Uma mulher de quarenta anos de idade deu
entrada no pronto‑socorro de um hospital, relatando
que, há oito dias, teve febre e dor ao urinar e recebeu
medicação em uma UPA. A paciente apresentava quadro
anêmico desde os dezessete anos de idade, fazendo uso
de sulfato de ferro. Há seis meses, a paciente relatou
que apresentava metrorragia, com dois episódios
menstruais por mês, com aumento do fluxo menstrual,
além de falta de apetite, salivação excessiva e fadiga
extrema há quatro meses. No dia em que deu entrada no
pronto‑socorro, foram realizados hemograma, urocultura,
teste de Coombs direto e dosagem de ferritina. O
hemograma apresentou alteração com valores reduzidos
de 3,1 g/dL, RDW elevado (31,4%) – caracterizando uma
anisocitose –, aumento de leucócitos (50.200/mm3
) e
plaquetas (518.103/mm3
). Foi visualizada a presença de
38 eritroblastos em cem leucócitos contados. A ferritina
foi dosada com valor de 420 ng/mL, mostrando‑se
elevada, enquanto o teste de Coombs direto e de
urocultura apresentaram resultados negativos. No
mesmo dia da admissão hospitalar, a paciente recebeu
uma transfusão sanguínea e, após duas unidades,
foi coletada, no dia seguinte, uma nova amostra de
sangue para análise. O hemograma mostrou certa melhora
em relação a hemoglobina (8,5 g/dL), RDW (19,9%)
e plaquetas (467.100/mm3
), mas houve grande aumento
de leucócitos (184.300/mm3
) e 190 eritroblastos em
cem leucócitos contados. Três dias após a admissão,
o hemograma realizado constava hemoglobina em
9,3 g/dL, RDW com 33%, leucócitos em 140.103 /mm3
e
222 eritroblastos em cem leucócitos contados. Os achados
hemolíticos do último hemograma foram caracterizados
como poiquilocitose de 3+, sendo eles drepanócito ++,
esquizócito +++ e codócitos+. Uma semana após a admissão,
no exame laboratorial, constavam poiquilócitos 1+, com
eliptócitos +, codócitos +, drepanócitos + e corpúsculo
de Howell‑Jolly +, melhorando a hemoglobina para
10,4 g/dL, RDW 24%, leucócitos 12.740/mm3
e cinco
eritroblastos em cem leucócitos contados. Os demais
exames laboratoriais não revelaram anormalidades
significativas. Para fins investigativos, duas eletroforeses
de hemoglobina foram realizadas, no intervalo de
duas semanas: primeiramente, em pH alcalino; e,
posteriormente, em pH ácido, confirmando o perfil de
migração eletroforético da hemoglobina S.