Controle linguístico e inibição em falantes
multilíngues
Quem fala mais de uma língua geralmente domina os
idiomas que conhece com facilidade. Mas, às vezes,
podem ocorrer deslizes acidentais.
As pesquisas sobre como as pessoas multilíngues fazem
malabarismo com mais de um idioma em suas mentes
são complexas e, às vezes, contraintuitivas. Quando um
indivíduo multilíngue quer falar, os idiomas que ele
conhece estão ativos ao mesmo tempo, mesmo que
apenas um seja usado.
Esses idiomas interferem uns com os outros, por
exemplo, na fala quando você não espera. E essas
interferências se manifestam não apenas em lapsos de
vocabulário, mas na gramática ou no sotaque.
Pelas pesquisas, sabe-se que, sendo bilíngue ou
multilíngue, sempre que você fala, todos os idiomas que
você conhece são ativados. Por exemplo, quando você quer dizer "dog" ("cachorro" em inglês) como um bilíngue
de francês-inglês, não apenas a palavra "dog" é ativada,
como também sua tradução equivalente, "chien"
("cachorro" em francês), é ativada.
Dessa forma, as pessoas precisam ter algum tipo de
processo de controle de linguagem. A forma como fazem
isso é explicada por meio do conceito da inibição — uma
supressão das línguas não relevantes.
Quando você pede a um voluntário bilíngue para dizer o
nome de uma cor que aparece em uma tela em
determinado idioma, e depois o nome da cor seguinte
em outro idioma, é possível medir picos de atividade
elétrica em partes do cérebro responsáveis pela
linguagem e atenção.
Mas quando esse sistema de controle falha, intrusões e
lapsos podem ocorrer. Por exemplo, a inibição
insuficiente de um idioma pode fazer com que ele
apareça e se intrometa quando você deveria falar em
uma língua diferente.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut62290636. Adaptado)