Questões de Concurso Público Prefeitura de Peruíbe - SP 2019 para Professor de Educação Básica II – História
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A ideia principal deste texto é que há estruturas cognitivas profundas e longamente inculcadas na maneira de pensar a história brasileira que orientam a percepção e permitem a reprodução de um certo imaginário em torno dos indígenas.
[Antonio Carlos de Souza Lima, um olhar sobre a presença das populações nativas na invenção do Brasil. Em Aracy L. da Silva e Luís D. B. Grupioni (orgs). A temática indígena na escola. Adaptado]
Neste “certo imaginário”, segundo o autor do artigo, os
indígenas
Quanto à História do Brasil, cristalizou-se, desde os primórdios da República, uma divisão em três períodos: Colônia, Império e República.
(Flávio Berutti e Adhemar Marques,
Ensinar e aprender história. Adaptado)
Os marcos cronológicos dessa divisão têm ligação comConsiste em atribuir aos agentes históricos do passado razões ou sentimentos gerados no presente, interpretando, assim, a história em função de critérios inadequados, como se os atuais fossem válidos para todas as épocas.
(Flávio Berutti e Adhemar Marques, Ensinar e aprender história)
O texto apresenta o conceito deMarx e Engels propuseram [...] uma nova periodização da História.
(Flávio Berutti e Adhemar Marques, Ensinar e aprender história. Adaptado)
Nesse sentido, esses pensadores defendem
Até algum tempo atrás, era comum que as pessoas se referissem à chegada dos portugueses ao continente americano em 1500 como o “Descobrimento do Brasil”. Essa expressão era encontrada inclusive em muitos livros didáticos de História. Mas, seria possível que os portugueses tivessem descoberto um lugar que já existia e que já era habitado?
Dessa maneira, quando começou a se pensar no ponto de vista (ou perspectiva) dos povos indígenas que ali viviam, essa expressão passou a ser criticada. Afinal, apenas para os portugueses tratava-se de um descobrimento. Essa era a visão deles, permeada por uma concepção de mundo essencialmente etnocêntrica. É mais prudente se falar de um “encontro de dois mundos”, expressão proposta pelo historiador Ronaldo Vainfas.
Essa é uma das razões pelas quais o historiador poderá encontrar diversas versões sobre um mesmo fato ou acontecimento. Entretanto, existem outras razões para o surgimento de diversas versões (ou histórias) sobre um mesmo tema [...]
(Flávio Berutti e Adhemar Marques, Ensinar e aprender história)
O texto citado aponta como uma outra razão
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais. Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. Com as formas do campo e das ervas daninhas. Com eclipses da lua e a atrelagem dos cavalos de tiro. Com os exames de pedras feitas pelos químicos. Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem. Exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e a maneira de ser do homem.
(Lucien Febvre apud Flávio Berutti e Adhemar Marques, Ensinar e aprender história)
O excerto mostra a produção historiográficaLeia o excerto da obra de Joaquim Norberto de Souza Silva, publicado em 1873, no qual a figura de Tiradentes é reconstruída.
Era ele de estatura alta, de espáduas bem desenvolvidas, como os naturais da Capitania de Minas Gerais. A sua fisionomia nada tinha de simpática e antes se tornava notável pelo que quer que fosse de repelente, devido em grande parte ao seu olhar espantado. Possuía, porém, o dom da palavra e expressava-se as mais das vezes, com entusiasmo; mas sem elegância nem atrativo, resultado de sua educação pouco esmerada; ouvindo-o porém na rudeza de sua conversação, gostava-se de sua franqueza selvagem, algumas vezes por demais brusca e que quase sempre desandava em leviandade, de sorte que uns lhe davam o característico de herói e outros o de doido. Tornava-se, assim, objeto de público gracejo, provocando o riso e, não poucas vezes, as vaias apupadas do público. Não tinha instrução alguma além da ordinária, todavia era de fácil e intuitiva compreensão. A sua prenda, como então se dizia, de pôr e tirar dentes, até desinteressadamente, graças à bondade de seu coração, que não condizia com a impetuosidade de seu gênio, lhe facilitava o contato com inúmeras pessoas e famílias.
