Traumas de guerra na antiguidade e práticas de cura
moral
A guerra mais antiga registrada na história ocorreu na
Mesopotâmia em 2700 a.C., entre as civilizações da
Suméria e de Elam, há muito tempo desaparecidas. E,
apesar de períodos ocasionais de relativa paz, como no
início do século XXI, a guerra tem pairado sobre nossa
espécie desde então.
Como era de se esperar, nossos ancestrais não estavam
imunes aos efeitos psicológicos de toda essa matança,
assim como não estamos hoje. Na ausência de
tratamentos modernos, muitas sociedades antigas
desenvolveram seus próprios métodos engenhosos para
lidar com o trauma — desde justificativas religiosas até
rituais de purificação. Há penitências específicas para
cada circunstância: se os soldados cometeram estupro,
mataram alguém, infligiram um ferimento ou não sabiam
quantas pessoas haviam matado.
Atualmente, acredita-se que a penitência pode ter sido
uma tentativa de absolver os soldados do dano moral —
as consequências angustiantes de agir de uma forma
que vai contra seus valores morais. "Está claro que os
combatentes sabiam que o trauma era uma
possibilidade", diz Kathryn Hurlock, professora de
história na Universidade de Manchester, no Reino Unido.
As batalhas envolviam principalmente combates corpo a
corpo, um estilo de luta sanguinário que causava
ferimentos horríveis e, às vezes, milhares de mortes em
um único dia.
(Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/
cr54d31g73mo. Adaptado)