Questões de Concurso Sobre português para eletricista
Foram encontradas 926 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
Varanda gourmet
Raimundo Sodré
De vez em quando a gente vê nos comerciais, empreendimentos anunciando a tal da varanda gourmet. Esta é uma sacada (permitam-me o trocadilho) da indústria imobiliária para sanar um problema antigo, uma velha dor de cabeça que atormentava os moradores de condomínios verticais; a incerteza de um lugar para o churrasquinho de domingo.
Pode até ser que a invenção tenha vindo de um dos nossos gênios na concepção do ambiente. Mas minha amiga Cristal Tobias, que é ambientalista defensora das areias de Algodoal e uma alma simpaticíssima, tem uma versão para a origem das atuais varandas fumegantes .
Ela nos conta que tinha uma amiga que esquentava muito a moringa toda vez que ia fazer uma programação na área de lazer dos conjuntos em que morava. Nunca conseguia uma vaga. Mudava de condomínio, recebia promessas de mil maravilhas, mas quando a coisa cambava para o salão de festas, era a mesma explicação enfastiada. E ela, sem agenda, sem esperança, sem saco. Passou, passou e aquela reunião com churrasquinho, aquele aniversário com língua de sogra, sempre eram desviados para a casa da própria sogra. Era ralado!
Até que um dia compraram um apartamento com sacada. Saíram do aluguel. Não podiam mudar mais. Era um investimento alto. As soluções teriam que vir dali. Na primeira investida: Lista. Tinham que entrar na lista de espera. Foi aí, que ela teve uma ideia.
Deu um rolé pelos empórios do Ver-o-Peso, juntou três ou quatro peças, chamou um cunhado que entende dessas coisas e montou uma churrasqueira num cantinho da sacada. Decidiu: não ia mais se submeter às listonas de espera. A satisfação daquele desejo atávico, incontrolável e já quase doentio, haveria de ser ali mesmo naquela quina.
Tudo pronto para a redenção, para a libertação total daqueles constrangimentos. Chamou a mãe, a sogra (era a forra), pôs as latinhas pra gelar, salgou a carne, cortou umas calabresinhas pros meninos, umas asinhas de frango pro maridão, arrumou a mesinha com toalha nova. As coisas, "tudinho", no jeito. Só que apareceu o desmancha prazer do cunhado com a má notícia. Iriam ter problemas com a fumaça. O vizinho do andar de cima com certeza não iria gostar daquela fumaça empestando a sala dele. Ela quase que tem um piripaque. Mas mulher, a gente sabe, não desiste fácil ("as soluções teriam que vir dali"). Não contou conversa. Dois minutos depois, estava na porta do vizinho convidando toda a turma ali de cima para uma reuniãozinha de congraçamento, um momento de descontração. Sim, poderiam levar os meninos, a empregada, o cunhado. Todos estavam convidados.Se isso lhe garantia o churrasco, a quantidade de pessoas, não era problema... Desceu e acendeu o fogo. Não sabe explicar a felicidade daquele momento. Casa cheia, carne ardendo, marido chupando ossinhos de frango, molecada tuitando e melecando as teclas do computador com as mãos engorduradas. Emoção e êxtase. Vizinho porre dormindo no sofá.
A confraternização virou rotina. Domingo, feriado... salgava acarne, cortava a calabresinha, as asinhas... apertava a campainha e convidava o vizinho de cima...
E a invencionice ganhou simpatizantes. O vizinho de baixo montou também uma churrasqueira no cantinho. E, nesse caso, ela e toda a tropa eram os convidados.
Assim, oficiosamente, sem desenho ou maquete, foi concebida a ideia da varanda gourmet. Hoje, há refinamento e glamour entre a “sala e o espaço externo do apartamento”. Mas isso, acontece nos prédios novos. Naquele, continua o congraçamento, a confraternização vertical, vizinho no sofá... Isso foi Cristal que me contou lá, nos ermos de Algodoal.
Fonte: Blog do Raimundo Sodré.
Em: “Ela nos conta que tinha uma amiga [...]”, o pronome pessoal do caso reto faz relação com:
1º Só quem é ou foi automóvel pode imaginar o meu desespero, depois daquela batida brutal e do ajuntamento de povo ao meu redor. Alguém chegou e reconheceu o motorista. 2º — E o Genésio, aquele doido! 3º Que era doido eu sabia. Nunca respeitava os sinais, guiava sempre em alta velocidade, parecia estar sempre numa pista de corrida, como se não desse a menor importância à vida alheia. Que ele desafiasse a morte a todo momento, o problema era dele. Todo cidadão pode ser burro à vontade. E direito de quem nasceu não para viver em garagem, mas em estrebaria. Mas ninguém tem o direito de jogar com a vida alheia, cortando fininhos, apavorando os pedestres, tendo gosto em ver o povo da gente a fugir. E muito menos de maltratar um carro como ele fazia. Genésio nunca se preocupou comigo. Era incapaz de supor que eu também era gente. Não lhe passava pela cabeça que havia dois ou três meses que eu vivia de coração aos saltos (Fusca tem coração, tem alma, sentimento...). 4º O mais triste, porém, daquele montão de ferros retorcidos em que eu fora transformado pela estupidez do meu senhor, é que toda gente só pensava nas vítimas humanas: em Genésio e Cidinha. 5º — Será que eles escapam? 6º Em mim ninguém pensava. Não ouvi uma palavra de simpatia. Ninguém parecia ter pena de mim. Nem mesmo os outros carros. Eu olhava agoniado para os colegas. Passou um Fusca novinho que, nem por ser parente, mostrou a menor _______________.Passavam carros e mais carros ________________para abrir caminho. Nem sequer me olhavam. Todo mundo parecia achar natural que eu me ________________daquele modo contra um poste estúpido, que aliás não tinha culpa nenhuma no desastre — e que aguentou como um herói o duro choque. 7º Aliás, se não fosse aquele poste, se ele não houvesse resistido como um bravo ao nosso impacto (íamos a mais de 120!), teríamos apanhado três crianças que brincavam na calçada. E imaginem só o remorso do papai, com aquele peso na consciência... Morrer é duro. Acabar no ferro velho é o mais triste fim de um automóvel, seja Impala, Opala ou Fusca. Eu tenho conversado com muito carro, nesta minha vida atribulada. Fui amigo (e sou) de muito carro de classe, de muito VW, de muito ônibus, até de muito caminhão. Eu sei o que eles pensam, o terror que sentem quando vêem povo pela frente, criança ou grandalhão, facilitado. Sei de muita conversa em escuro de garagem, lembrando as agonias do trânsito. E sei como alguns sofrem, recordando o mal que involuntariamente praticaram, As vezes por imprudência dos pedestres, muitas vezes pela inconsciência dos motoristas. 8º Enquanto nós dependermos do homem (ou da mulher) para cumprir a nossa missão no trânsito, não haverá carro feliz neste mundo. LESSA, Orígenes Memórias de um Fusca. 6. ed. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1972, p. 13-16.
No terceiro parágrafo, os parênteses foram empregados para:
(Disponível em: https://www.contioutra.com/se-voce-ama-sofre-senao-ama-adoece/. Texto adaptado especialmente para esta prova. Acesso em: 11/07/2019.)
Classifique as palavras transcritas do texto, relacionando adequadamente as colunas a seguir.
1. Advérbio de intensidade. 2. Adjetivo derivado. 3. Adjetivo primitivo. 4. Advérbio de modo.
( ) Demais. ( ) Pior. ( ) Assim. ( ) Abusivas.
A sequência está correta em