Leia o texto para responder a questão.
Ao filósofo americano Daniel Dennett, os editores da
revista Edge perguntaram: “Em 2013, o que deve nos preocupar?”. Ele contou que em 1980 se temia que a revolução do
computador aumentasse a distância entre os países ricos “do
Ocidente” e os países pobres, que não teriam acesso à nova
tecnologia e a seus aparelhos. A verdade é que a informática
criou fortunas enormes, mas permitiu também a mais profunda
disseminação niveladora da tecnologia que já se viu na história. “Celulares e laptops e, agora, smartphones e tablets puseram a conectividade nas mãos de bilhões”, afirmou Dennett.
O planeta, segundo o filósofo, ficou mais transparente
na informação como ninguém imaginaria há 40 anos. Isso
é maravilhoso, disse Dennett, mas não é o paraíso. E citou
a lista daquilo com que devemos nos preocupar: ficamos
dependentes e vulneráveis neste novo mundo, com ameaças
à segurança e à privacidade. E sobre as desigualdades, ele
disse que Golias ainda não caiu; milhares de Davis*, porém,
estão rapidamente aprendendo o que precisam. Os “de
baixo” têm agora meios para confrontar os “de cima”. O conselho do filósofo é que os ricos devem começar a pensar em
como reduzir as distâncias criadas pelo poder e pela riqueza
de poucos.
* referência ao episódio bíblico em que Davi, aparentemente mais fraco,
derrota o gigante Golias.
(Míriam Leitão. História do futuro: o horizonte do Brasil no século XXI.
Rio de Janeiro, Intrínseca, 2015)