Questões de Concurso Comentadas sobre português

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Q2497230 Português
Assinale, abaixo, a alternativa que apresenta palavra (s) com a separação silábica incorreta. 
Alternativas
Q2497229 Português
Assinale, a seguir, a alternativa cujas palavras apresentam apenas dígrafo vocálico.
Alternativas
Q2497227 Português

Leia a fábula abaixo e responda da questão.


A cigarra e a formiga


    Havia uma cigarra que passou todo o verão a cantar, aproveitando os agradáveis fins de tarde e curtindo o tempo de forma despreocupada.

    Mas quando chegou o gelado inverno, a cigarra já não estava alegre, pois estava faminta e tremendo de frio.

    Assim, foi pedir ajuda à formiga, que havia trabalhado muito no verão. Pediu que a colega lhe desse alimento e abrigo. Ao que a formiga perguntou: 

    O que você fez durante todo o verão?

    — Estive a cantar - respondeu a cigarra.

    E a formiga lhe deu uma resposta grosseira:

    — Pois então, agora dance!

Fonte: https://www.culturagenial.com/melhores-fabulascom-moral/

No título da fábula acima, temos, nas palavras “cigarra” e “formiga”, respectivamente:
Alternativas
Q2497222 Português

Leia a crônica abaixo e responda da questão.


Prioridades

Lya Luft

       Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.                             
     Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranquila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.         
    Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.     
     Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.     
    Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento – não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais.  

   

Fonte: livro “Pensar é Transgredir”

A palavra presente no título “Prioridades” da crônica acima classifica-se, morfologicamente, como:
Alternativas
Q2497189 Português
Assinale a alternativa que contém um erro na relação entra a palavra e seu diminutivo:
Alternativas
Q2497188 Português
Marque a alternativa em que há um caso de oração subordinada substantiva:
Alternativas
Q2497147 Português

O verbo for


    Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário – evidentemente o condizente com a nossa condição provecta –, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

    O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho. 

    Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

     – Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra – dizia ele ao entanguido vestibulando.

    – “Catilina, quanta paciência tens?” – retrucava o infeliz.

    Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a plateia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à portada sala. 

    – Ai, minha barriga! – exclamava ele. – Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!

    Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

    O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo “dar um show”. Eu dei      de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

    – Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

    – As margens plácidas – respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

    – Por que não é indeterminado, “ouviram, etc.”?

    – Porque o “as” de “as margens plácidas” não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. “Nem tem quem te adora a própria morte”: sujeito “quem te adora”. Se pusermos na ordem direta...

    – Chega! – berrou ele. – Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

    Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mi. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “for” tanto podia ser do verbo “ser” quanto do verbo “ir”. Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

    – Esse “for” aí, que verbo é esse?

    Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do circula, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

    – Verbo for.

    – Verbo o quê?

    – Verbo for.

     – Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

    – Eu fonho, tu fões, ele fõe – recitou ele, impávido. – Nós fomos, vós fondes, eles fõem.

    Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.


(João Ubaldo Ribeiro. O Globo. Em: 13/09/1998.)

“Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente.” (2º§). Assinale, a seguir, classe de palavras a que pertence o vocábulo em destaque.
Alternativas
Q2497146 Português

O verbo for


    Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário – evidentemente o condizente com a nossa condição provecta –, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

    O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho. 

    Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

     – Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra – dizia ele ao entanguido vestibulando.

    – “Catilina, quanta paciência tens?” – retrucava o infeliz.

    Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a plateia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à portada sala. 

    – Ai, minha barriga! – exclamava ele. – Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!

    Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

    O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo “dar um show”. Eu dei      de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

    – Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

    – As margens plácidas – respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

    – Por que não é indeterminado, “ouviram, etc.”?

    – Porque o “as” de “as margens plácidas” não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. “Nem tem quem te adora a própria morte”: sujeito “quem te adora”. Se pusermos na ordem direta...

    – Chega! – berrou ele. – Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

    Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mi. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “for” tanto podia ser do verbo “ser” quanto do verbo “ir”. Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

    – Esse “for” aí, que verbo é esse?

    Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do circula, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

    – Verbo for.

    – Verbo o quê?

    – Verbo for.

     – Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

    – Eu fonho, tu fões, ele fõe – recitou ele, impávido. – Nós fomos, vós fondes, eles fõem.

    Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.


