Leia o texto para responder à questão.
Sedentários bem alimentados
Pela primeira vez na história de nossa espécie, foi-nos
oferecida a possibilidade de comer à larga em todas as
refeições e de ganhar a vida sentados o dia inteiro. Obesidade
e sedentarismo se tornaram as principais epidemias nos
países de renda média e alta, nos quais a praga mortífera
do tabagismo começa a ser a duras penas controlada.
Na esteira dessas duas pandemias, caminham a passos
apressados hipertensão arterial, diversos tipos de câncer,
diabetes, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos,
articulares, renais e outras complicações que sobrecarregam
o sistema de saúde, encarecem o atendimento e fazem sofrer milhões de pessoas. Nas capitais, 19% dos brasileiros
adultos estão obesos e outros 35% têm sobrepeso, ou seja,
menos da metade da população cai na faixa do peso considerado saudável.
Na contramão de outros ramos da economia, a incorporação de tecnologia na área médica aumenta o custo do produto final. A assistência a uma população que envelhece mal
como a brasileira exigirá recursos de que não dispomos no
SUS nem na saúde suplementar.
Esperar as pessoas adoecerem para tratá-las em hospitais e unidades de pronto atendimento é política suicida. Não
há saída: ou investimos na prevenção ou, cada vez mais, só
os privilegiados terão acesso à medicina moderna.
Nos anos 1960, cerca de 60% dos nossos adultos fumavam, hoje não passam de 10%. Se conseguimos resultado
tão impressionante com a dependência química mais feroz
que a medicina conhece, não é impossível convencer mulheres, crianças e homens a comer um pouco menos e a andar
míseros 40 minutos num dia de 24 horas.
(Drauzio Varella. Folha de S. Paulo, 11.11.2018.
www.folha.uol.com.br. Adaptado)