[Apud João Pinto Furtado, Imaginando a nação: o ensino da história da
Inconfidência Mineira na perspectiva da crítica historiográfica.
Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.).
Inaugurando a História e construindo a nação.
Discursos e imagens no ensino de História]
Nessa reconstrução, Tiradentes
À primeira vista, quando se fala em patrimônio histórico, há uma imediata associação da palavra a monumentos e edifícios antigos. Assim, o senso comum relaciona a expressão patrimônio histórico a prédios, monumentos e outras edificações de notável valor histórico-arquitetônico que, pelo seu caráter de excepcionalidade, devem ser preservados. Isso se deve, em grande medida, à primeira legislação patrimonial do país, o Decreto-lei nº 25/37, ainda em vigor, que, em seu art. 1º , explicita o conceito de “patrimônio histórico e artístico”:
Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto de bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da História do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
[Ricardo Oriá, Memória e ensino de História.
Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]
Segundo Ricardo Oriá, essa política preservacionista teve como efeito
Na obra O queijo e os vermes, Carlo Ginzburg retoma a discussão sobre a relação entre a cultura das classes subalternas e das classes dominantes.
(Flávio Berutti e Adhemar Marques,
Ensinar e aprender história. Adaptado)
O historiador italiano
Após a independência política, os portugueses sofreriam, rapidamente, a rejeição explícita dos nacionais. Contribuía fortemente para isso o fato de o Partido Português experimentar ascensão política no primeiro reinado, em detrimento do Partido Brasileiro, ao mesmo tempo em que Dom Pedro I, nascido em Portugal e herdeiro do trono luso, sofria o crescimento de sua impopularidade.
A rejeição e agressividade brasileiras direcionadas aos portugueses aumentariam sensivelmente com o passar dos anos no século XIX. Os lusos, na historiografia, eram tomados como sinônimos do passado colonial, de dependência e submissão brasileiras.
[Eduardo França Paiva, De português a mestiço: o imaginário brasileiro
sobre a colonização e sobre o Brasil. Em: Lana M. de C. Simam e
Thais N. de L. Fonseca (orgs.). Inaugurando a História e
construindo a nação. Discursos e imagens no ensino
de História. Adaptado]
A partir do excerto, é correto considerar que
No livro didático de Rocha Pombo, História do Brasil para o ensino secundário, que em 1922 estava na sua 19ª edição, há a reprodução de três quadros de Benedito Calixto (1853-1927): Chegada da frota de Martim Afonso de Sousa, Martim Afonso a caminho de Piratininga e Fundação de São Vicente. Essas obras inserem-se numa modalidade que alguns especialistas consideram como deturpação do gênero de pintura histórica.
[Thais N. de L. e Fonseca.
“Ver para compreender”: arte, livro didático e a história da nação.
Em: Lana M. de C. Simam e Thais N. de L. Fonseca (orgs.).
Inaugurando a História e construindo a nação.
Discursos e imagens no ensino de História. Adaptado]
Ele foi um dos primeiros historiadores, em seu livro Formação do Brasil contemporâneo (1942), que se voltou para o estudo da massa de homens livres na sociedade colonial e trata de sua inserção ambígua no sistema produtivo escravista. Marxista dado a interpretações concretas e específicas, apontou este setor dos homens livres como um grupo social que, em princípio, estava fora do sistema produtivo dominante. Somente no dia em que estivesse integrado na sociedade é que se poderia considerar consumado o processo de formação do país.