(João Ubaldo Ribeiro. O Globo. Em: 13/09/1998.)

O uso de parênteses insere uma informação a mais ao que está sendo discutido no texto. Considerando esta informação, releia: “Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje.” (3º§) e “Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.” (3º§). Há uso de parênteses nos dois fragmentos anteriores. Assinale a afirmativa que justifica corretamente os dois registros entre parênteses.
Alternativas
Q2497145 Português

O verbo for


    Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas. Acho inadmissível e mesmo chocante (no sentido antigo) um coroa não ser reacionário. Somos uma força histórica de grande valor. Se não agíssemos com o vigor necessário – evidentemente o condizente com a nossa condição provecta –, tudo sairia fora de controle, mais do que já está. O vestibular, é claro, jamais voltará ao que era outrora e talvez até desapareça, mas julgo necessário falar do antigo às novas gerações e lembrá-lo às minhas coevas (ao dicionário outra vez; domingo, dia de exercício).

    O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito tão ruybarbosianamente quanto possível, com citações decoradas, preferivelmente. Os textos em latim eram As Catilinárias ou a Eneida, dos quais até hoje sei o comecinho. 

    Havia provas escritas e orais. A escrita já dava nervosismo, da oral muitos nunca se recuperaram inteiramente, pela vida afora. Tirava-se o ponto (sorteava-se o assunto) e partia-se para o martírio, insuperável por qualquer esporte radical desta juventude de hoje. A oral de latim era particularmente espetacular, porque se juntava uma multidão, para assistir à performance do saudoso mestre de Direito Romano Evandro Baltazar de Silveira. Franzino, sempre de colete e olhar vulpino (dicionário, dicionário), o mestre não perdoava.

     – Traduza aí quousque tandem, Catilina, patientia nostra – dizia ele ao entanguido vestibulando.

    – “Catilina, quanta paciência tens?” – retrucava o infeliz.

    Era o bastante para o mestre se levantar, pôr as mãos sobre o estômago, olhar para a plateia como quem pede solidariedade e dar uma carreirinha em direção à portada sala. 

    – Ai, minha barriga! – exclamava ele. – Deus, oh Deus, que fiz eu para ouvir tamanha asnice? Que pecados cometi, que ofensas Vos dirigi? Salvai essa alma de alimária. Senhor meu Pai!

    Pode-se imaginar o resto do exame. Um amigo meu, que por sinal passou, chegou a enfiar, sem sentir, as unhas nas palmas das mãos, quando o mestre sentiu duas dores de barriga seguidas, na sua prova oral. Comigo, a coisa foi um pouco melhor, eu falava um latinzinho e ele me deu seis, nota do mais alto coturno em seu elenco.

    O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo “dar um show”. Eu dei      de português e inglês. O de português até que foi moleza, em certo sentido. O professor José Lima, de pé e tomando um cafezinho, me dirigiu as seguintes palavras aladas:

    – Dou-lhe dez, se o senhor me disser qual é o sujeito da primeira oração do Hino Nacional!

    – As margens plácidas – respondi instantaneamente e o mestre quase deixa cair a xícara.

    – Por que não é indeterminado, “ouviram, etc.”?

    – Porque o “as” de “as margens plácidas” não é craseado. Quem ouviu foram as margens plácidas. É uma anástrofe, entre as muitas que existem no hino. “Nem tem quem te adora a própria morte”: sujeito “quem te adora”. Se pusermos na ordem direta...

    – Chega! – berrou ele. – Dez! Vá para a glória! A Bahia será sempre a Bahia!

    Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mi. Uma bela vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava-se o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante. Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “for” tanto podia ser do verbo “ser” quanto do verbo “ir”. Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.

    – Esse “for” aí, que verbo é esse?

    Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do circula, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.

    – Verbo for.

    – Verbo o quê?

    – Verbo for.

     – Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.

    – Eu fonho, tu fões, ele fõe – recitou ele, impávido. – Nós fomos, vós fondes, eles fõem.

    Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.


(João Ubaldo Ribeiro. O Globo. Em: 13/09/1998.)

