Leia o texto para responder à questão.
“A maior parte da população mundial vive hoje nas cidades: essas aglomerações de pessoas e concreto em que
sobram problemas e falta planejamento. A urbanização desordenada traz inúmeros desafios e uma certeza: não há solução para a humanidade que não passe necessariamente
pela transformação das cidades.” É o que defende André Trigueiro, jornalista especializado em gestão ambiental e sustentabilidade.
Para ele, vivemos um modelo suicida de desenvolvimento e precisamos reinventar o sistema. Ou mudamos ou pereceremos. A preocupação ambiental se reflete no consumo
consciente, mas não no consumismo que degrada a vida porque exaure os estoques de matéria-prima, que são finitos no
planeta.
“Eu procuro economizar água e energia, separo o lixo.
Basicamente, tento praticar no dia-a-dia aquilo que eu entendo como certo. Estou longe da perfeição e não me considero
um modelo, mas descobri a força daquilo que os educadores
chamam de pedagogia do exemplo: ‘não importa o que você
fala, importa o que você faz’. É isso que move o mundo.” Ele
cita o caso do aposentado José Alcino Alano, da cidade de
Tubarão, que descobriu como fabricar coletores solares para
esquentar a água do banho a partir de garrafas PET e caixas
de leite Tetrapak. Liberou a patente e permitiu que todas as
pessoas ou instituições interessadas replicassem o invento
gratuitamente, sem interesse pessoal ou financeiro. “É um
caso singular de amor ao próximo,” comenta Trigueiro.
O poder público também deve adotar medidas educativas e conscientes. Ensinar que jogar lixo na cidade é um
serviço caro e custa muito aos cofres públicos. Além disso,
tem de difundir um discurso responsável. Não é possível falar
em preservação da Amazônia e liberar recursos para a construção de frigoríficos na região – o que estimula a criação de
gado, responsável por 80% de toda a destruição já registrada
da floresta, como bem avaliou o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero.
Trigueiro não considera a tecnologia inimiga da luta pela
preservação do planeta. É o uso que se faz dela que definirá
se haverá dano ou benefício. Ela é apenas uma ferramenta e
não a solução definitiva para os graves problemas ambientais
que enfrentamos e que nos ameaçam como espécie.
(filantropia.ong/andretrigueiro.com. Adaptado, acesso em 22.02.2020)