Há relativamente pouco tempo, na década de 1960,
as vidas humanas não eram um objeto de estudo muito
comum, principalmente em seu contexto social e histórico, e
os pesquisadores não relacionavam o desenvolvimento
infantil com o que acontece depois da infância. Os estudos
do ciclo vital mudaram tudo isso.
A presente consciência da necessidade de observar a
trajetória de vida em seu contexto social e histórico deve-se,
em parte, a Glen H. Elder Jr. Em 1962, Elder chegou ao
campus da Universidade da Califórnia para trabalhar no
Estudo de Crescimento de Oakland, uma abordagem
longitudinal do desenvolvimento social e emocional de 167
jovens urbanos nascidos em torno de 1920, sendo
aproximadamente a metade deles de classe média. O estudo
tinha começado no início da Grande Depressão dos anos de
1930, quando os jovens, que haviam passado suas infâncias
no boom dos formidáveis anos de 1929, estavam entrando
na adolescência.
Comparando os dados sobre os dois grupos de
participantes — os de famílias fortemente atingidas e
aqueles cujas famílias sofreram relativamente poucas
privações após o colapso da economia — Elder observou
como as mudanças na sociedade podem alterar os processos
familiares e, por meio deles, o desenvolvimento das
crianças. Ao mudar a vida dos pais, a pressão econômica
mudou também a vida dos filhos. As famílias afetadas
(aquelas que perderam mais do que 35% de sua renda)
redistribuíram as funções econômicas.
As mães foram em busca de empregos fora de casa.
As moças assumiram diversas tarefas de casa, e muitos
rapazes foram procurar empregos de turno parcial.
As mães
assumiram maior autoridade parental. Os pais, preocupados
com a perda do emprego e ansiosos com a perda de status
dentro da família, às vezes bebiam muito. As discussões
entre os pais aumentaram de frequência. Os filhos
adolescentes, por sua vez, tendiam a mostrar dificuldades de
desenvolvimento. Isso não ocorria tanto nos jovens cujos
pais eram capazes de controlar suas emoções e suportar a
tormenta econômica com menos discórdia familiar.
Desenvolvimento humano. Diane E. Papalia.