanidade e a emergência do dinheiro em estado puro como motor da vida econômica e social. (...). O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. Isso é tanto mais grave porque, nas condições atuais da vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e imprescindível. (...)”
Fragmento de Por uma outra globalização: do pensamento
único à consciência universal, 2015, de MILTON SANTOS (3
de maio de 1926, Brotas de Macaúba, Bahia – 24 de junho de
2001, São Paulo). O geógrafo e professor foi preso, durante o
golpe de 1964, e permaneceu no exílio por 13 anos. Depois de
seu retorno ao Brasil, foi professor e pesquisador na UFRJ até
1983. Milton Santos recebeu 20 títulos Doutor Honoris Causa de
universidades brasileiras e estrangeiras.
“(...) Entre os fatores constitutivos da globalização, em seu caráter perverso atual, encontram-se a forma como a informação é oferecida à humanidade e a emergência do dinheiro em estado puro como motor da vida econômica e social. (...). O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. Isso é tanto mais grave porque, nas condições atuais da vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e imprescindível. (...)”
Fragmento de Por uma outra globalização: do pensamento
único à consciência universal, 2015, de MILTON SANTOS (3
de maio de 1926, Brotas de Macaúba, Bahia – 24 de junho de
2001, São Paulo). O geógrafo e professor foi preso, durante o
golpe de 1964, e permaneceu no exílio por 13 anos. Depois de
seu retorno ao Brasil, foi professor e pesquisador na UFRJ até
1983. Milton Santos recebeu 20 títulos Doutor Honoris Causa de
universidades brasileiras e estrangeiras.