“O maior público das provas orais era o que já tinha ouvido falar alguma coisa do candidato e vinha vê-lo ‘dar um show.” (9º§). A expressão em destaque, no texto, aparece entre aspas simples. A justificativa correta para tal uso está na afirmativa:
Alternativas
Q2497114 Português
Após a leitura da História em Quadrinhos – HQ, O melhor de Hagar, de Chris Browne, avalie as proposições que se apresentam na sequência.
Imagem associada para resolução da questão

Fonte: BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o Horrível. Porto Alegre: L&PM, 2011, v. 4.

I- A palavra bastantes, no 2° quadrinho da HQ, está flexionado no plural por uma regra gramatical exclusivamente da concordância verbal.
II- O vocábulo bastantes, no 2° quadrinho da HQ, está flexionado, porque semanticamente possui valor quantitativo.
III- Bastantes, no 2° quadrinho da HQ, deve ser flexionado, haja vista ter valor de modificador.

Acerca do uso da concordância – bastantes - assinale a alternativa CORRETA.
Alternativas
Q2497112 Português

Leia o texto 3 e responda às questão.



Eu sei que vou te amar 

Vinícius de Moraes


Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta tua ausência me causou

Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
À espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vi


Fonte: MORAES, Vinícius. Eu sei que vou te Amar. In.: Todo Amor. (Org.) Eucanaã Ferraz. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 17. 
A respeito da estrutura sintática dos versos “Eu sei que vou te amar /Eu sei que vou chorar/ Eu sei que vou sofrer”, analise as proposições a seguir:

I- Os versos são formados por duas orações subordinadas ligadas pela conjunção “que”.
II- Os versos são classificados como períodos compostos por subordinação.
III- Os versos não são compostos, sintaticamente, por oração principal, mas por apenas orações coordenadas.
IV- Os versos são construídos, linguisticamente, apenas por orações subordinadas adverbiais causais.

É CORRETO o que se afirma apenas em:
Alternativas
Q2497105 Português
Leia com atenção o texto a seguir para responder à questão.

Texto 1

Tentação 

       Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
       Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
       Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
       Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
       A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
       Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
       Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
       Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
       No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
       Mas ambos eram comprometidos.
       Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
       A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.
       Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Fonte: (LISPECTOR, Clarice. Tentação. In Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 46-48.) 
Quanto ao fragmento: “E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne”. O termo em destaque estabelece, no texto, a relação sintático-semântica de uma oração:
Alternativas
Q2497061 Português
Leia o texto abaixo para responder à questão:


O Sentinela 


Por Andréa de Nicola

O vermelho se espalha
Por toda a paisagem
Estrondos de canhões ardem
O ser vivente açoita.

E faz surgir o abismo
Limo no que foi formosura
Gritos, sufocos, gemidos
Choro na bela Alexandria.  

E veloz tal qual um Pégaso 
Um pássaro reluzente sobrevoa
Cortando o solo e o espaço
Nas fendas abertas da Pátria.

Bravos fardados tombam 
Em suas medalhas, ouro e prata
Em seus túmulos, mármore e bronze
Em seus corpos, nada. 

Tristes memórias, um clarim toca
Num grande silêncio seus espíritos habitam
Nos alvos braços celestiais dormem
Velando está um sentinela.

Fonte: Nicola, Andréa. O sentinela. In: ALMEIDA, Heriberto Coelho De (org.). Antologia Contemporânea da Poesia Paraibana. Paraíba: O Sebo Cultural, 1995. 
Diante da semântica imagética que o poema de Andréa de Nicola sugere, a partir da representação poética de um cenário de guerra, o que o vermelho simboliza?
Alternativas
Q2497038 Português
Leia o texto a seguir para responder as questão

Texto 05 

Público gamer cresce e 3 em cada 4 brasileiros consomem jogos eletrônicos 


Pesquisa Game Brasil revelou que as mulheres representam a maioria dos jogadores no país; população brasileira nunca teve tantos gamers


O número de brasileiros que se divertem através dos jogos eletrônicos continua crescendo e, neste ano, o país atingiu a marca de 74,5% de sua população que diz jogar games. Isso significa que três em cada quatro pessoas no Brasil usam celulares, videogames ou computadores para jogar. 
Este é o maior número já registrado em território nacional, e representa um aumento de dois pontos percentuais em relação ao ano passado. Já dentro do público gamer, a maioria dos usuários é composta por mulheres, que representam 51% dos jogadores. 
Os números são do nono levantamento anual realizado pela Pesquisa Game Brasil (PGB), desenvolvida pelo Sioux Group e Go Gamers em parceria com Blend New Research e ESPM. Em 2022, o estudo ouviu 13.051 pessoas em 26 estados e no Distrito Federal entre os dias 11 de fevereiro e 7 de março.


Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/publico-gamer-cresce-e-3-em-cada-4-brasileiros-consomem-jogos-eletronicos/ (adaptado) - Acesso em agosto de 2022.
Assinale a alternativa CORRETA que indica qual o maior público gamer no Brasil. 
Alternativas
Q2497036 Português
Leia o texto abaixo e responda a questão.

Texto 04 
Pinóquio


       Era uma vez um homem chamado Gepeto que fazia lindos bonecos de madeira. Vivia sozinho e o seu sonho era ter um filho com quem partilhar todo o seu amor e carinho.       
       Um dia, Gepeto fez um pequeno rapaz de madeira. Quando terminou, Gepeto suspirou: “Quem me dera que este rapazinho de madeira fosse real e pudesse viver aqui comigo…”.
       De repente, aconteceu! O pequeno rapaz de madeira ganhou vida!
       Gepeto gritou de alegria e, entre gargalhadas de felicidade, disse: “Sejas bem-vindo! Vou te chamar Pinóquio”.
       Gepeto ajudou Pinóquio a vestir-se, deu-lhe alguns livros, um beijo na face e mandou-o para a escola, para aprender a ler e escrever. Mas avisou-o: “Assim que a escola terminar, vem para casa, Pinóquio”. Pinóquio respondeu que sim e, alegremente, foi caminhando em direção à escola.
       Pelo caminho, Pinóquio reparou que na praça havia um espetáculo de marionetas. Juntou-se a elas e, dançou tão bem, que o dono das marionetas lhe ofereceu cinco moedas de ouro. Pinóquio estava maravilhado e só pensava como Gepeto iria ficar feliz quando lhe entregasse as moedas.
       Já perto da escola, Pinóquio encontrou dois homens maus. Como era muito inocente, os dois homens convenceram Pinóquio a ir com eles até uma hospedaria para comerem e depois dormirem. Depois de comer, Pinóquio ficou sonolento e adormeceu facilmente. Sonhou que era rico e que ele e seu pai Gepeto viviam agora sem dificuldades e eram muito felizes.
       Quando acordou, esses homens convenceram Pinóquio a enterrar as suas moedas de ouro num sítio que eles conheciam e disseram-lhe: “As moedas aqui enterradas serão transformadas numa árvore de dinheiro e nunca mais o teu pai, que já está velho e cansado, precisará trabalhar!”.
       Pinóquio assim fez e ficou à espera de que as moedas de ouro se transformassem numa árvore de dinheiro. Esperou muito tempo até que, cansado, adormeceu. Os homens maus apareceram e levaram as moedas de ouro, enquanto Pinóquio dormia.
       Quando acordou, Pinóquio viu que lhe tinham levado as moedas e chorou. Não queria voltar para casa com medo de que Gepeto ficasse zangado e triste com ele.


Fonte: https://www.historiaparadormir.com.br/pinoquio/ (trecho adaptado) - Acesso em agosto de 2022. 
O texto apresenta uma coletânea de palavras e de expressões que podem parecer difíceis, a exemplo de marionetas, definidas como bonecos manipulados com cordas. Dessa maneira, a partir do contexto do texto, as palavras “hospedaria” e “zangado” significam: 
Alternativas
Q2497034 Português
Leia o texto abaixo e responda a questão.

Texto 03 

Sabia que alguns medicamentos têm origem em seres que habitam o oceano?

A chamada citarabina foi o primeiro fármaco a ser desenvolvido a partir de uma substância obtida de uma esponja que vive no mar do caribe (Tectitethya crypta). Ela vem sendo utilizada para tratar leucemia (câncer nas células do sangue), principalmente em crianças, desde a década de 1970, e já salvou muitas vidas!

Hoje, já existem mais de uma dezena de medicamentos para tratar o câncer desenvolvidos a partir do ambiente marinho. Muitos deles são totalmente inovadores e podem ser usados para pacientes que já não respondem bem aos remédios tradicionais.

