INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Jacinda Ardern, a mãe trabalhadora, “influencer”’ e
primeira-ministra da Nova Zelândia
Ela é a grande favorita para as próximas eleições do
país por sua gestão eficaz da pandemia de Covid-19 e
por seu carisma nas redes sociais, onde é capaz de rir
de si mesma.
Quando sua filha Neve fez dois anos, em junho, Jacinda
Ardern assou um bolo em forma de piano que foi
muito mais difícil de preparar do que ela esperava.
A primeira-ministra da Nova Zelândia publicou
uma selfie ao lado de sua criação em sua conta no
Instagram, com o seguinte comentário: “Tem uma
lata de lentilhas escorando esta coisa por trás. Feliz
aniversário, Neve! Obrigada por ignorar todas as
imperfeições da vida e ser uma alegria”. Desde que
assumiu o cargo, em 2017, Ardern tem compartilhado
com os neozelandeses os momentos marcantes e as
dificuldades de combinar o poder com a maternidade,
e já agradeceu várias vezes em público o trabalho
feito por seu companheiro, o jornalista Clarke Gayford,
que é o principal cuidador de Neve. Em uma entrevista
à imprensa local, Gayford confessou que a chegada
da Covid-19 foi um desafio para a família, com dias em
que Ardern chegava em casa após a meia-noite para
depois se levantar às cinco da manhã.
A capacidade de mostrar seu lado mais humano é
um dos atributos por trás da alta popularidade da
primeira-ministra, com a qual o Partido Trabalhista
espera ganhar as eleições de 17 de outubro.Adeputada
Priyanca Radhakrishnan explica ao EL PAÍS por que
acredita que sua chefa desperta tanta admiração:
“Já tivemos três primeiras-ministras na Nova Zelândia,
mas Jacinda faz política de forma diferente. Ela não
ataca o adversário, ela joga limpo e combina empatia
com força. As pessoas se concentram em sua bondade
porque é o aspecto novo, mas ela também é uma líder
que toma decisões com garra”.
Jacinda Ardern não tem problemas em mostrar suas
fraquezas tanto no âmbito pessoal como no político.
Quando o coronavírus voltou à Nova Zelândia em
meados de agosto, a primeira-ministra confessou ter
ficado “abatida”, depois de celebrar mais de 100 dias
sem nenhum caso de Covid-19. Ela disse à imprensa
que se sentiu melhor depois de falar por telefone
com a chanceler (chefa de Governo) alemã, Angela
Merkel. Apesar de terem ideologias políticas distintas,
as duas líderes têm uma relação calorosa — tanto que,
quando um jornalista perguntou “que líder mundial
visitaria primeiro”, Ardern respondeu: “Acho que não
vou surpreendê-lo, é Merkel”.
O governo neozelandês foi reconhecido
internacionalmente por sua estratégia de contenção
da pandemia, que causou apenas 25 mortes em um
país de quase cinco milhões de habitantes. A deputada
Radhakrishnan explica como a primeira-ministra
coloca a vida dos neozelandeses acima de qualquer
outra consideração. “Não é fácil confinar uma cidade,
uma região ou um país porque o impacto econômico
é significativo, todos nós sabemos disso, mas, para nós, escolher entre as pessoas e a economia
é uma dicotomia falsa, porque se você perde as
pessoas, perde a economia”, afirma a deputada.
A região de Auckland, a mais populosa do país,
continua em nível de alerta elevado pela Covid-19,
com os eventos públicos da campanha eleitoral
cancelados até novo aviso. É por isso que as redes
sociais se transformaram em campo de batalha para
os líderes políticos. Jacinda Ardern aparece quase
diariamente em suas contas no Facebook e no Instagram,
e combina postagens formais, nas quais promove
suas promessas eleitorais, com conexões muito mais
informais, a partir de sua casa e vestida com um
moletom, com introduções como esta: “Saudações a
todos. Estou diante de uma parede vazia porque é o
único lugar da minha casa que não está desarrumado”.
A conta de Ardern no Facebook tem 1,7 milhão
de seguidores, enquanto a de sua rival, a líder da
oposição Judith Collins, tem 58.000. Ardern e seu
companheiro não publicam fotos de sua filha, mas
compartilham muitos detalhes de sua vida privada,
como quando ele teve de pintar o cabelo dela (durante
o confinamento), ou seu fracasso quando tentaram
desfraldar a menina muito cedo. A líder trabalhista virou
sensação na internet graças à sua naturalidade diante
da câmera, sua simpatia e sua capacidade de rir de si
mesma, a tal ponto que os veículos de comunicação
a chamam de “maior influencer política do país” e
“primeira-ministra do Facebook”.
Embora sirva de inspiração para mulheres
na Nova Zelândia e no resto do mundo,
a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu
desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora.
Quando uma menina se aproximou dela durante um
evento de campanha, agarrando com as duas mãos
um conto ilustrado sobre sua vida, Ardern parou por
alguns minutos para conversar com ela e escreveu
esta dedicatória no livro: “As garotas podem fazer
qualquer coisa”.
Disponível em: https://bityli.com/KYmNL.
Acesso em: 21 set. 2020. (Fragmento adaptado)