Questões de Concurso
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Mesmo um lugar de aparência puramente material, como um depósito de arquivos, só é lugar de memória se a imaginação o investe de aura simbólica. Mesmo um lugar puramente funcional, como um manual de aula, um testamento, uma associação de antigos combatentes, só entra na categoria se for objeto de um ritual. Mesmo um minuto de silêncio, que parece o extremo de uma significação simbólica, é, ao mesmo tempo, um corte material de uma unidade temporal e serve, periodicamente, a um lembrete concentrado de lembrar. Os três aspectos coexistem sempre (...).
(Pierre Nora, “Entre história e memória: a problemática dos lugares”. Revista Projeto História. São Paulo, v. 10, 1993. p.21‐22.)
Com base no fragmento acima, analise as afirmativas a respeito do conceito de lugares de memória.
I. Um monumento, um museu ou um arquivo se caracterizam como lugar de memória, desde que possuam uma intenção memorialista.
II. Espaços e lugares de memória são construídos historicamente e são lugares funcionais porque têm ou adquiriram a função de alicerçar memórias coletivas.
III. Lugares de memória são locais materiais e imateriais onde a memória coletiva de uma sociedade e de sua identidade se expressam e revelam.
Assinale:
De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 216, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Com base nesta caracterização de patrimônio cultural, observe as imagens a seguir.
I ‐ Vaqueiros em Feira de Santana (ofício de vaqueiros)
II ‐ Festa da Boa Morte (mês de agosto, no Recôncavo Cachoeira)
III ‐ Prédio da Associação dos Empregados do Comércio da Bahia (Salvador)
Assinale a alternativa que identifica corretamente os tipos de patrimônio cultural exemplificados
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. (...)
(Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), O Guardador de Rebanhos, XX, 1914.)
Para o poeta português, assim como para a antropologia cultural, “o rio da nossa aldeia sempre será o mais belo”, porque os homens enxergam beleza naquilo que guarda um significado especial para o grupo social e cultural ao qual pertencem.
Com base nesta introdução, assinale a alternativa que caracteriza corretamente o conceito de patrimônio cultural.
Os estudos do sociólogo Maurice Halbwachs (1877‐1945) contribuíram para a compreensão dos quadros sociais que compõem a memória. A partir do seu trabalho, começou‐se a levar em consideração uma dimensão da memória que ultrapassa e se articula com o plano individual, já que, para o autor, “nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos”.
(HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006, p. 30).
Assinale a alternativa que caracteriza corretamente a relação entre História e memória social ou coletiva, tal como concebida por M. Halbwachs.
O historiador francês especializado na Idade Média Jacques Le Goff, foi um dos idealizadores da corrente conhecida como "Nova História", Le Goff dedicou boa parte de sua carreira à antropologia medieval, disciplina que enriqueceu ao abordar todos os aspectos da vida em sociedade. A partir dos anos 70 foi um dos pais do movimento “Nova História”, com uma reflexão sobre a profissão do historiador, em ensaios como “Faire de l'histoire” (1986, Fazer História, com Pierre Nora) ou “Histoire et mémoire” (História e memória, 1988).
(Adap. http://www.estadao.com.br/noticias/arte‐e‐lazer,
historiador‐jacques‐le‐goff‐morre‐aos‐90‐anos,1147726,0.htm )
Sobre a contribuição de Jacques Le Goff para a historiografia, conhecida como Nova História, analise as afirmativas a seguir.
I. Seus estudos sobre o período medieval mostraram a importância do nível estrutural de análise, investigado por Le Goff a partir da relação do homem com o meio, que o historiador denominou geohistória.
II. A nova história se caracterizou pela retomada do valor da análise econômica de base marxista, representada, no trabalho de Le Goff, por seus estudos sobre ciclos econômicos de curta e longa duração, com forte metodologia estatística.
III. A história do imaginário medieval foi uma das frentes de trabalho de Le Goff, que estava atento às estruturas mentais, aos hábitos de pensamento e aos aparatos intelectuais, buscando detectar, por exemplo, mudanças nas representações da vida depois da morte.
Assinale: