Instrução: Leia o texto a seguir e responda à questão.
Dia da Mulher: tá na hora de virar o disco!
A mulher não é guerreira. Ela é sobrecarregada. Você não está homenageando uma mulher quando
reconhece que ela trabalha feito uma condenada para ganhar algum dinheiro, e quando chega em casa ainda
precisa limpar, lavar, passar, cozinhar, e cuidar da criança, do idoso, do doente ou do marido. Mulher
nenhuma acha isso lindo e, se tivessem escolha, jamais desejariam uma jornada tripla. Parem de romantizar
a exaustão.
A mulher não é uma mistura de força e delicadeza. Ela é uma sobrevivente. Somos cheias de
cicatrizes, o resultado de inúmeras realidades difíceis: abandono, pobreza, abuso, famílias disfuncionais,
assédio, competição, machismo cotidiano, pressão estética, ansiedade. Ela é forte porque precisa ser e,
acredite, também é delicada porque precisa ser.
A mulher não é a rainha do lar, é uma funcionária com expediente infinito. Ser dona de casa é
cansativo, um trabalho não remunerado que não tem fim, que não dá trégua – sábado, domingo, feriado,
enquanto todos descansam é ela que cozinha, lava e limpa. Ser a rainha do lar é a realização suprema para
muitas mulheres, socializadas para amarem essa rotina, e tá tudo bem se essa foi a escolha delas. Mas,
sinceramente, aposto que a mulher da casa na verdade adoraria ser a rainha do sofá, rainha do descanso,
rainha da série, rainha da pizza, rainha do restaurante chique, rainha das férias remuneradas, ou apenas uma
mulher sem a obrigação de cuidar de tudo.
Recebemos cumprimentos de pessoas que passam os outros 364 dias do ano sem demonstrar uma
gota de respeito. O cara não é capaz de responder um “Boa Tarde” sem reparar na sua aparência e na
primeira oportunidade levanta a voz, mas no dia da mulher ele passa por você e diz “Parabéns pelo seu dia”.
[...]
Que o dia da mulher te lembre que somos literalmente responsáveis por gerar vidas. Isso é poder, o
resto é construção social. Feliz dia do que só a gente sabe.
(MORAES, L e NAUJORKS, J. Disponível em: https://primeirapagina.com.br/comportamento/. Acesso em: 15/03/2024.
Adaptado.)