Leia o texto, para responder a questão.
Ah, os orgulhosos computadores
A cada dia que passa, os computadores devoram mais
tarefas. No início, eram folha de pagamento, contabilidade e
estatística. Sucesso estrondoso, por ser mais perfeito, mais
barato e eliminar o trabalho monótono. Mas certas tarefas permanecem inatingíveis: devo me casar com a Mariquinha? É
resposta que nem mesmo a inteligência artificial consegue dar.
Para achar imóveis, a internet é imbatível. Mas, buscando um apartamento para alugar, vivi as agruras de uma imobiliária que migrou a burocracia para seus orgulhosos computadores. No meu caso, ela se atrapalhou. São três empresas
encadeadas. Onde estão as portas de entrada?
Foram muitos dias e mais de cinquenta e-mails, esgrimindo com uma informática misteriosa e tripulada por humanos
que não usam o dom da voz ou da inteligência. Muito menos
o da cortesia. O veredicto foi sumariado pela lapidar frase (via
e-mail): “O seu cadastro não foi aprovado, tá?”
Inovadores pagam o preço dos erros. Mas será que eu
também o tenho de pagar? Fui vitimado pela combinação de
informática velha – com sites que travam e labirintos misteriosos – com um algoritmo novo que se perdeu na complexidade do meu caso, que não é tanta. Ao reduzir o papel dos
humanos, o computador fica à mercê de algum programador
simplório, perdido por aí. Pobres das cobaias que sofrem
com os titubeios dos computadores.
Imagino que a empresa do futuro conseguirá manejar
situações simples e lidará bem com as suas falhas humanas
e informáticas – que se atrapalham entre si. A inteligência
artificial avança, pela via de uma longa curva de aprendizado com os humanos. Mas, se os humanos são burros ou
bobões, mais tempo isso levará. É a regra do jogo.
(Claudio de Moura Castro. Veja, 16.10.2019. Adaptado)