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São Paulo revive mesmas enchentes há 91 anos
Em uma de suas principais obras, Benedito Calixto retratou, em 1892, a inundação da área do atual Mercadão, no
centro de São Paulo. A região foi atingida também em 1929,
numa das primeiras grandes enchentes da capital e submergiu novamente, quase 130 anos depois do quadro histórico.
Urbanistas afirmam que uma das principais explicações
para as repetidas inundações foi a decisão de expandir a
cidade para as áreas próximas às várzeas dos rios Tietê e
Tamanduateí, a partir de meados de 1890. O quadro de Benedito Calixto capta o início dessa expansão da cidade. A
cheia histórica de 1929 também foi registrada em uma série
de fotografias que viraram sinônimo das inundações paulistanas, por ter deixado a cidade debaixo da água por sete dias.
Há suspeita de que os efeitos da forte chuva que atingiu
São Paulo naquele fevereiro de 1929 tenham sido potencializados por ações da então onipresente Light. O acordo com o
poder público previa que a Light poderia desapropriar áreas
atingidas por enchentes naquele ano.
Pesquisa da professora da USP Odette Seabra indica
que a Light abriu suas represas para aumentar a área inundada pelos rios Pinheiros, Tietê e Tamanduateí. Essas áreas
inundadas passaram para as mãos da Light, que depois as
comercializou.
Os fatos recentes mostram que a história se repete: 63%
dos alagamentos neste ano de 2020 estão na mesma região
atingida pela cheia de 1929, que corresponde à da subprefeitura da Sé. Mas desta vez, os locais inundados não se
restringem à área do Mercadão. Áreas das subprefeituras da
Lapa e de Pinheiros também foram atingidas.
As obras e intervenções para conter as cheias dos rios
nessas áreas não foram suficientes. Um outro agravante é
que o solo da cidade tem ficado cada vez mais impermeável,
com aumento das áreas construídas e ocupadas.
(Folha de S. Paulo.15.02.2020. Adaptado)