Após dois anos letivos comprometidos pela pandemia de covid-19, as escolas brasileiras começaram 2022 com o desafio de recuperar o tempo perdido. Como já se esperava, não está sendo fácil. A questão, portanto, é o que fazer para acelerar a recuperação da aprendizagem e evitar que a formação escolar da atual geração de estudantes fique comprometida.
Por óbvio, não existe resposta simples a essa pergunta. Mas é evidente que não basta repetir a fórmula dos anos anteriores à pandemia, até porque, como se sabe, a educação brasileira convive com problemas históricos que se agravaram com a suspensão das aulas presenciais em 2020 e 2021. O deficit de aprendizagem é exemplo disso: antes da pandemia, a maioria dos alunos já não aprendia os conteúdos previstos. O que era grave ficou ainda pior.
A recuperação da aprendizagem requer agora um esforço muito maior, na medida em que as escolas deverão não apenas preencher as lacunas do ensino remoto e abrir horizontes para novas aprendizagens, mas fazer isso com mais qualidade do que no passado – e partindo de uma realidade abalada pela pandemia. No atual cenário, a tarefa fica ainda mais pesada.
Eis o tamanho do desafio enfrentado diariamente nos
milhares de estabelecimentos de ensino do País. Nesse contexto, fica evidente o descompasso entre a dimensão e a urgência do que precisa ser feito, considerando a relevância da
educação para o desenvolvimento nacional e o insuficiente
debate público sobre o tema na atual campanha eleitoral. Daí
a importância de pesquisas como a realizada pelo Instituto
Península: ao dar voz aos professores, o levantamento Retratos da educação pós-pandemia: uma visão dos professores aponta soluções do ponto de vista de quem está dentro
das escolas. Fariam bem os gestores das redes de ensino,
assim como os candidatos, se prestassem atenção ao que
estão dizendo os profissionais da educação.
(O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2022. Adaptado)