Texto para a questão.
DESIGUALDADE DE GÊNERO NO
MERCADO DE TRABALHO
A desigualdade de gênero no mercado de trabalho
é um tema premente e complexo que demanda uma
análise minuciosa. Dados recentes revelam que, no
Brasil, as mulheres ganham, em média, 77,7% do
salário dos homens, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar dos avanços significativos, ainda existem
disparidades notáveis entre homens e mulheres em
diversos aspectos profissionais. De acordo com a
gerente do Unit Carreiras e especialista em gestão de
pessoas, Janaína Machado, essa discrepância se deve
aos grandes obstáculos que as mulheres enfrentam no
mercado de trabalho.
“Entre uma mulher branca e um homem branco é
de 30%, entre uma mulher negra é de 40% a 50%. Essa
disparidade salarial é uma clara desvalorização do
trabalho feminino, que afeta não apenas as mulheres,
mas também suas famílias. Quando as mulheres
recebem salários mais baixos, isso impacta o acesso à
educação e oportunidades de atualização, criando
dificuldades financeiras”, diz Janaína.
Diferença salarial e jornada dupla
Essa desigualdade se origina, em parte, na
sobrecarga de responsabilidades enfrentadas pelas
mulheres. Além das atividades profissionais, elas
frequentemente assumem a maior parte dos afazeres
domésticos e cuidados com os filhos. Esse fenômeno,
muitas vezes chamado de “jornada dupla”, impede que
as mulheres dediquem tempo e energia suficientes
para o desenvolvimento de suas carreiras.
“As mulheres têm uma jornada de trabalho muito
maior do que os homens, pois lidam com todos os
afazeres domésticos e maternos, isso é bastante
evidente. Além disso, enfrentam os estereótipos que
persistem nas áreas de engenharia e ciências, onde,
infelizmente, a presença feminina ainda é limitada em
nossa sociedade”, elenca a gerente do Unit Carreiras.
Estereótipos de gênero
Os estereótipos de gênero continuam sendo uma
barreira significativa. “Essas ideias preconcebidas
sugerem que as mulheres não têm a firmeza
necessária, ao contrário dos homens, que são
considerados melhores líderes devido à sua suposta
capacidade de lidar com situações adversas. Esses
estereótipos prejudicam a progressão das mulheres no
mercado de trabalho, perpetuando a visão de que elas são emocionais demais para o ambiente profissional”,
pontua.
No entanto, a realidade é que muitas mulheres
têm demonstrado liderança excepcional ao lidar
eficazmente com as emoções, uma qualidade
valorizada no mercado atual. Assim, é fundamental
desconstruir esses estereótipos prejudiciais para
promover um ambiente de trabalho mais equitativo.
Promoção da representatividade feminina
A busca por cargos de liderança é frequentemente
marcada por desafios para as mulheres. “Elas precisam
equilibrar o ambiente de trabalho e a vida familiar, e
muitas vezes acabam priorizando o trabalho e precisam
abrir mão um pouco da vida em família, pois têm o
dobro de responsabilidades femininas. É por isso que
acredito muito na importância da representatividade
feminina. Eu sei que a questão das cotas é um tema
delicado, mas, para mudarmos a cultura, às vezes, a
implementação de medidas punitivas, como as cotas,
pode ser necessária”, enfatiza Janaína.
Embora as cotas sejam uma solução controversa,
em muitos casos, podem ser necessárias para
impulsionar a mudança cultural. “Com a
conscientização e a mudança de cultura, a escolha
entre um homem e uma mulher, muitas vezes, será
baseada no mérito, e não no gênero. Portanto,
inicialmente, é importante ter essas obrigações, cotas e
necessidades para, no futuro, tornar-se realmente um
padrão. Não acredito que se deva contratar uma
mulher que não se encaixe no perfil da vaga apenas por
ser mulher. O que defendo é que, quando uma mulher
e um homem têm o perfil adequado, é crucial começar
a promover a representatividade feminina em cargos
de liderança”, sugere Janaína.
Adaptado em 23/04/2024 de:
esigualdade-de-gênero-no-mercado-
de-trabalho-desafios-e-solucoes/