Apesar da imensidão da costa brasileira, ainda não temos nenhum medicamento marinho desenvolvido em nosso país. Imaginem o tesouro escondido no fundo do mar, entre as milhares de espécies que só aparecem por aqui! É por isso que o Brasil precisa de investimentos na ciência e na tecnologia, para trazer mais qualidade de vida para as pessoas do nosso país – e tudo isso, é claro, precisa ser feito com o uso sustentável e a conservação dos recursos marinhos!

Fonte: http://chc.org.br/artigo/farmacia-marinha/ (adaptado) – Acesso em agosto de 2022.
Considerando o texto a substância “citarabina” está sendo utilizada para o tratamento de uma doença. Assinale a alternativa que corresponde a esta doença.
Alternativas
Q2497033 Português
Leia o texto abaixo e responda a questão.

Texto 03 

Sabia que alguns medicamentos têm origem em seres que habitam o oceano?

A chamada citarabina foi o primeiro fármaco a ser desenvolvido a partir de uma substância obtida de uma esponja que vive no mar do caribe (Tectitethya crypta). Ela vem sendo utilizada para tratar leucemia (câncer nas células do sangue), principalmente em crianças, desde a década de 1970, e já salvou muitas vidas!

Hoje, já existem mais de uma dezena de medicamentos para tratar o câncer desenvolvidos a partir do ambiente marinho. Muitos deles são totalmente inovadores e podem ser usados para pacientes que já não respondem bem aos remédios tradicionais.

Apesar da imensidão da costa brasileira, ainda não temos nenhum medicamento marinho desenvolvido em nosso país. Imaginem o tesouro escondido no fundo do mar, entre as milhares de espécies que só aparecem por aqui! É por isso que o Brasil precisa de investimentos na ciência e na tecnologia, para trazer mais qualidade de vida para as pessoas do nosso país – e tudo isso, é claro, precisa ser feito com o uso sustentável e a conservação dos recursos marinhos!

Fonte: http://chc.org.br/artigo/farmacia-marinha/ (adaptado) – Acesso em agosto de 2022.
O texto trata de um tema bastante importante para nossa sociedade. Podemos considerar que este tema é: 
Alternativas
Q2497029 Português

Leia o texto abaixo e responda a questão


Texto 01


O iglu


Maria Dörrenberg (autora)


       Estava tudo escuro. As pessoas dormiam. Só aquele monótono barulho do motor do avião tinha vida. Eu me cansei de jogar videogame e o pus na mesinha na minha frente.

       Eles moram em iglus, como o do museu no parque da minha cidade, ou dos desenhos da TV, das histórias de Natal. Vou morar em um iglu cercado de neve.

       Da janela vi as nuvens e a lua.

       É um lugar branco e gelado, sem árvore nem nada. Só água, gelo e céu. É frio e quieto lá e iglus são muito pequenos. Não vou ter um quarto, nem vai caber brinquedos. Tudo cheio de gelo e céu. Não vou andar de bicicleta. Vai ser legal?

       Eu estava meio triste. Olhei para mãe, mas ela dormia também.

       Ah! Mas vou pescar um peixão, o maior que tiver. Patinar e descer montanha e deslizar na neve. Vai ser cool!

       Aí mãe soltou um bocejo.

       Mãe, eles moram em iglus?

       Ela riu.

       Não, querido, eles moram em casas normais. Iglus estão no Alasca, no Ártico. Não vamos para lá.

       Pena! Eu já gostava da ideia de morar em um iglu.

       E então as casas foram aparecendo na janela e não eram iglus e o avião corria e eu não conseguia ver as casas direito e passava floresta e aparecia bosque e estação e vinha vilarejo e eu tentava olhar as casas e não conseguia e fiquei cansado desse filme maluco e desisti de olhar as casas.

       Fui morar num apartamento na cidade, que não era uma casa, mas era grande e eu tinha um quarto e não era iglu, nem tinha neve. Pena!


Fonte: https://revistavessa.com/edicoes/2014/out-nov/avessa_out-nov.pdf (trecho adaptado) - Acesso em agosto de 2022. 

Observe o trecho do texto:
“É um lugar branco e gelado, sem árvore nem nada. Só água, gelo e céu.”

O trecho está descrevendo características de um lugar. Assinale a alternativa CORRETA. 
Alternativas
Q2497028 Português

Leia o texto abaixo e responda a questão


Texto 01


O iglu


Maria Dörrenberg (autora)


       Estava tudo escuro. As pessoas dormiam. Só aquele monótono barulho do motor do avião tinha vida. Eu me cansei de jogar videogame e o pus na mesinha na minha frente.

