Leia o texto, para responder à questão.
McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das
mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia.
Implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um
envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que
terá a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o
uso que quiser das informações que conseguir. A aclamada
transparência da coisa pública carrega consigo o risco de fim
da privacidade e a superexposição de nossas pequenas ou
grandes fraquezas morais no julgamento da comunidade de
que escolhemos participar.
Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais,
apenas em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos usuários de distinguir essas variações como relevantes no conjunto virtualmente infinito das possibilidades
das redes. Para achar o fio de Ariadne no labirinto das redes
sociais, os usuários precisam ter a habilidade de identificar
e estimar parâmetros, aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito de observações e reconhecer a
organização geral da rede da qual participam.
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos recentes vinculados à dependência cada vez maior dos
jovens a esses dispositivos é a “nomobofobia” (do inglês
nomobophoby, abreviação de “no-mobile phone phoby”, ou
“pavor de ficar sem conexão no telefone celular”), descrito
como a ansiedade e o sentimento de pânico experimentado
por um número crescente de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou quando ficam sem conexão com a
Internet. A informação azul, como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da sensibilidade, pode tanto ser
um remédio quanto um veneno para o espírito.
(Vinícius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
Revista USP 92. Adaptado)