[Maria Odila Leite da Silva Dias, Sociabilidades sem história: votantes pobres no Império, 1824-1881. Em Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. Adaptado]
O texto apresenta
A categoria “Estado de compromisso” significa que
[Kenneth Maxwell, Por que o Brasil foi diferente? O contexto da independência. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000). Adaptado]
As referências temporais presentes no excerto referem-se, respectivamente,
Café era sinônimo de São Paulo, e os políticos paulistas visavam avidamente beneficiar a economia exportadora de seu estado. Suas lideranças mostravam interesse em cooperar com os representantes de outros estados e do governo federal quando detectavam interesses comuns; por sua vez, entre as elites estaduais, os paulistas defendiam políticas intervencionistas com habilidade inusitada, enquanto o governo federal se mostrava reticente em fazê-lo. A mais famosa instância de cooperação com os outros estados, cooperação com o governo federal e demonstração de autoconfiança foi o episódio da valorização do café em todos os diversos estágios de seu desenvolvimento.
[Joseph L. Love, A república brasileira: federalismo e regionalismo (1889-1937). Em Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): a grande transação]
A Política de Valorização do Café, pensada no Convênio
de Taubaté (1906),
Em 1789, no engenho Santana de Ilhéus, Bahia, os escravos mataram o feitor e se adentraram nas matas com as ferramentas do engenho, até reaparecerem algum tempo depois com uma proposta de paz em que pediam melhores condições de trabalho, acesso a roças de subsistência, facilidades para comercializar os excedentes dessas roças, direito de escolher seus feitores, licença para celebrar livremente suas festas, entre outras exigências.
[João José Reis, “Nos achamos em campo a tratar da liberdade”: a resistência negra no Brasil oitocentista. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000)
No evento apresentado, é correto reconhecer que
O movimento abolicionista se estendeu até 1888, liderado por Joaquim Nabuco, Tavares Bastos e José do Patrocínio, e organizado pela Sociedade Brasileira contra a Escravidão. [...] Como afirmou Nabuco em O abolicionismo: “Não é aos escravos que falamos, é aos livres”. Segundo as suas lideranças, o movimento deveria se restringir ao âmbito das elites e das classes médias urbanas [...]
[Roberto Ventura, Um Brasil mestiço: raça e cultura na passagem da monarquia à república. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000)]
A Sociedade Brasileira contra a Escravidão tem claras
divergências em relação
Em 21 de março de 1916, era lançado na Bahia um requerimento ao presidente Venceslau Brás pedindo a abolição dos festejos de Tuiuti e Riachuelo. O texto do requerimento, aqui reproduzido em parte, é o seguinte:
Há mais de nove lustros que o Paraguai e o Brasil mantêm os mais amistosos desígnios nas suas relações internacionais. Relembrar, portanto, em meio de públicas solenidades os atos de guerra havidos entre os dois povos irmãos [...] ofende aos intuitos e destoa dos ditames de uma sã política racional orientada para a confraternização dos povos [...] E, considerando um nobilíssimo dever cívico render homenagens aos que no passado souberam amar e sentir a Pátria Brasileira, quer nos campos de batalha, quer nas outras esferas da atividade humana, pedimos designe o Governo da República um dia para que anualmente se prestem, em todos os recantos do País, públicos preitos de amor e gratidão aos que, na paz e na guerra, honraram o nome brasileiro. Para esse dia de culto cívico lembramos o 26 de janeiro, aniversário da “capitulação da Campina do Taborda”, glorioso epílogo da luta defensiva sustentada durante 24 anos, em prol da integridade do pátrio território, pelos guerreiros heroicos do indígena Felippe Camarão, do negro Henriques Dias e dos brancos André Vidal e Fernandes Vieira.
[Francisco Alambert, O Brasil no espelho do Paraguai. Em: Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira. Formação: histórias (1500-2000)]
O requerimento revela que seus autores objetivam
[Carlos Fico, O Brasil no contexto da Guerra Fria: democracia, subdesenvolvimento e ideologia do planejamento (1946-1964). Em Carlos Guilherme Mota (org). Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): a grande transação]
Segundo o artigo, no governo Jânio Quadros, merecem destaque: