Leia o texto para responder à questão.
Esforço integral
Há consenso de que manter alunos por mais horas no
colégio traz ganhos positivos. O tempo extra pode ser empregado para projetos interdisciplinares, aulas de reforço ou
atendimento individual daqueles estudantes que se atrasam.
O Plano Nacional de Educação prevê que pelo menos
25% dos estudantes tenham carga de sete horas diárias até
2024. No estado mais desenvolvido da Federação, a proporção se encontra em 6%.
Preocupante é o efeito multiplicador da desigualdade
em alguns locais. Se a introdução do sistema implica acabar
com o período noturno, estudantes que precisam trabalhar se
veem forçados a procurar outro estabelecimento, que pode ficar longe da moradia ou do emprego, favorecendo a evasão.
Há que aprender com os percalços da experiência e, em
particular, atentar para a implementação da medida onde ela
foi bem-sucedida. Este seria o caso da rede estadual de ensino médio de Pernambuco, que alcançou a terceira posição no
ranking de desempenho de alunos em provas padronizadas.
O estado conta com 57% de matrículas em escolas de
período integral no ensino médio. A introdução em larga escala, segundo a Secretaria de Educação, mostrou-se decisiva
para evitar o surgimento de ilhas de excelência e privilégio.
A adoção se fez de maneira paulatina, começando pela
primeira série de uma nova turma. Isso evitou que estudantes empregados da segunda e da terceira série precisassem
buscar outra escola.
Cabe ao governo paulista corrigir o rumo do período
integral. A resistência não se afigura insuperável, e o benefício esperado justifica o esforço adicional para prosseguir
na direção correta.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 31.10.2016. Adaptado)