       Eles moram em iglus, como o do museu no parque da minha cidade, ou dos desenhos da TV, das histórias de Natal. Vou morar em um iglu cercado de neve.

       Da janela vi as nuvens e a lua.

       É um lugar branco e gelado, sem árvore nem nada. Só água, gelo e céu. É frio e quieto lá e iglus são muito pequenos. Não vou ter um quarto, nem vai caber brinquedos. Tudo cheio de gelo e céu. Não vou andar de bicicleta. Vai ser legal?

       Eu estava meio triste. Olhei para mãe, mas ela dormia também.

       Ah! Mas vou pescar um peixão, o maior que tiver. Patinar e descer montanha e deslizar na neve. Vai ser cool!

       Aí mãe soltou um bocejo.

       Mãe, eles moram em iglus?

       Ela riu.

       Não, querido, eles moram em casas normais. Iglus estão no Alasca, no Ártico. Não vamos para lá.

       Pena! Eu já gostava da ideia de morar em um iglu.

       E então as casas foram aparecendo na janela e não eram iglus e o avião corria e eu não conseguia ver as casas direito e passava floresta e aparecia bosque e estação e vinha vilarejo e eu tentava olhar as casas e não conseguia e fiquei cansado desse filme maluco e desisti de olhar as casas.

       Fui morar num apartamento na cidade, que não era uma casa, mas era grande e eu tinha um quarto e não era iglu, nem tinha neve. Pena!


Fonte: https://revistavessa.com/edicoes/2014/out-nov/avessa_out-nov.pdf (trecho adaptado) - Acesso em agosto de 2022. 

O texto “O iglu” é um conto que narra a história de uma criança que estava tendo ideias sobre sua nova casa. Ao saber que sua casa não seria um iglu, a criança ficou: 
Alternativas
Q2497027 Português

Leia o texto abaixo e responda a questão


Texto 01


O iglu


Maria Dörrenberg (autora)


       Estava tudo escuro. As pessoas dormiam. Só aquele monótono barulho do motor do avião tinha vida. Eu me cansei de jogar videogame e o pus na mesinha na minha frente.

       Eles moram em iglus, como o do museu no parque da minha cidade, ou dos desenhos da TV, das histórias de Natal. Vou morar em um iglu cercado de neve.

       Da janela vi as nuvens e a lua.

       É um lugar branco e gelado, sem árvore nem nada. Só água, gelo e céu. É frio e quieto lá e iglus são muito pequenos. Não vou ter um quarto, nem vai caber brinquedos. Tudo cheio de gelo e céu. Não vou andar de bicicleta. Vai ser legal?

       Eu estava meio triste. Olhei para mãe, mas ela dormia também.

       Ah! Mas vou pescar um peixão, o maior que tiver. Patinar e descer montanha e deslizar na neve. Vai ser cool!

       Aí mãe soltou um bocejo.

       Mãe, eles moram em iglus?

       Ela riu.

       Não, querido, eles moram em casas normais. Iglus estão no Alasca, no Ártico. Não vamos para lá.

       Pena! Eu já gostava da ideia de morar em um iglu.

       E então as casas foram aparecendo na janela e não eram iglus e o avião corria e eu não conseguia ver as casas direito e passava floresta e aparecia bosque e estação e vinha vilarejo e eu tentava olhar as casas e não conseguia e fiquei cansado desse filme maluco e desisti de olhar as casas.

       Fui morar num apartamento na cidade, que não era uma casa, mas era grande e eu tinha um quarto e não era iglu, nem tinha neve. Pena!


Fonte: https://revistavessa.com/edicoes/2014/out-nov/avessa_out-nov.pdf (trecho adaptado) - Acesso em agosto de 2022. 

Apartir da leitura e compreensão do texto “O iglu”, assinale a alternativa que exemplifica o narrador em 1ª pessoa:
Alternativas
Respostas
3461: B
3462: D
3463: A
3464: C
3465: C
3466: A
3467: C
3468: C
3469: C
3470: D
3471: D
3472: E
3473: D
3474: B
3475: D
3476: B
3477: C
3478: A
3479: C
3480: E