INSTRUÇÃO: A questão diz respeito ao texto 2. Leia-o atentamente para respondê-la.
Texto 2
O homem, ser eminentemente social, precisa do convívio do seu semelhante, por intermédio da
conversa. Com ela, nela, por ela, se alivia de muitos pesos que o esmagam; se descongestiona de
muitas alegrias que não pode guardar apenas para si; se anima para cometimentos que, sem o aplauso
alheio, nunca realizaria. O homem gosta de se comunicar: oralmente, se for possível; por escrito, na
impossibilidade de o de fazer viva voz. E daí os milhões de jornais que circulam no mundo e os milhões
de livros que andam nas mãos dos leitores curiosos de se informarem do que o seu próximo tem a
exprimir, ainda que nem toda palavra escrita seja verdadeira.
O bom conversador não faz apenas crepitar o espírito, a sólida cultura, a exata descrição e a
narração do que viu. Conversa simultaneamente com a inteligência e com o corpo - particularmente com
a fisionomia, por meio da viva expressão do olhar. Nele, além disso, a voz tem timbres comunicativos,
e os gestos ganham vida eloquente.
Não há uma conversa: há conversas. Cada interlocutor exige que lhe falemos de especial maneira,
versando assuntos que o interessam, e numa linguagem que lhe seja perfeitamente acessível. [...]
Devemos colocar o nosso interlocutor no seu lugar, no seu meio, no seu tempo, no mundo de seus
interesses materiais e sentimentais. Só dessa maneira evitaremos que ele nos boceje escandalosamente
nas barbas.
MALPIQUE, Cruz. A arte de conversar: um pouco de sua filosofia. Porto: Editora Educação Nacional, 1950.
p. 15 -16. [Adaptado].