Leia o texto para responder à questão.
Em primeiro lugar, a Educação trata de conhecimento,
mas é preciso fazer a pergunta: o que significa conhecer?
Porque conhecer pode ser uma armadilha, que guarda ilusões, equívocos, erros. Devemos ensinar aos jovens todas
as dificuldades do conhecimento, todas as possibilidades de
erro. Por exemplo, uma percepção visual não é uma fotografia, é uma reconstrução com os olhos. As pessoas que estão
longe de mim parecem pequenas aos meus olhos, mas na
minha mente estão normais, ou seja, todo conhecimento é
uma tradução e uma reconstrução. E, em cada tradução, há
possibilidade de erro. É muito importante ensinar a enfrentar
o erro.
O segundo problema da Educação é a compreensão
humana. Não se ensina a compreender o outro. Quando falo
do outro, não falo de estrangeiros, de pessoas que falam
outra língua ou que são de outro país. Falo de quem está ao
seu lado. É muito importante para a vida compreender esse
outro. Então, tem a questão da crise. A crise é um momento
de muito mais incertezas que em tempos normais. Há angústias e dificuldades. Na Educação, em tempos ditos normais,
ensinam-se certezas, e não incertezas. Por exemplo, quando
a França era um país ocupado pelos alemães, havia uma
situação de incerteza, e era preciso encontrar possibilidades
de enfrentar isso. Resistir à incerteza é importante.
(Edgar Morin, Qual é o papel da Educação hoje?
Depoimento para Audrey Furlaneto, 07.06.2019 – O Globo. Adaptado)