Ansiedade climática: como a seca pode afetar sua saúde mental
Dias cinzentos e com altas temperaturas passaram a fazer parte do dia a dia dos brasileiros nas últimas semanas. Com o
agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades. No início da semana,
o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para a baixa umidade em 12 estados do país,
com níveis entre 12% e 20%. São Paulo também subiu ao topo do ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo.
A situação, que já traz sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde, também tem impactos na saúde mental. O fenômeno
ficou conhecido como “ansiedade climática”, condição caracterizada por sentimentos de impotência, angústia, mal-estar e
medo em relação às mudanças do clima. “A seca traz uma sensação de impotência muito forte. Esse sentimento de
desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave”, explica Arthur Guerra, professor da Faculdade
de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
No Brasil, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos se dizem “muito” ou “extremamente preocupados” com os efeitos
das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado em 2021 por pesquisadores do Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos.
Desde então, a situação tem ficado ainda pior.
Como o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente
digital. “Se alimentar constantemente de informações falsas e verdadeiras gera um estresse gigantesco.”
O especialista explica que algumas pessoas são naturalmente mais vulneráveis a esses impactos psicológicos,
especialmente se já estão fragilizadas emocionalmente ou enfrentaram situações de estresse intenso no passado. “Quem já
apresenta problemas como depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldades de relacionamento, tem maior chance
de sofrer com a ansiedade climática. Nessas circunstâncias, a crise ambiental pode agravar o estado mental da pessoa.”
Esses quadros estão se tornando cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima em todo o
mundo. “Estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos. Por serem
incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo.”
Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade
climática.
Praticar atividades físicas, meditar, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais
são estratégias recomendadas. “Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante
hidratação, já ajuda bastante.”
Além de mudanças no estilo de vida, é importante buscar apoio médico para quem enfrenta os sintomas da ansiedade
climática.
O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, é um serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em
mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil. “Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar
quem estiver sofrendo com esse tipo de estresse”, diz Guerra, que também recomenda procurar um médico de confiança para
discutir o tratamento adequado.
(Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/. Acesso em: setembro de 2025.)