Leia o texto para responder às questão.
Ausências Alienígenas
O comando militar dos EUA voltou a divulgar não haver
evidência de que sejam extraterrestres os tais objetos voadores não identificados (óvnis, em português, ou UFOs, em
inglês) – que seus investigadores preferem chamar de fenômenos aéreos não identificados (UAPs, na língua estrangeira).
Para tentar dirimir as dúvidas remanescentes, o Pentágono se deu ao trabalho de abrir um Escritório de Resolução de
Anomalias de Todos os Domínios (AARO). Seis meses depois,
deu-se a primeira entrevista coletiva para tratar dos UAPs.
Sean Kirkpatrick, diretor do órgão, permaneceu fiel à lógica truísta ao admitir não ter como descartar a possibilidade
de vida extraterrestre. Tudo que se pode fazer, argumentou,
é manter uma atitude científica diante da questão.
Pragmáticos, os militares concentram sua atenção em
ocorrências suspeitamente próximas de suas instalações.
Fazem isso com base na hipótese menos improvável de que
os artefatos a sobrevoar as bases sejam russos, chineses e
mesmo americanos (guiados por outras agências governamentais), e não naves intergalácticas.
Em 2021, o governo anunciou ter mais de 140 casos
registrados. Um deles era um balão meteorológico em queda,
enquanto os demais seguiam inexplicáveis – tendo em vista as
trajetórias, os dados de radares e as tecnologias conhecidas.
Depois desse primeiro relatório, centenas de outros episódios teriam chegado ao conhecimento do AARO. Passarão
pelo mesmo processo rigoroso de escrutínio, mas os crédulos não se darão por satisfeitos – afinal, como professava o
agente Fox Mulder na série de TV Arquivo X, eles querem
acreditar.
Estariam melhor se aderissem a outra máxima científica:
hipóteses extraordinárias exigem provas extraordinárias. Até
agora, ETs só se comunicam com humanos nas telas de cinema. Como há quem acredite até na inoculação de chips por
vacinas, a fábula alienígena segue em propulsão fantástica.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 24.12.2022. Adaptado)